Mensagem Final








        - farinha amassada à espera de uma salsicha
        dois tomates e três pingos de azeite,
        a ver se uma gaita que fina de tanta moleza
        se apruma e começa
        a tocar música que preste?

        Boas entradas

        Arménio





"Não se pode ser infeliz, não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode: é pecado, é proibido. Não é possível adiar a vida. (...) Tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz."

Caio Fernando Abreu







Esperei 43 dias por esta encomenda. Desde o dia em que foi comprada por uma amiga, em S. Paulo e colocada no correio para chegar aqui a Cabo Verde, ilha de S. Vicente, passaram-se 43 longos dias. A esperança inicial, feitas as contas e contabilizando as devidas distâncias era que chegasse pelo Natal e assim era como se estivesse dando uma prenda a mim mesmo, sendo eu esse outro que fez com que o filme fosse comprado e colocado no correio da grande cidade brasileira para que pudesse chegar a tempo até mim, esse outro eu que está por cá. Mas não aconteceu. Um mês e mais alguns dias não foram suficientes porque os correios tem caminhos que a razão desconhece e há que se lhes perdoar: é como o amor, que tantas vezes a mesma razão desconhece e tudo isto tem uma certa poesia. Os próprios correios, nesta era global e digital, mantêm uma das poucas actividades que ainda tem uma certa poesia hoje em dia. Enfim, continuemos.

Chegou a encomenda tempo de me fazer passar de um ano para o outro com o supremo prazer de me deliciar com uma obra-prima de várias artes em simultâneo: uma lição de literatura de Machado de Assis; uma portentosa direcção de Luiz Fernando Carvalho, que cria um teatro mágico que transforma um realismo aparente num comboio pleno de fantasmas, magia, sombras e rodopios; soluções geniais para cenas inesperadas; uma plástica visual absolutamente arrebatadora; e a já habitual e costumeira capacidade interpretativa de actores e actrizes brasileiros, que continuam a conseguir surpreender, mesmo quando estamos convencidos que já os vimos fazer de tudo.

Tudo isto filmado dentro de um palácio abandonado no centro do Rio de Janeiro, numa história que nos transporta como que para dentro de um grande teatro, uma ópera bufa, como dizia da vida o próprio autor. Esta mini-série tem momentos, muitos, inesquecíveis para a vista. A banda sonora, que chegou junto do DVD, é outro portento, que mistura géneros musicais e épocas de uma forma nada convencional e contudo tudo aquilo funciona como um relógio suiço velho e caduco, e por isso mesmo lindo e carregado de histórias, tempos passados, memórias. A mini-série da Globo, Capitu, adaptação do romance Dom Casmurro de Machado de Assis, é uma obra-prima que, juntamente com os extras, deveria ser mostrado, apreciado e discutido, nos cursos de arte, actuais e nos que se vierem a formar. Indispensável. Fantástica forma de entrar no ano novo.





Um amigo mandou-me uma correspondência. Dentro do envelope, uma folha em branco dobrada à maneira comercial e dentro dela um pequeno recorte de um diário português que diz assim: "Porto perpetua Isabel A. Costa. Homenagem. A Câmara do Porto aprovou ontem, por unanimidade, a atribuição do nome da ex-directora artística do Teatro Rivoli e programadora do Porto 2001 Capital Cultural, Isabel Alves Costa, a uma rua da cidade invicta. Falecida em Monção no último dia 15 de Agosto, Isabel Alves Costa era directora do Festival Internacional de Marionetas do Porto e colaborava ainda com o projecto Comédias do Minho."

Percebi então porquê que sinto este 2009 como um ano estranho. Ia dizer maldito, mas maldito não. Aconteceram coisas boas. Muito boas. Acordei todos os dias disposto para a luta diária contra a minha própria tendência de me acomodar às coisas conquistadas. Sonhei outras tantas noites e madrugadas, o que é fantástico, porque se aproveita melhor o tempo, vivendo vidas noutras dimensões. Convivi longas horas com as minhas duas filhas, Laura e Inês, dois faróis da minha existência. Conheci novas pessoas. Fortaleci amizades que já por cá andavam. Apaixonei-me, muito e várias vezes. Por projectos. Por gente que não conhecia antes. Por lugares. Por coisas (livros, discos, peças). Apaixonei-me pelo futuro, o que é um bom prenúncio.

Então é assim: a minha mãe vai ser nome de rua, no Porto, bela e generosa cidade geminada com o Mindelo cabo-verdiano do Porto Grande e do Monte Cara. Parece que faleceu e se transformou em cinza, mas é como muitos escreveram aqui na altura das dores e por isso me consolo sem a mágoa nem o peso excessivo da ausência inevitável: os grandes não morrem; permanecem vivos dentro de nós. Seja como for, o mundo ficou mais pequeno e um pouco mais triste. E cumpri aquelas que serão as duas etapas mais marcantes na vida de um ser humano: o nascimento de um filho; a morte de uma mãe. Agora, só me resta viver. Já não é pouco.





"Procurei em todo o universo o repouso e não o encontrei em mais parte nenhuma senão num canto com um livro."

Pascal Quignard, in "As sombras errantes"

Ilustração de Jillian Tamaki





        Eu contarei a beleza das estátuas -
        Seus gestos imóveis ordenados e frios -
        E falarei do rosto dos navios

        Sem que ninguém desvende outros segredos
        Que nos meus braços correm como rios
        E enchem de sangue a ponta dos meus dedos.

        Sophia de Mello Breyner Andresen




And the winner is...

