Blog Joint: por hoje, só perguntas

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Sobre a questão do crioulo e da sua oficialização, urge perguntar: estão os nossos linguistas a fazer um bom trabalho? Se sim, o que está a falhar na socialização da proposta? Sabendo que a questão da oficialização, hoje, está intimamente relacionada com a padronização da escrita do crioulo, porque é que se escreve tão pouco na língua materna? Porque é que nos jornais e nos blogues cabo-verdianos mais de 90% dos textos são escritos em português? Porque é que a maioria esmagadora da nossa ficção e poesia, os romances, contos, cónicas, não é escrita e publicada em crioulo? Referir que os jovens comunicam nos chat's em crioulo é suficiente para esconder esta realidade? O que falta fazer para socializar a escrita da língua materna? Estão os nossos políticos a fazer um bom trabalho? Se o crioulo não é uma questão que divide os cabo-verdianos, então porquê que os ânimos se exaltam de cada vez que o assunto vem à baila? 

Sobre estas questões, por hoje, só tenho perguntas a fazer. E é tudo.







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13 comentários:

Anónimo disse...

devemos começar a utilizar uma camisa dizendo ... "eu sou Bilingue! Orgulho-me"

Redy Wilson Lima disse...

Oi João,
Sei que temos perspectivas completamente diferentes nesse domínio, mas o desenvolvimento de qualquer coisa dá-se, também, com divergências, caso contrário seria uma ditadura. Há alguns linguistas berdianos e estrangeiros debruçados sobre a problemática da língua cabo-verdiana. O problema é que muitos estudos não têm tido muita divulgação pela nossa comunicação social, que tem preocupado só com coisas políticas ou politiquices e por outro lado, alguns estudos ainda se encontram em desenvolvimento ou em fase de conclusão.
Se hoje se escreve tão pouco em crioulo (embora discordo desta afirmação) deve-se ao facto da nossa língua oficial ser o português e ser a única ensinada (mal) nas nossas escolas. Digo o mesmo da ficção, da poesia, dos romances, contos, crónicas e outros.
Discordo quando dizes que a oficialização está intimamente relacionada com a padronização da escrita do crioulo. Isto, na verdade é uma das inverdades que se quer fazer passar e fico preocupado quando tu, um esclarecido, dizes uma coisa destas. Todos os que se interessam por esta temática sabem, ou deveriam saber que sendo verdade que num futuro não muito próximo poderá dar a padronização do crioulo escrito, como aconteceu com as outras línguas mundiais (quer ela seja oficializada ou não - porque as línguas também se transformam), ou então poderemos vir a ter duas línguas maternas escritas (por influência do ALUPEC), uma com predomínio da variante badio e outra com prodomínio da variante soncent, embora Veiga defende, e bem, que caso isso venha a acontecer não será uma calamidade cultural. A nível da oralidade continuemos tal e qual estamos hoje. Cada ilha falará a sua variante sem qualquer problema.
O facto dos jovens comunicarem em chats na net ou no móvel apenas em crioulo não é suficiente para esconder que se escreve muito em português, mas a nível das ciências sociais é um indicador importante a ter em conta. No dia-a-dia, de Santo Antão a Brava, expressa-se quase sempre apenas em crioulo, e quanto a mim isto é um também indicador importantíssimo. Esconder isso é terrorismo cultural. Porque razão o João introduziu em algumas peças teatrais a língua materna? Não será também um indicador da importância de uma das nossas línguas?
Se é verdade que existe uma exaltação de ânimos cada vez que se fale do crioulo, também é verdade que existe um grupo que contribui para isso quando lança alguns argumentos falsos, de forma consciente ou não, como se fossemos todos uns tolos.

Pa konklui in ta dexa nhô ku um fika dretu i un disejo ma kel discuson li ta kontinua di firma pasifiku e konstrutivu, embora nu sabi ma konsensu nem sempri e fasil e txeu bês emossm e mâs forti ki razon.

Tchale Figueira disse...

Ou: Eu escrevo caca com K porque assim cheira más máfe!!!!!!

Unknown disse...

Redy, o teu comentário peca por vários equívocos. Vamos lá debater, então:

1. Quando dizes que " O problema é que muitos estudos não têm tido muita divulgação pela nossa comunicação social", estás a dar-me TODA a razão. O trabalho de socialização destes estudos é miserável.

