Declaração Cafeana

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A Câmara Municipal de S. Vicente está a promover um programa de reabilitação e pintura das casas da Rua da Praia, que está a deixar aquela zona da marginal do Mindelo muito bonita. Não fosse aquele sítio absurdo onde está a bomba de gasolina da Shell e era um local fantástico para se passear. Independentemente disso, parabéns à Câmara por esta feliz iniciativa.

No entanto, esta medida soa-me a um não sei quê de cínico tendo em conta que há cerca de dois anos foi colocado um imenso muro tapando parte substancial dessa mesma marginal, incluindo a vista do mítico "Pássaro", na rotunda do Mindelo, possivelmente o símbolo mais popular da cidade do Porto Grande.

Falou-se que era um projecto revolucionário e que o edifício não iria tapar a vista de forma nenhuma porque "todas as paredes eram transparentes", como se isso fosse possível ou num repente a população do Mindelo ganhasse aquele poder fantástico do Super Homem de conseguir ver através de paredes de cimento, por acaso um sonho meu de juventude, na ânsia de conseguir ver umas garotas descascadas no balneário do Liceu.

A obra parou. Um ano inteiro. Deixou plantado naquele enorme espaço nobre uma absurda e gigantesca estrutura de cimento. E ninguém diz nada, ninguém se manifesta. Mais uma passagem de ano vem aí, e estou curioso para saber se aquele local vai servir, como aconteceu o ano passado, para o Reveillon da alta burguesia mindelense. Até para mostrar que aquela sétima maravilha planetária, quando estiver pronta - a data exacta, ninguém sabe, ninguém diz - não será para qualquer um, nem para qualquer bolsa. Já que gostam tanto do paralelismo com o Brasil, isto é um pouco com se um grande muro tapasse a praia de Copacabana e se impedisse a população de ver o mar. 

A verdade é que hoje um muro de cimento tapa a nossa marginal. E um muro de silêncio, estranho e cúmplice, invade praticamente toda a população de S. Vicente. Ninguém fala sobre isto. É inacreditável. Nem aquelas vozes mais incómodas ao poder se manifestam. Nem a comunicação social. Nem na montra do Djibla! É grave. Será que isso acontece porque este projecto foi aprovado, em simultâneo pelo poder central e pelo poder municipal, por exigência legal da sua localização? E este é um caso onde ninguém amarelo pode apontar o dedo a ninguém verde, e vice-versa? Como é possível nos roubarem a marginal desta forma? 

O que eu sei é que a vista que está na imagem deste post, nunca mais a vou ter. E já se pode dizer que a cidade do Mindelo também tem o seu muro da vergonha.




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4 comentários:

Unknown disse...

Este silêncio é esclarecedor. Ou então, não há ninguém do Mindelo a ler o Café Margoso...

Anónimo disse...

Tchiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
É um muro "complicado", também não gosto dele :(
Vamos ver por mais quanto tempo ficará por lá.
Bijim

Anónimo disse...

Nobody cares my friend.

Anónimo disse...

Mmmmm... So pa contraria: paqê "7a" maravilha do mundo?

Fora disso, am otcha q'straga Avenida Marginal foi idea daqel bom. Inda bem q'tem urbanista inspirod na Mindel: era pa cria um equilibro entre a cidade "intra muros" e Porto Grande - m'ta po um cosa feia na rua de lisboa, e m'ta po um cosa feia na marginal, cada um tem direit' a sê intchoss.