"Se houvesse nas Nações Unidas uma cerimónia de premiação, em que os países seriam destacados e recebiram um Óscar pelo desempenho durante o ano, com certeza Cabo Verde estaria entre os primeiros do ano de 2009."

Edson Medina - jovem quadro promissor mais que provável futuro ministro (ou pelo menos director-geral)


[Edson, moss, também não é preciso exagerar...]





Que o futebol é o maior espectáculo do mundo, já todos sabemos. E que há momentos que não se esquecem, passe o tempo que passar, independentemente das cores e paixões clubísticas de cada um. Um desses momentos foi a forma como o francês Eric Cantona, então jogador e ídolo do Machester United festejou o seu golo, faz hoje precisamente 13 anos.

Como escreveu Rui Tovar, no diário I, "há jogadores que se destacam pelo estilo. Outros pelos golos. E outros ainda pelo (mau) génio. O francês Éric Cantona conciliava os três pressupostos com uma facilidade arrepiante. Ele era a gola da camisola levantada, ele era o toque de bola esquisito, ele era o olhar de mau."

Há precisamente 13 anos, King Eric, como lhe chamavam os adeptos ingleses, entrou definitivamente e de uma assentada na história do Manchester United, da Premier League e da própria Inglaterra. Para tal, bastou-lhe o festejo sui generis de um golo. Foi em Old Trafford, frente ao Sunderland, em Dezembro de 1996. Já estava 4-0 quando Cantona apanhou a bola no meio-campo, ludibriou dois adversários, tabelou com McClair, entrou na área e fez um chapéu ao guarda-redes, também ele francês, Lionel Perez, de seu nome. O golo em si já é monumental e ainda hoje está no top 10 da Premier League, mas é o festejo que merece a atenção.

Em vez de correr desenfreadamente pelo campo fora, Cantona simplesmente ficou parado, a contemplar, rodou sobre si mesmo com ar de desdém, como quem diz "bem, vamos lá ver: sou genial, não sou?", e depois abriu os braços para receber os aplausos dos 55 081 espectadores.

Se há imagens que valem mil palavras, esta é uma dela. E de resto, como se sabe, aos génios não se poupam nos adjectivos. Faz hoje 13 anos. (fonte: diário I)

Ver o vídeo aqui













Galeria de imagens retirada do sítio oficial do filme "Kontinuasom" que teve uma ante-estreia no festival mindelact 2008, tendo depois sido apresentado na cidade da Praia. Ao que se sabe, o filme (realizado por espanhóis) ainda não iniciou a sua carreira comercial mas esperamos que isso possa acontecer, porque merece. Nas imagens podemos ver Bety Fernandes, Cesária Évora, Tcheka, Celina Pereira ou Nacia Gomi, entre uma extensa lista de outros notáveis da nossa cultura. Falamos sobre este filme, aqui mesmo, no Café Margoso, neste post.







A petição promovida pelo blogue Café Margoso dedicada ao cine-teatro Éden Park atingiu, nestes primeiros dias, as 90 assinaturas e espera-se que a onda de solidariedade possa aumentar ainda mais até porque agora começou a ter algum eco na comunicação social (acabou de ser um caso referenciado na Rádio Nacional de Cabo Verde). Mas mais que os números registam-se aqui alguns dos comentários deixados pelos cidadãos que aderiram a esta causa.

Eis alguns comentários publicados

Luiz Silva: "Eden Park a été l'école du savoir et de la dignité de toutes les classes sociales du Cap Vert. Sa disparition constitue un coup mortel sur l'identité et la culture cap verdienne."

Valdemar Pereira: "Não podemos deixar desaparecer um dos baluartes da nossa cultura."

José Azevedo: "Gritem, até que a voz vos doa!"

Fernando Frusoni: "Eu defendo que o Eden-Park volte a desempenhar o papel importante que teve na educaçao/formaçao/informaçao da sociedade mindelense e nao só."

Marco Freitas: "E se está ao nosso alcance, impedir que este grande património "morra", vamos fazê-lo e lutar com dignidade para vencermos, como sempre fizemos até hoje. Honremos o nome do Éden park, seus fundadores, a ilha, o país e os demais que tanto têm lutado. "

Neu Lopes: "São Vicente precisa do seu cinema de volta urgentemente. É praticamente uma questão de honra."

Joaquim Saial: "Bebi da água de Vascónia e aprendi a gostar de cinema no Eden Park. Por isso sou um mnine de Soncent e por isso apelo a quem tem poder na ilha do Porto Grande e no Palácio do Governo e na Presidência da República em Cabo Verde, na Praia, para que se empenhe na salvação desta jóia da cultura das ilhas. Quem podendo salvar esta sala não o fizer, ficará marcado para sempre pelo anátema do desprezo da memória da História..."

Estes são apenas alguns dos "depoimentos" que se podem ler na petição, que pode ser assinada aqui. Para quem quiser ler (ou reler) a reportagem do Expresso das Ilhas que motivou esta petição, é só vir aqui.







Hoje o Café Margoso cumpre o seu segundo aniversário. Sempre agitando as águas da blogosfera crioula. Depois de ter atingido as 150 mil visitas (50 mil, durante o primeiro ano) e os 15 mil comentários (5 mil, no ano transato) em mais de 2.000 artigos (sobre tudo e mais alguma coisa), por cá estamos ainda com a mesma vontade, força e sentido de cidadania com que iniciamos esta aventura, há dois anos atrás.

