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Hoje, o que me parece é que somos uma cambada de alienados, que não se interessa realmente pelo que está acontecendo à nossa volta. Basta fazer uma ronda na Internet, recordar o que se anda a dizer há anos sobre o ambiente, o turismo, o ensino superior, a política cultural, o Éden Park, o património, a falta de vergonha na cara, os terrenos, as alfândegas, o estado da Justiça, a falta de cinema, a pobreza, o desaparecimento de tesouros nacionais, as estatísticas, o Café Royal, a economia...

... para verificar que se não está tudo na mesma, é porque muitas dos factos que nos fizeram escrever e gritar aos sete ventos a nossa indignação, acabaram mesmo por acontecer, apesar da nossa vontade, da nossa indignação, da nossa gritaria, da nossa histeria, do nosso silêncio, do nosso medo. Tanto barulho para nada, diria Shakespeare, e saber que tudo isso é apenas uma desculpa que nós damos a nós próprios de que afinal, contamos para alguma coisa.

Há dias em que me parece que não contamos assim tanto. E se tenho dúvidas em relação a isso, há algo que constato sem um pingo de hesitação: a culpa é nossa.