2. O mais grave é que se legislou a partir de estudos que ainda são pouco ou nada conhecidos (pelo menos a julgar pelas TUAS próprias palavras). Não é isto grave? Não é isto a política do facto consumado?

3. A questão da oficialização do crioulo está, sim senhor, intimamente relacionada com a padronização da escrita do crioulo. Desculpa lá, padronização da escrita é o que está a ser aplicado e do meu ponto de vista, MUITO BEM!

4. Tu estás enganado a meu respeito. Já escrevi muito sobre este assunto e poderás ir dar uma vista de olhos. Talvez devesse ter escrito "padronização de regras de escrita", mas é precisamente a mesma coisa.

5. Como eu já disse várias vezes também, a língua cabo-verdiana "já é" oficial, porque se fala em todo o lado e em todas as circunstâncias. Nos lares, nas ruas, nas escolas, na Assembleia Nacional. A questão da sua "oficialização oficial", passo o pleonasmo, tem a ver com a escrita, não com a sua aplicação no dia-a-dia, que é presente, como sempre foi.

6. Quanto ao teatro, tens que procurar saber mais um bocadinho. A maioria das peças que fiz foram em crioulo, naturalmente. Porque o teatro é a arte da comunicação por excelência. E a afirmação do teatro nacional foi feita, como escrevi e defendi no livro Nação Teatro, tendo o crioulo como principal instrumento. Portanto, não é "às vezes", como se eu me preocupasse com o crioulo de vez em quando.

7. Finalmente, e aqui é o meu maior ponto de discórdia: NUNCA li ou ouvi ninguém que é contra o Alupec (o que é MUITO DIFERENTE DE SER CONTRA A OFICIALIZAÇÃO) chamar a quem como tu é a favor, de alienado, complexado, colonizado, ou utilizar expressões como a tua: "alguns iluminados talvez por quererem manter uma espécie de poder simbólico sobra a maioria analfabeta, utilizando argumentos fracos e carregados de inverdades."

8. Este é, pois, um debate desigual. Já várias pessoas esclareceram não ser contra a oficialização. Não acredito que haja UM SÓ cabo-verdiano contra a oficialização da sua própria língua. São contra ESTA oficialização, este processo demasiado pessoalizado e politizado (aqui estamos de acordo). Ser contra o ALUPEC, e nem é o meu caso, não é ser contra a língua cabo-verdiana. Por que raio tem que ser assim?!

9. Os defensores radicais do Alupec, como tu, querem-se fazer passar pelos grandes defensores da Nação e da cabo-verdianidade e passar um atestado anti-patriótico a todos os outros que não concordam com o que está em jogo. Por falta de informação ou por razões fundamentadas, tanto faz. Isso é que está mal. Dois pesos e duas medidas. Quem está a favor é patriota, quem não concorda é alienado e complexado.

10. Como pode o Tito Paris ser contra a oficialização do crioulo se ele só conta em crioulo? Ele está é muito mal informado, claro. Mas isso estão quase todos os cabo-verdianos! E de quem é a culpa?

11. E porque é que estamos todos muito mal informados? Não será porque, utilizando as tuas próprias palavras, há gente a "querer manter uma espécie de poder simbólico sobra a maioria analfabeta, utilizando argumentos fracos e carregados de inverdades alienando assim, os menos esclarecidos na matéria."?

12. Repara, eu acho, ao contrário de muitos, que o Alupec e as regras gramaticais inerentes podem ser um boa solução. PODEM. Ainda não sabemos. Não há estudos suficientes. Vamos avançar e depois logo se vê? Vamos, sim senhor. Eu nos chat's ou quando escrevo em crioulo tento aplicar as novas regras.

13. Agora, cuidado, porque quando escreves, como já escreveste, que o objectivo é que a escrita faça com que toda a gente escreva o "crioulo badio" (expressão tua) não estás a contribuir para a pacificação do debate. Antes pelo contrário.

Anónimo disse...