Este blogue obriga a uma busca diária; a uma reflexão permanente; ao exercício da escrita e do debate de temas e ideias; ao conhecimento de novos mundos na poesia, na literatura, no cinema, na sociedade e neste mundo global em que vivemos. Mas só faz sentido se houver quem o leia e quem o comente. Por isso, obrigado por tudo. Por cá continuaremos, por mais algum tempo. Abraço fraterno.






Figuras Nacionais do Ano

Arménio Vieira (poeta)
Margarida Moreira (jornalista)


Comentário: A escolha de Arménio Vieira é mais do que óbvia embora muitos tenham defendido que esse lugar de destaque deveria ser reservado ao procurador Vital Moeda pelo papel de destaque que vem assumindo na luta por uma justiça célere que coloque, de facto, bandidos e criminosos atrás das grades, doe a quem doer. Mas as minhas costelas de homem de cultura não poderiam ter originado outra escolha: o Prémio Camões atribuído ao poeta representa o maior prémio cultural que qualquer cabo-verdiano já recebeu, dentro e fora do país, até porque estamos a falar do mais importante galardão da literatura de língua portuguesa. Apesar de pouco conhecido, mesmo dentro do seu próprio país, o Conde, como é carinhosamente tratado por amigos e conhecidos, viu-se com a atribuição desta importantíssima distinção com os holofotes todos apontados para a sua pessoa e a sua obra, sendo esta obra merecedora do prémio e dos estudos que dela vierem a ser realizados como consequência deste crescente interesse.

A escolha margosa para mulher do ano está relacionada com uma causa que ao longo destes últimos meses este estabelecimento não se tem cansado de assumir: a luta contra a violência doméstica, de uma forma geral, e a relacionada com o género, em particular. Margarida Moreira, como figura pública que é graças à presença assidua na Televisão de Cabo Verde demonstrou um exemplo e coragem raras no país ao dar a cara denunciando a sua própria situação de vítima de violência doméstica, quando se sabe que o que é público é apenas a ponta de um iceberg tremendo e assustador, com alguns estudos a virem a lume e a colocarem a situação da violência contra as mulheres como um dos maiores cancros sociais do nosso tempo e que urge combater com todas as forças e todas as armas. A campanha (masculina) do Laço Branco, a que o Café Margoso aderiu incondicionalmente, foi apenas mais uma dessas possibilidades de luta. A denúncia pública, como a feita por Margarida Moreira, é também uma poderosa forma de combate e esta escolha mais não é do que o ressalvar um acto de grande coragem.


Acontecimento Nacional do Ano

Epidemia de Dengue


Comentário: Tomada no início um pouco na brincadeira e na descontra, esta doença veio, chegou, invadiu e em tempo recorde, colocou meio país de cama e uma população inteira em alvoroço. A chegada da doença, pelo forma como aconteceu, teve uma enorme importância não apenas pelas causas que a provocaram, mas sobretudo pela onda de consciência comunitária que provocou na população (com uma campanha nacional de limpeza que originou uma mobilização popular como há muito não se via) e, principalmente, pelas consequências a que vai obrigar, nomeadamente com o planeamento e a execução urgente de um plano nacional para o saneamento, sabendo-se, como se sabe, que o agente vector e transmissor da doença vive à custa da irresponsabilidade e descuido no campo das políticas públicas nesta área assim como das acções individuais dos cidadãos na sua própria higiene, pessoal e doméstica. A doença veio para ficar e a sua erradicação dependerá, em primeiro lugar, de uma mudança radical de hábitos e costumes relacionados com a limpeza e se há algo que já sabemos é que os hábitos e costumes, sejam eles quais forem, não se alteram de um dia para o outro. E cá estaremos para ver se na próxima época de chuvas estaremos de novo com as mãos na cabeça e dores no corpo, porque as medidas indispensáveis, individuais e/ou colectivas, não passaram dos discursos e das boas intenções.


Desastre Ambulante do Ano

Política Cultural


Comentário: aqui havia várias possibilidades: a desistência "solidária" de Jorge Santos de ir a votos contra Carlos Veiga; a irresponsabilidade ministerial na área da saúde no início da crise epidémica do Dengue; o comportamento lamentável dos deputados da Nação em várias das sessões parlamentares do presente ano, com o culminar do episódio da ameaça da cadeirada; a performance de certas empresas públicas como a Electra ou os TACV que tanta dores deram aos cabo-verdianos ao longo do ano. Estes são apenas alguns dos exemplos dos desastres ambulantes. Mas mais uma vez, a costela cultural fala mais alto. A oficialização do crioulo falhou e os responsáveis públicos nesta área, mais ainda por serem quem são, não podem estar isentos de responsabilidade. Não houve nem socialização, nem discussão massiva, nem o diálogo pleno e descomplexado que se impunha nesta matéria, mormente na questão do Alfabeto Cabo-verdiano (Alupec), aprovado quase que clandestinamente, e já se sabe como é: a falta de informação gera sempre equívocos e ignorância, e estes provocam insultos entre os dois lados desta barricada. Mas a incúria não se resumiu a esta questão central do crioulo: as propostas, promessas, discursos e medidas anunciadas no fórum sobre economia da cultura realizado em Novembro do ano passado continuam no seu grau zero de execução e a tão protelada promessa de mudança de paradigma cultural (um termo muito em voga) não passou disso mesmo, de uma promessa vaga e com pouco ou nenhuma consequência prática. Dentro das muitas promessas destacava-se a meta de, num prazo de seis meses (a contar da data do fórum), ser anunciado ao país um Plano Estratégico Cultural (já quase no final do mandato, é bom que se diga) e o que foi anunciado foi a atribuição a uma entidade privada da responsabilidade de produção desse mesmo estudo (num prazo de mais alguns anos). A falta de visão estratégica para este sector tem muitos e variados comprovativos: não só pela reunião de quadros em Abril para programar o que resta do ano; como pela situação patrimonial de edifícios como o Éden Park; a falta de visão na política museológica; o Fundo Autónomo de Apoio à Cultura que apesar de existir na orgânica do Ministério da Cultura continua sem sair do papel; a política de utilização de espaços públicos culturais que permite que se privatize o principal auditório do país ou que a única sala de espectáculos do Mindelo seja utilizada para cultos de seitas religiosas para garantir a sua própria sustentabilidade financeira; ou até o facto de o principal partido da oposição não ter rigorosamente nada para dizer sobre tudo isto (o que me espanta ainda mais). Entretanto, a Cidade Velha lá conseguiu o estatuto de Património Mundial da Unesco, o poeta Arménio ganhou o Prémio Camões e já se anunciaram pelo menos mais três fóruns para 2010. E é isto que vale, hoje, o tal diamante de que tanto se fala.


