Arte Cafeana

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Em Outubro de 2009 nasceu Katharsis, um projecto multidisciplinar que nasceu da vontade de explorar através de linguagens artísticas os debates sobre o Tarrafal e o preso político ideológico. Trata-se essencialmente de uma homenagem a esta condição que infelizmente é actual. Homenageia-se os homens perseguidos, torturados e encarcerados; as mulheres, mães e filhos, esposam e viúvas, filhos, órfãos, vítimas que, estando em liberdade, sofrem o mesmo castigo infligido por déspotas e regimes totalitários.

Katharsis é uma instalação, é o cruzamento entre linguagens artísticas e de olhares dos criadores, um convite à reflexão sobre a condição humana. Katharsis terá a sua inauguração neste dia 10 de Dezembro, dia internacional dos direitos humanos, às 19h na sede da AJOC, Plateau - Cidade da Praia.

Quem, Quando & Onde

Ficha Técnica
Direcção Artística: César Schofield Cardoso
Filmes: César Schofield Cardoso e João Paradela
Interpretação/Pintura: Soizic Larcher
Direcção de Produção: Samira Pereira
Co-Produção Fundação Amílcar Cabral e Associação de Jornalistas de Cabo Verde

De 10 a 13 de Dezembro – das 18h22h – Entrada Livre
Clube Voz di Povo
Rua João Chapuzet (Travessa do mercado) - Plateau-Praia - Ilha Santiago




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1 comentário:

Anónimo disse...

Tambem a homenagem poetica:

Ao cabo de Cabo Verde
dobrado o cabo da guerra
quando o mar sabia a sede
e o sangue sabia a terra

acabou por ser mais forte
a esperança perseguida
porque aconteceu a morte
sem que se acabasse a vida.

Ao cabo de Cabo Verde
no campo do Tarrafal
é que o futuro se ergue
verde-rubro Portugal

é que o passado se perde
na tumba colonial,
ao cabo de Cabo Verde
não morreu o ideal.

Entre o chicote e a malária
entre a fome e as bilioses
os mártires da classe operária
recuperam suas vozes.

E vêm dizer aqui
do cabo de Cabo Verde
que não morreram ali
porque a esperança não se perde.

Bento Gonçalves torneiro
ainda trabalhas o ferro
deste povo verdadeiro
sem a ferrugem do erro.

Caldeira de nome Alfredo
fervilham no teu caixão
contra o ódio e contra o medo
gérmens de trigo e de pão.

E tu também Araújo
e tu também Castelhano
e também cada marujo
que morreu a todo o pano.

Todos vivos! Todos nossos!
vinte trinta cem ou mil
nenhum de vós é só ossos
sois todos cravos de Abril!

No campo do Tarrafal
no sítio da frigideira
hasteava Portugal
a sua maior bandeira.

Bandeira feita em segredo
com as agulhas das dores
pois o tempo do degredo
mudava o sentido às cores:

o verde de Cabo Verde
o chão da reforma agrária
e o Sol vermelho esta sede
duma água proletária.

Do cabo de Cabo Verde
chegam tão vivos os mortos
que um monumento se ergue
para cama dos seus corpos.

Pois se o sono é como o vento
que motiva um golpe de asa
é a vida o monumento
dos que voltaram a casa.

José Carlos Ary dos Santos(poema feito quando da trasladação para Portugal dos restos mortais dos 32 resistentes assassinados no Tarrafal)

a)RB