Pois , na verdade , estamos perante um tema complexo , a soceidade cabo-verdiana vive dessa dicotomia ,quiça , de esquezofrenia , por um lado somos muito orgulhosos em manter a nossa oralidade crioula e manter vivas as nossas tradicões orais , que diga-se de passagem muito rica , por outro lado , há ainda hoje, o complexo de aquele ou aquela que não saiba falar a língua de Camões é inculta ou incompetente independentemente de suas reais capacidades e formações , isso são exemplo lapidares na soceidade crioula cabo-verdiana . Porém , urge implementar o uso, isto é matrializar as novas vivências , sentimentos , emoções crioulas escritas sem fundamnetalismos e baseado no forte consenso nacional e no respeito pela diversidade na unidade que nos carateriza como únicos. sou de opinão que só seremos emancipados quando também conseguirmos ser capazes de massificar a escrita uniforme da língua cabo-verdiana ,afinal a língua é o cimento , é a face visível de emancipação e se quizermos o esteio , a âncora da própria soberania , salvo melhor opinião , cabo-verdianamente!!!
P.S: mais uma vez , congratulo esse blogue e seu dinamizador por trazer à discussão temas tão candentes e por vezes tabú na soceidade cao-verdiana , um bem haja!!

Redy Wilson Lima disse...

João, escrevi sim que se o problema da oficialização é um problema então porque não oficializar a que estruturalmente é actualmente o mais forte. Quem disse isso inicialmente foi um linguista do Fogo. O problema é muitos entenderam ou quiseram entender mal a minha afirmação, descontextualizando-a. Mesmo assim foi um grito de revolta radical (não confundir com bairrismos), mas às vezes há que ser radical como disse uma vez o ditador Chavez às vezes é necessário radicalizar (não é que estou sempre de acordo com ele).
Sim, dou-te razão qd dizes que não há socialização dos estudos feitos, mas esse problema está na comunicação social que não está muito interessada nesta temática, e também nos homens da política.
Os estudos não são poucos... há muitos estudos, o problema é que estão mal divulgados e outros tantos estão em fase de conclusão.
Sabes, se calhar melhor do que eu, que não se pode oficializar uma língua sem primeiro fazer um diagnóstico aprofundado da coisa. É o que falta para validar ou não a tese dos que são favoráveis à sua oficialização, como eu.
Quanto à padronização da escrita, dizes bem: está a ser aplicado no teu PONTO DE VISTA. Isto não quererá dizer que é de facto o que está a acontecer, mesmo porque corre-se o risco de haver duas línguas irmãs gémeas com algumas diferenças em CV. Mas tu tens direito às tuas opiniões e escrevê-las em todos os espaços que queiras.
Não me preocupo se estou ou não enganado a teu respeito, mesmo porque não te conheço pessoalmente e à coisas que são mais construtivas frente-a-frente, como tu também estás pouco preocupado se estás ou não enganado a meu respeito.
Se consideras que o crioulo é já oficial (prefiro oficiosa) porque é falada em todas as circunstâncias não achas, então, que se deve oficializá-la e ensiná-la nas escolas, por exemplo? Sei que defendes que deveria ser ensinada nas Universidades( ou coisa parecida), salvo erro, e pergunto: às crianças não? Não é uma forma de valorizar e facilitar a aprendizagem do português e do crioulo? Achas mesmo que os cabo-verdianos sabem escrever ou falar o crioulo? Não achas que isso é uma forma de lutar, também, contra a desigualdade social, visto que se está a dar maiores oportunidades aos jovens no sistema de ensino? Sabias que umas das grandes dificuldades que os nossos estudantes universitários (cá e nos países lusófonos) passam tem a ver com a não utilização correcta do português (o ensino baseia-se na língua portuguesa) e a sua interpretação, porque não sabem distingui-lo do crioulo e por isso, fazem muita confusão, o que os poderá prejudicar na aprendizagem?
Não achas, então, que o facto de escreveres teatro em crioulo não é devido ao facto de ela ser a nossa língua e por isso deverá ser oficializada e ensinada? Senão porque raio darias ao trabalho de escrevê-lo em crioulo? Não se deve preservar o que é nosso e isso passa pela sua oficialização? Achas que o facto de comunicares em crioulo no teatro é suficiente?
Alienado, colonizado, complexado são sim expressões minhas em contextos diferentes desse, e o facto de dizer que muitos estão contra a oficialização do crioulo por questões de manutenção do poder simbólico ou status é uma verdade socio-antropológica e não é só minha, mas sim de todos os que fazem análises sociais de forma neutra e despido de qualquer etnocentrismos e afins. Semedo e Brito disse-me uma vez e bem, que os blogs não são lugares de intelectualidades, embora sabemos que de vez em quanto mobilizamos conceitos para analisar e explicar algumas coisas que aqui são escritas.
Montrond, Marcianu, Veiga e muitos outros são defensores radicais do ALUPEC, eu não. Apenas acho que ela é necessária e já te vi utilizá-la muito bem no crioulo de soncent. Os que são contra tem esse direito e só os considero alienados e complexados quando vão buscar argumentos etnocêntricos para justificar o injustificável. Quando uso termos como iluminados, moralistas e afins, não estou, necessariamente, a falar de ti. Há milhares de cabo-verdianos aqui e na Diáspora, e uma centena de supostos esclarecidos que deveriam se libertar das emoções de vez em quanto, e mais grave, da preguiça intelectual.
Se tu és contra ou não do ALUPEC não me interessa e não vejo-te como um não patriota ou outra coisa qualquer se o fores. Supostamente somos todos livres de pensar, agir e escrever o que nos dá na cabeça.
O que acho mal, e não estou a referir-me a ti, é alguns iluminados (a expressão original nem é minha) contribuírem para a total desinformação e confusão do processo, o que leva algumas pessoas, públicas ou não, a dizer barbaridades como os que tenho ouvido nas últimas semanas.
Nunca disse que o Tito é contra a oficialização, mas sim que ele está muito mal informado e por isso em alguns momentos deveria ficar calado para não dizer as asneiras que disse (ou tentou dizer) na TCV. A culpa quanto a mim é das pessoas que querem manter uma espécie de poder simbólico sobra a maioria analfabeta, utilizando argumentos fracos e carregados de inverdades alienando assim, os menos esclarecidos na matéria. A culpa é deles e para mim isso é visível. Agora a pergunta: quem são eles? Um amigo meu responderia como qualquer coisa tipo, aquelas pessoas que aprenderam que o crioulo é uma língua de pretos, exótica, subalterna, sem qualquer utilidade, e estruturalmente fraca. Será que eles estão certos? Quantos de nós interiorizamos este pensamento, de norte a sul?
Estou de acordo contigo no final e espero que seja o caminho, e como diz Veiga (tenho citado muito o homem nos últimos tempos) o ALUPEC é o início e depois logo se vê o quê que dá (é claro que ele não usou tal e qual estas palavras, mas foi a minha interpretação do homem).