E foi assim que passamos mais um ano. Estas são as minhas escolhas. Assumidas e justificadas. Agora digam vocês da vossa justiça.

A gerência








As petições valem o que valem, e há quem diga que valem muito pouco ou mesmo quase nada. Na história do Café Margoso esta é a segunda vez que se promove uma petição, sendo que a primeira esteve relacionada com o magistrado Vital Moeda e a sua (aparente) vontade de bater com a porta. A reacção foi grande e a petição valeu, quando mais não seja como gesto de cidadania.

Desta vez a petição não se refere a uma pessoa mas a um edificio histórico da cidade do Mindelo, um dos mais notáveis, situado na principal praça da cidade e em cujas paredes se guardam porventura as mais ricas memórias colectivas da nossa história cultural. Uma reportagem publicada no semanário Expresso das Ilhas trouxe a público uma realidade desconhecida: afinal, ao contrário do que era dado como certo, a venda do Éden Park ainda não é um dado adquirido. O que quer dizer que ainda se vai a tempo de transformar este problema numa grande oportunidade, como não me tenho cansado de defender publicamente em vários palcos e por várias ocasiões. Pois bem, esta petição é sobre isso mesmo e pretendo encaminhar os resultados da mesma para o Ministério da Cultura de Cabo Verde e para a Câmara Municipal de S. Vicente.

O texto de apresentação da petição diz o seguinte:

"O cine-teatro Éden Park, nascido na cidade do Mindelo em 1922 é a mais importante sala de espectáculos da historiografia da cultura cabo-verdiana. Foi dada como certa a sua venda e posterior demolição para a construção de um hotel. Mas ao que parece o negócio ainda não se concretizou. Vamos ajudar a salvar o Éden Park.

Segundo foi noticiado, a venda do Éden Park, a mais importante sala de espectáculos da história de Cabo Verde, não é ainda um dado adquirido. Sendo assim, pretende-se com esta petição apelar aos responsáveis públicos - Governo e Câmara Municipal - que unam esforços e façam tudo o que estiver ao seu alcance para salvar este património cultural e de memória da cultura nacional. Que contactem os actuais donos e que entrem em negociações imediatas para a aquisição deste espaço nobre da cidade do Mindelo. E que façam com que os mindelenses e os cabo-verdianos tenham orgulho de vocês, por não terem ficado parados a ver o Eden Park apodrecer aos olhos de todos, na principal praça do Mindelo. Façam alguma coisa e salvem o Éden Park. Já."

Para assinar a petição, aqui.

Divulguem por todos os vossos conhecidos, amigos, interessados. Por todos os que já tiveram o prazer de pisar aquele palco ou de se sentar naquela plateia (e balcão) com mancarra na mão para assistir ao primeiro cinema das suas vidas. A quem possa interessar, mesmo não tendo vivenciado directamente a importância deste edifício para a nossa história e para a nossa memória colectiva. Quanto maior o número de assinaturas, mais pressão poderemos fazer sobre os poderes públicos para que não assistam passivamente à morte lenta deste património, que é de todos nós. Desde já, obrigado.

A gerência





Uma prima que adoro mandou-me de Portugal a melhor prenda que se podia ter tido e o facto de estar embrulhada numa bolsa de plástico da FNAC era apenas um primeiro e bom indício do que poderia estar para vir. Pois bem, o que chegou foi uma fantástica edição retrospectiva da carreira de Bob Dylan, com dois CD's colocados dentro de uma pequena e elegante caixa de metal e um catálogo com textos e imagens do autor-compositor norte-americano, intitulada "The Essencial Bob Dylan". Mesmo que não gostasse da música, este formato é tão bem feito e concebido com tal bom gosto, que quase vale pelo objecto visual que representa, mesmo que não fosse fazer dele o uso que se faz normalmente dos discos: ouvi-lo, pois claro.

Isto também para dizer que enquanto houver consumidores como eu, a indústria dos discos, dos filmes ou dos livros bem que pode ficar descansada (e há muitos assim): posso ler um livro digital, mas se é uma obra que aprecio, tenho que ter o original, o papel mesmo. Se o tratamento gráfico for excelente, melhor. Igual com os jornais que posso ler nas suas edições na Internet, mas que em nada substituem o prazer de os folhear com aquele cheiro de jornal novo e os restos de tinta que ficam marcados na ponta dos dedos.

Com os CD's é a mesma coisa e esse será certamente um dos caminhos para vencer a pirataria, impossível de dominar com a democratização da Internet: marcar pelo design, pela diferença e pela qualidade sonora. Fazer do original aquilo que o destingue e diferencia de qualquer outra cópia: a sua qualidade gráfica e o seu acabamento final. É o que acontece com esta fantástica prenda que recebi dessa mesma prima que um dia filmou Orlando Pantera como nunca ele foi filmado num documentário pouco conhecido e que vale mesmo a pena ter em casa: "Mais Alma", de Catarina Alves Costa. Ah, o original, claro.






2009 foi um ano relativamente estável para a blogosfera cabo-verdiana. A dinâmica sentida ao longo de todo o ano anterior nem sempre se manteve durante o presente ano, ao que não terá sido alheia a crise sentida (embora quando as coisas correm menos bem, mais tinta deveria correr nos blogues pois mais deveria haver para comentar, dizer e/ ou criticar). O assunto mais debatido do ano foi, sem dúvida, a polémica à volta da oficialização do crioulo e do alfabeto cabo-verdiano (vulgo Alupec), tendo marcado presença o debate no blogue Tertúlia Crioula, que atingiu a espantosa soma de 1223 comentários. Não apenas pela pertinência e qualidade dos seus textos, e embora tenha nascido já no segundo semestre de 2009, o Tertúlia Crioula é considerado pela gerência como o Blogue Nacional do Ano 2009, substituindo o vencedor do ano passado, o Jornal da Hiena, que passa directamente de blogue do ano para a vergonhosa qualidade de "activista em hibernação" (deve ser do frio imenso que se faz sentir e por isso o Hiena vai, certamente, perdoar esta decisão...). Na vertente internacional, a minha escolha vai para o blogue Bitaites do português Marco Santos, que assim sucede ao Jumento, o escolhido no ano passado nesta mesma categoria.

O ano de 2009 viu acontecer também alguma movimentação blogueira colectiva graças ao Blog Joint que, por razões que ainda estão por explicar, acabou por morrer de morte matada, sem que os promotores tenham justificado este estranho fenómeno (nem tinham que o fazer, de facto). Destaco ainda o jornal "A Nação", por ter sido o único dos três semanários da praça a tirar real proveito da (muita) informação e opiniões que foram sendo publicados na blogosfera cabo-verdiana, numa página semanal que desde há meses vem dedicando aos blogues cabo-verdianos. Já no final do ano e como resultado da sua renovação gráfica do seu síte, o Semana online passou a promover a ligação a alguns blogues cabo-verdianos, entre os quais o Café Margoso.

Chegou, neste momento, a altura do Café Margoso atribuir as suas distinções, entre os blogues que mais se destacaram no ano de 2009. Bons comentários.


Blogómetro 2009 - Prémios & Distinções Margosas

Blogue Nacional do Ano


Blogue Internacional do Ano




Outras Distinções

Blogue Revelação do Ano (novo blogue em destaque) - Anarquista Burocrata (aqui)
Blogue Fodas do Ano (blogue mais cáustico) - Arco da Velha (aqui)
Blogue Literário do Ano (blogue com mais qualidade literária) - Cocaína Ya (aqui)
Blogue Político do Ano (blogue com melhor análise) - Geração 20j73 (aqui)
Blogue Desaparecido em Combate do Ano (activista em hibernação) - Jornal da Hiena (aqui)
Blogue Sempre a Postar do Ano (blogue com maior regularidade) - Amilcar Tavares (aqui)
Blogue Grafismo do Ano (blogue com grafismo mais original) - Bianda (aqui)
Blogue Cadáver Esquisito do Ano (blogue enterrado pelo autor) - Albatroberdiano (aqui)
Blogue Promessa do Ano (blogue que promete animar 2010) - ?

Comentador do Ano - Zito Azevedo (autor do blogue Arroz c'Atum [aqui])


Quanto ao Café Margoso, continua, por direito próprio, a ostentar o prémio de Blogue Basofo do Ano. Um grande 2010 para todos os leitores, blogueiros, crioulos e crioulas, em particular e população mundial, em geral







Lata Natalícia




A propósito disto






Li ontem no Expresso das Ilhas, não sem algum espanto que, afinal, o cine-teatro Éden Park não está vendido, embora esteja "apalavrado" e o negócio "quase quase fechado", isto segundo um dos proprietários do imóvel. Um "apalavramento" que dura há praticamente dois anos, convém que se diga. Esta é uma fantástica notícia. Afinal, ainda há esperança. É como aqueles momentos cinematográficos em que o herói morre, é-lhe tentada uma reanimação com aqueles choques eléctricos horrendos, e um, dois, três, carga!, e uma e duas e três vezes e a máquina nada, todos os índices apontam para a morte mesmo e já se sabe quando a morte chega o que não tem remédio, remediado está, mas eis que uma das personagens - geralmente a apaixonada do herói em causa - num assumo de esperança (o herói pode, aparentemente, ter morrido, mas a esperança que ele viva é sempre a última a extinguir) e num último e definitivo choque, sempre dado com muito amor à mistura (e talvez seja mesmo este o segredo da coisa), e eis que o malogrado regressa do mundo das trevas para gáudio de todos, num milagre digno do Doutor House.

Portanto, é assim: ainda vamos a tempo de salva o Éden-Park. Senhores decisores públicos: estão à espera do quê para agir? O maior património cultural desta cidade ainda não morreu, façam lá o que tem a fazer e não se fala mais nisto. E já agora, boas festas.