Anónimo disse...

Bom,

A discussão está quente, mas eu só vou comentar as questões relacionadas com a fraca "usabilidade" do kriolu na nossa escrita porque, para mim, a resposta é por demais óbvia: eu, apesar de ser defensor do kriolu (e, sim, do ALUPEC), escrevo, mais de 90% do tempo, em português. Sim, é verdade. A sério?!? Mas, porquê??? Simples: por uma questão de hábito (ou, se preferirem, de monopólio do português).

No meu caso concreto, só comecei a praticar o kriolu escrito após 2 décadas e meia de vida (isto depois de ter regressado do curso no estrangeiro), e após ter recebido um email escrito num kriolu impecável, de um caboverdiano que nasceu e cresceu nos Estados Unidos, sem nunca ter aprendido uma palavra sequer do português (algo que me deixou ao mesmo tempo estupefacto, radiante, e cheio de inveja).

Mais, devido a sua fraca socialização, só conheci o ALUPEC há praticamente 2 anos, de maneira acidental, via este post. Ou seja, só depois dos 28 anos de vida é que aprendi, de facto, uma forma padronizada de escrever a minha própria língua!

Agora, pergunto: como é que se quer (ou se pode esperar) que eu escreva em kriolu mais do que em português, se, devido ao meu sistema de ensino, eu escrevi somente (ou quase sempre) em português durante praticamente 2 décadas (que, por coincidência, foram as 2 décadas que se seguiram à minha aprendizagem da própria escrita)?

Mais, como é que se pode esperar isso de pessoas ainda mais velhas do que eu, que, no máximo, só conheceram o ALUPEC a partir de 1998? Como é que os textos dos jornais, blogs, ficção, poesia, romances, contos, crónicas, livros, etc, não são escritos exclusivamente em português?

Isso é o que me espanta, realmente: o facto de haver, de todo, alguma coisa escrita em kriolu, devido à sua fraca ou nula socialização (ou, melhor, devido à sua não oficialização).