Entretanto, a imagem que retrata esta notícia são dois cartazes de dois dos filmes que certamente dariam muito que falar se nos fosse dada a oportunidade de os ver numa sala de cinema. Um é a última loucura do genial Tim Burton (sempre acompanhado de Johnny Depp), a sua versão do conto "Alice no país das maravilhas", com estreia prevista para o primeiro semestre de 2010. O segundo, é considerado um dos melhores filmes de banda desenhada do ano que agora termina e não foi feito por nenhum dos gigantes estúdios americanos do género, mas sim por uma pequena produtora australiana. Diz quem viu que este "Mary and Max" é um marco notável na história do cinema de animação... de sempre.

Para ver a "tralha" do Alice, é aqui. Para a página oficial do "Mary and Max". é só vir aqui. Agora só nos falta mesmo o cinema e a mancarra. Quem sabe se 2010 é o tal ano, do renascimento do cinema na cidade do Mindelo?






Natal 01

"O Natal é uma grande celebração dos valores da Classe Média. Grandiosas e fartas festas são oferecidas em nome da santíssima trindade: a tradição, a família e a propriedade. Para celebrar estes três pilares de devoção, institui-se a figura do “Natal em família”, uma festa que acontece tradicionalmente todos os anos, com o maior número de familiares possível, normalmente na propriedade do patriarca. E não é uma festa qualquer: é uma espécie de prestação de contas coletiva e anual, algo como uma convenção para tornar pública as vidas alheias. Principalmente suas partes ruins."

Natal 02

"Não adianta tentar fugir: para ser médio-classista, é estritamente necessário gostar do Natal. O Natal é uma festa que acontece todo final de ano, onde as pessoas louvam um deus sempre retratado de barba, que veio do céu para trazer à humanidade o que realmente importa nesta vida. Trata-se do Papai Noel, carregado com um saco bem grande de bens de consumo. O Papai Noel é uma divindade muito louvada pelos médio-classistas, um personagem criado pela indústria de refrigerantes como o símbolo da festa mais importante para a Classe Média: a época das compras de Natal."

Pierre do Brasil in Blogue Classe media way of life







Enquadrado


Havia um bloqueio militar na estrada. A polícia estava à procura dos assaltantes de um banco, do qual há poucas horas roubaram uma pequena fortuna. Policiais armados paravam motoristas, revistavam automóveis.

Numa dessas revistas, encontraram alguns pacotinhos de maconha no porta-luva de um fusca meia-oito. Flagrado e enquadrado como traficante, o jovem motorista foi condenado a dez anos de prisão.


Tivesse roubado um banco, teria amargado apenas cinco.


Wilson Gorj








Estou com sérias dúvidas: que prenda de Natal posso oferecer a José Maria Neves e a Carlos Veiga (ou será que estes já tem tudo o que precisam)?



À melhor resposta, ofereço um café







Hoje é inaugurado o aeroporto internacional de S. Vicente. Que ninguém tenha dúvidas: aquele é um chão abençoado, porque já teve tantas inaugurações que vai ficar difícil habituar-se a que passem mais alguns anos sem que mais nada seja inaugurado por ali. Primeiro, ainda no tempo do outro senhor, foi uma big party para inaugurar a iluminação e o prolongamento da pista (se bem me lembro foram mesmo duas inaugurações, uma para cada obra) e naquela época foi anunciada uma nova era para a ilha, graças à iluminação que passava a permitir voos nocturnos. A verdade é que se chegou uma nova era para a ilha ninguém deu por nada, porque continuou tudo mais ou menos na mesma pasmaceira de sempre, a não ser o facto de os passageiros que regressavam a Cabo Verde acabavam por ficar ainda mais tempo nos aeroportos internacionais do Sal ou da Praia, porque agora sim, Soncent tinha iluminhação na pista do seu aeroporto pelo que não viria nenhum mal ao mundo se os coitados dos mindelenses esperassem mais uma horitas para regressar ao conforto dos seus lares.

Depois foi a inauguração da nova gare, uma estrutura toda basofa, estive lá e até fui o inaugurador da máquina de café do local, tomei o primeiro dos primeiros, o Anselmo Fortes lá estava para registar o momento e a foto foi publicada no Café Margoso (não foi assim há tanto tempo!). Mas foi emocionante: teve direito a ministros, discursos, flores para a chegada do primeiro avião (ainda e apenas doméstico) e o pessoal da ASA e dos TACV todo contente com a nova casa. Ainda se ouviram umas bocas maldosas (tem que haver sempre quem diga mal de alguma coisa ou contrariamos a nossa própria natureza), que aquilo não tinha capacidade para aguentar um aperto maior, que é como quem diz que bastaria a chegada de três ou mesmo dois aviões em simultãneo para rebentar pelas costuras, mas eu acho que isso é mas é inveja, a gare é toda fashion, agradável a todos os sentidos e certamente dará conta do recado.

Disso daremos nós conta a partir d'agora com esta última e fantástica inauguração. O aeroporto vai-se tornar internacional. Vai ser grande, finalmente. O primeiro voo vem da Praia e sai directo para o Brasil, o que tem até uma certa lógica tendo em conta o brasilim que gostamos de cantar que somos. Desta vez temos direito a concertos musicais com dois dos maiores nomes da Nação, em palco pomposo montado para o efeito, tendas para os VIP's, luz para o Monte Cara, transporte de graça para o povo, tolerância de ponto para os trabalhadores, tudo comme il faut para sustentar este dolce fare niente, património local cada dia mais valorizado. E não estou a criticar nenhuma destas medidas, não me interpretem mal! Aplaudo e apoio. O sonho de chegar do estrangeiro directamente para a ilha merece toda festança e só quem não foi obrigado a passar horas e horas nos aeroportos do Sal e da Praia é que não entende a razão de tanta euforia. Será anunciada, certamente, a chegada de mais uma nova era. E cá estaremos para a receber de braços abertos. Se for com festa, melhor. Afinal de contas, estamos, nós os mindelenses, e a cada dia que passa, mais próximos dessa utopia de Agostinho da Silva, onde ninguém trabalha, onde há de tudo para todos e a vida mais não é do que uma grande paródia partilhada. Que lugar melhor que o Mindelo para a execução desse sonho filosófico?

Imagem: David la Chapelle







Que legenda para esta imagem?


À melhor legenda ofereço um café






"Morreu na semana passada, aos 71 anos, o velho Manel d’Novas. Para quem não saiba, Manel d’Novas é num dos mais notáveis escritores de mornas de Cabo Verde. Como o seu falecimento não suscitou quase atenção nenhuma nos media portugueses, fiquei um pouco indignado e triste com mais este exemplo do galopante triunfo de um certo cosmopolitismo parolo.

Fosse Manel d’Novas inglês, francês, cubano ou norte-americano e o acontecimento teria dado origem, pelo menos, a uma ou duas daquelas primeiras páginas estilosas, com uma fotografia a preto-e-branco a toda a altura da página e uma frase de efeito, compungida, rendendo homenagem à genial simplicidade do trovador da boina. Mas Manuel Jesus Lopes é apenas um escritor de canções num idioma exótico falado em bairros problemáticos de Lisboa."

M.J. Marmelo in Público (via Teatro Anatómico)






Que se lixe o voyerismo. O amor é mesmo uma coisa linda...




A BBC publicou as 10 fotografias que, segundo a escolha de seus editores, são as mais representativas da década que finda. Até aqui tudo normal, todos os principais orgãos de comunicação social também o fazem. O que chama atenção para a selecção de 10 imagens é que 8 delas retratam situações de violência extrema. Mais uma razão para pensarmos que a década que aí vem terá que ser um pouco melhor, não. Pior é impossível, apetece dizer...

Ver selecção completa, aqui






Um interessante e bem estruturado artigo publicado no Jornal de Negócios, de Portugal, dá-nos conta das tendências e previsões para a nova década que daqui a pouco mais de uma semana se vai iniciar. Sinceramente, tirando um ou outro aspecto, gostei do que li, e sendo um optimista militante por natureza, estou convencido que a próxima década não só vai ser bem melhor que a anterior, como será menos violenta, mais ecológica e mais saudável. Até porque se assim não for, dificilmente teremos muitas mais décadas pela frente.

Alguns dos in's e out's para os próximos 10 anos:




Diversidade
São cada vez e mais diversos os lóbis que apelam à diversidade nas administrações da empresas. O tema das mulheres no topo promete continuar bem no topo da agenda. E há ainda que contar aquele a que muitos especialistas já chamam "o efeito Obama" nas empresas, ou seja, a maior diversidade de raças.

A Ética
Mais do que "in", é caso para dizer que estará "on". O maior escrutínio de supervisores, reguladores e do poder políticos, de accionistas e investidores é um dos preços a pagar pela crise financeira da década que agora acaba e que, como nunca, ocupou estabelecimentos prisionais com gestores de topo caídos em desgraça.

A Globalização
A internacionalização continuará a ser o paradigma das novas empresas. Mais de 75% das 500 maiores companhias já geram receitas fora das portas da casa mãe. O movimento deverá intensificar-se.

Redes Sociais
As redes sociais surgiram na década que agora termina, mas vão entrar em definitivo no quotidiano das pessoas nos próximos anos. Permitem um contacto permanente e instantâneo entre pessoas que, de outra forma, não comunicavam ou comunicariam menos. Os próprios responsáveis das redes sociais acreditam que esta comunicação permanente vai permitir mais encontros face-a-face.

Melhor Ambiente
As preocupações ambientais não vão também desaparecer. Pelo contrário, tendem a aumentar à medida que os problemas se sucedem.

Sectores do Futuro
Os negócios associados à saúde, às energias renováveis e ao turismo, serão os pontos fortes da próxima década.

Cidades Diferenciadas
As cidades vão querer diferenciar-se e vão desenvolver projectos no sentido de ganhar diferença relativamente umas às outras. Muitas cidades europeias estão já a marcar os seus territórios. Além de que as pessoas vão mexer-se mais e irão viver em vários sítios.

Os Novos Produtos
A televisão 3D [Já está aí. A Sony vai gravar os jogos do Mundial 2010 em 3D.] Alforrecas Gourmet [Apreciadas na Ásia, estes "bichinhos do mar", que se reproduzem até mais não, estão a chegar às cozinhas refinadas da Europa.] Combustíveis de algas [Reproduzem-se a um bom ritmo e não levantam a polémica dos biocombustíveis. Um terreno fértil para as renováveis.] Schools of Life [e, se em vez de se licenciar em gestão, apostar num "curso para a vida": aprender a amar, ler poesia e a relacionar-se. Já existe em Londres: www.theschooloflife.com]

Brasil e India levantam voo
É uma potência florescente apesar da extrema desigualdade na distribuição do rendimento. Também a India, apesar de padecer de problemas sociais gravíssimos, continuará a exibir um crescimento pujante, alicerçado numa mão-de-obra jovem.

Novos Conceitos da Actividade Económica
Risco e imaginação; reinventar os sectores tradicionais; a qualidade de vida.

Os novos dispositivos móveis
Os telemóveis de nova geração e os computadores portáteis serão centrais na relação dos seres humanos uns com os outros, ligados a sistemas globais da Internet.