Deste modo, só posso dizer-te, JB, que as perguntas relacionadas com a "pertinência" da escrita do kriolu são, no mínimo, muito descuidadas. No entanto, uma coisa é clara: se o caboverdiano estivesse oficializado (ou caso já fosse "oficial", como defendes), ou, ainda, se eu tivesse aprendido o ALUPEC (ou qualquer outro sistema para a escrita do kriolu) há mais tempo, certamente que os meus hábitos seriam bem diferentes (tenho sempre presente o exemplo do Guy Ramos que escreve, quase que exclusivamente, num kriolu de Soncent impecável, via ALUPEC, ainda por cima :-).

A questão que se impõe é a seguinte: vamos esperar mais 2 décadas para perguntar aos alunos acabados de sair do liceu (ou aqueles que regressam do seu curso superior), o porquê do fraco grau de uso do kriolu escrito (caso ainda não esteja oficializado), e será que continuaremos a usar esse argumento para demonstrar que falta ainda "socialização", ou, pior, que isso pode, de certo modo, significar que os caboverdianos realmente não gostam, ou, pelo menos, não se interessam, verdadeiramente, pela escrita da sua língua materna (o kriolu oral já é mais do que suficiente)?

Só o futuro ditará a resposta, mas, felizmente, os sinais indiciam que, por mais que isso possa satisfazer os desejos de muita gente (e, não, isto não é uma indirecta), as coisas serão diferentes. Inchalá!

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Unknown disse...

Salim, excelente comentário. Deixa-me digerir a coisa e continuamos a conversar.

Abraço!

Redy, às vezes já pareces a Manuela Ferreira Leite a dizer que não disse o que disse apesar de não ter dito outra coisa. :)))

Continuamos a conversa mais logo.

Abraço

Redy Wilson Lima disse...

Não João, confirmei o que disse e afirmei aqui que o que aconteceu foi o sentido que muitos deram àquilo que disse num determinado contexto e momento, mas se não quiseres compreender isso, nada a fazer... é um direito teu e podes me comparar a quem quiseres que para mim tanto faz...

Unknown disse...

Redy, tem lá calminha que eu estava a brincar contigo. Esse ar de "estou a cagar para vocês todos" que tanto gostas de fazer, para mostrar que pouco te importas com o que os outros dizem de ti, só te fica mal, até porque como tens demonstrado até à exaustão, importas-te, e não é pouco. O que é normal. Não te fica bem é esse ar de enfado que de quando em quando achas por bem colocar no que dizes.

Estamos aqui numa amena conversa de café. Take it easy!

Anónimo disse...

Não, não divide o cabo-verdiano, estraçalha-o! Eu sou contra e pronto. Que façam estudos, publiquem livros científicos, agora não nos obriguem, a mim e aos meus descendentes a ficarem mais ignorantes e mais burros, que não saibam escrever e nem poderem vir a ler grandes obras literárias! Meus caros, para podermos dominar outras línguas devemos pelo menos dominar uma, no caso, se dominarmos bem o português,´com boas bases, só assim teremos a mente aberta para podermos dominar outras línguas. Elementar meu caro Watson...Deixemo-nos de nacionalismos hipócritas, de querermos parecer mais cabo-verdianos do que realmete somos, e encaremos o futuro com uma visão de prosperidade, e não de retrocessos. É assim que pretendemos ser competitivos, cultos, evoluir? Não me parece

Criola concerteza, ma por Cabo Verde

Anónimo disse...

Dê-me um ponto fixo que erguerei o universo...pois é, dê-me garantias que o ensino do português será reforçado nos estabelecimentos de ensino, nos media, etc, que eu aceiterei todas as propostas. Porque não podemso negar, o português é nossa história, também é nossa língua mãe...se o português não nos tivesse "criado", quem seriamos nós? Se somos criolos, trivid sem manha, devemo-lo sobretudo aos portugueses que pela primeira vez pisaram esta bemdita terra, porra! Não sejamos ingratos, se essa a nossa herança, por que cargas de água queremos repudiá-la?

Nha criol sabim, mim ê ke sabê ma quem ke hum ta falal, ma que ke hum ta cantal, ma quem ke hum ta uvil... Agora para trabalhar, para progredir nas nossas instituições, meus caros, o português por favor!

Desculpem, mas essa hiprocrisia nacionalista deixa-me doente!

Tey Alexandre disse...

O ser humano é por excelência, limitado no tempo e no espaço. Dessa forma, não nos podemos esquecer, que seja o que for que decidirmos em relação a esta temática deve, obrigatóriamente, ter em vista o melhor para as gerações vindouras. Em detrimento do que seja melhor para nós, uns burros velhos. Não somente para as crianças que já proliferam neste nosso país, mas sim e principalmente para os milhões de cabo-verdianos que existirão depois de ouvirmos "Oh Djosa kem mandob morrê"

Esta problemática é tão complexa, que eu sendo tão pouco dogmático, que confesso, que, sinto a minha opinião a oscilar entre os extremos, sem aproximar-se muito das opiniões radicais, mas confesso que oscila. E oscila porque de cada diferente perspectiva, que se possa ver as coisas despontam sempre, várias e inúmeras vantagens e desvantagens... como quase tudo na vida...

As linguas, estão longe de serem a minha àrea vocacional. Em relação a isso, sinto que tive a sorte de ter frequentado a escola (até aos 16 anos) em Portugal. Porque as minhas limitações linguisticas não me permitiriam, falar até aos 6 anos uma lingua, e depois ser enviado à escola para aprender noutra e ter o mesmo sucesso escolar. É esse choque que devemos impedir que as nossas futuras crianças sofram, procurando capacitá-las cada vez mais com instrumentos e ferramentas no intuito de termos um país cada vez mais competitivo.

Será que Arquimedes, atingiria todo o seu potencial se desde a tenra idade,tivesse que ter aprendido Matematica ou Fisica em Egipcio? Alguém já sentiu a dificuldade que o Cabo-verdiano mediano apresenta para dar indicações a um estrangeiro, acerca com se chega a "algum lugar"?.

Penso que é obvio para todos, que é muito mais facil aprender uma lingua nova quando se domina 4 do que quando só se domina 1. Não é necessário perdermos nada do que já temos em Português, para ganhar mais ainda em Kriolo. Ou seja, o simples facto de aprendermos a gramática primeiramente na nossa lingua (a que realmente usamos, a lingua em que a vozinha que temos dentro da cabeça se expressa) só nos dá maior bagagem e capacidade para aprendermos e assimilarmos as outras, nomeadamente a lingua portuguesa.

A lingua portuguesa é para mim essencialmente uma ferramenta (uma chave de fendas), que eu uso descomplexadamente sempre que dela necessito, tal como o Inglês.

Mas em contrapartida, a lingua portuguesa nos une e atinge a um grupo bem maior de pessoas que o nosso Kriolo, pelo que não faz sentido nenhum abdicarmos dela. Podemos, sem margens para dúvidas, perfeitamente, usar ambas, desde a primeira instância na escola. Para uma criança deve ser bem mais fácil aprender o português com alguém a explicar-lhe em kriolo, do que aprender o portugues em Português... assim à bruta, sem anestesia nem nada.

Quanto à dualidade de vertentes de Kriolo... deixem-se de preocupar com isso, a existência de variantes só torna a lingua mais rica... Somos ricos, cultural e linguisticamente, para quê tanto alarido? Nenhuma variante vai absorver outra, nem de perto nem de longe (por mais decretos que se façam)... das principais caracteristicas das linguas, são o seu dinâmismo e a sua vivacidade. Talvez aja uma tendência para a standartização do kriolo, devido a um cada vez maior exchange neste nosso território descontínuo e uma maior mobilidade das populações, massas, mas isso é coisa para daqui a uns, sei lá, 500 anos...e nos somos limitados em relação ao tempo... por isso...
Os termos, as expressões, as palavras que irão sobreviver não nos compete decidir, o próprio uso das mesmas fará essa triagem. As menos práticas, simplesmente cairão em desuso...

Alupec? Valerá mesmo a pena impingir-nos algo? Funciona para todas as vertentes do Kriolo? será errado "tentar legislar" ou standartizar algo que nunca teve regras? Estamos a encarar as coisas apenas numa perspectiva bairrista?

Bem... não sei... a minha opinião ainda rodopia nessa roleta, sem cair para sempre no vermelho ou no preto... mas sei que urge decidir-se... ´Tendo sempre em conta que "a mente é como um para-quedas, serve melhor e estiver aberta". Por isso...

Nhôs manti trankilo e bsot continuá na descontra...