Eficiência energética
É impossível falar de redução de emissões de dióxido de carbono sem falar de eficiência energética. Apesar da aposta que tem sido feita nas energias renováveis, estas estão ainda muito longe de conseguir substituir os combustíveis fósseis. O petróleo, o carvão e o gás natural vão continuar a ter um peso elevado no "mix" energético durante muito tempo.




Excesso de formalismo
As variáveis serão mais e exigirão maior rapidez e capacidade de decisão, condições que se compadecem pouco com esquemas rígidos e burocratas. Ou seja, "keep it simple".

Fim do anológico
Aconteceu com as câmaras fotográficas, com os dispositivos de música, com a televisão. Será na próxima década que a televisão analógica vai ser definitivamente desligada e dará lugar à televisão digital, com melhor som e imagem.

Privacidade by by
As redes sociais reintroduziram o tema. As pessoas estão cada vez mais dispostas a partilhar informação sobre a sua vida. É essência das redes sociais. As novas gerações têm hoje uma visão da privacidade diferente. Partilham estados de espírito. Partilham fotografias. Partilham vídeos. E até contactos.

A importância dos países
Estamos num processo de diluição das fronteiras, os países perdem, de certa maneira, importância, ou têm-na a um outro nível.

A agricultura tradicional
A agricultura tradicional tenderá a acabar porque o seu custo, tal como a agricultura é hoje, será cada vez maior e tornar-se-á quase incomportável. A agricultura irá para as cidades, invadirá os apartamentos.

Cursos de papel e caneta
O baixo custo por aluno associado a cursos como História, Filosofia, Sociologia e formação de professores, entre outros, levou à formação de um número excessivo de profissionais nestas áreas. Eles continuam a ser obviamente necessários, mas o mercado está saturado. Os cursos demasiados especializados também vão sair de moda.

Os velhos produtos
Motores a gasolina [ter um carro a gasolina é estar "out" e ser irresponsável]; reality shows [este "voyeurismo" da sociedade vai estar "fora". Virá outro]; paraísos artificiais tipo Dubay [no cool anymore]; determinismo [não às teorias cartesianas e explicações fechadas]; facebook [Vão existir outras redes. Não as de um "personal reality show"].

Europa, velha Europa
Com uma pirâmide etária envelhecida, a Europa vai perder peso político e económico na cena internacional e defrontar-se-á com crescentes problemas para financiar a Segurança Social. O mesmo destino terá o Japão.

Domínio liberal sobre o pensamento económico
O domínio quase exclusivo dos académicos e do pensamento liberal sobre o pensamento económico terá chegado ao fim com esta crise. As imperfeições e limitações dos modelos e dos mercados exigirão abordagens mais pragmáticas.

Canais de TV generalistas
Os canais de televisão que tentam agradar a todos os públicos vão continuar a emagrecer, face à diversidade disponível em todos os meios de comunicação e na Internet.

A falta de qualidade
Num mundo em que vamos estar com a nossa atenção muito dividida, um novo valor vai emergir - a qualidade. Ela será determinante para consagrar produtos para públicos cada vez mais específicos. A ligação da qualidade às audiências e à captação de publicidade será determinante no novo modelo de produtos de media que chegará na próxima década.

Não fazer nada
As alterações climáticas representam um desafio para a humanidade. Sem a acção de todos - governos, empresas e cidadãos - poderemos assistir a um agravamento da situação ambiental. Sem um acordo internacional, podemos ainda registar uma deterioração das relações internacionais, que afectaria todos os regimes, incluindo o comércio internacional.

Desperdício
O desperdício vai estar "out" durante a próxima década. A mudança do padrão energético vai levar a um aumento dos preços da energia, o que levará, obrigatoriamente, a uma maior racionalidade e a um menor desperdício.


Tendo em conta, pois, o deve / haver destas previsões, temos ou não temos razões para estar optimistas para os novos tempos que aí vem? Eu penso que sim. Leiam o artigo completo, aqui.

Na imagem, o cartaz do filme "2010" de Peter Hyams.








Caros clientes: daqui a uma semana precisa o blogue Café Margoso comemora o seu segundo aniversário. Sem querer receber parabéns por antecipação - até porque é sinal de má fortuna - deixo aqui o desafio para que deixem sugestões, dicas, críticas sobre como melhorar este blogue na entrada do seu terceiro ano de existência. Porque aqui como noutros locais, o cliente tem (quase) sempre razão. Abraço.


























Sou fã incondicional dos anúncios de perfumes. Há uns melhores do que outros, naturalmente. As principais marcas pagam enormes fortunas para utilizar a imagem das maiores estrelas de cinema para as suas campanhas. Audrey Tautou, por exemplo, depois de ter dado vida à estilista Coco Chanel no filme «Coco Before Chanel» (tendo confessado que o papel mudou a sua maneira de ver a marca) empresta a sua imagem à nova campanha do perfume Chanel Nº5, a mais famosa fragância de todos os tempos. «Ela (Coco Chanel) estava sempre à frente do seu tempo. O facto de ela ter criado um perfume em 1920 que poderia ter sido criado ontem mostra bem isso», explicou Audrey. O anúncio é belíssimo e cheio de glamour, como se pode ver pelo mural ora publicado. Bom Domingo.





Também são daqueles que acham extraordinário que nas rúbricas radiofónicas do tipo "Avisos e Anúncios" se leiam anúncios de falecimento, de palestras de vulcanologia ou de descontos em caldas de tomate no supermercado Mendes & Mendes, sempre utilizando o mesmo tom de voz?



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