Café Visual

15 Comments

Porque (algumas) imagens valem por mil palavras



Imagem: fotografia de Georgina Cranston, «Unclean Water», Sudão




You may also like

15 comentários:

Anónimo disse...

Alguns são fotógrafos e outros (como eu) tiram retratos.

Fico a imaginar se somente eu tivesse visto esta imagem e quisesse partilha-la com alguém, poderia passar três dias a falar e ninguém teria a real ideia desse momento.

Realmente, esta vale mais que mil palavras.

Unknown disse...

Olha, um fotografo profissional que deixou um comment no post sobre o Plágio «Arte...», disse algo muito interessante sobre isso mesmo...

Abraço!

Paulino Dias disse...

JB,

Grandesissima PORRA!!!!, man...

No coments.

Abraco,
Paulino

Unknown disse...

Haha, gora bo comentário, kabá ke mim, oh Paulino! Mas a imagem justifica a reacção, concordo!

Anónimo disse...

Essa imagem mais do que valer por mil palavras, diz tudo!

Alex disse...

Há algo naquele título que não gosto. Não gosto mesmo. Talvez o seu lado demasiado óbvio. E o que é demasiado óbvio tende, por vezes, à obscenidade. Sinto aquele título um pouco como uma rasura na foto, essa sim NO COMMENT'S, que é sempre o melhor COMMENT. Há algo de unclean no título. Mas o defeito deve ser meu.
Se a foto mostrasse um prato cheio de moscas, ou uma panela suja por onde alguém comesse, o comment continuaria a ser despudoradamente unclean. Porque tudo o que é óbvio, tudo o que o óbvio toca, MATA!
Vejo o miúdo a beber e penso num gesto de redenção. Penso, e creio, que não há ali nada de unclean. Vejo naquele gesto um beijo, um beijo que purifica mais do que um beijo que infecte (como faz tudo o que é unclean). Lembram-se daquele refrão: "Se beber morro, se não beber morro, então...". É isso. E não há em nenhum acto deseperado algo de unclean, porque todo o grito pela vida é um grito justo e clean. Como esse acto de "beijar a água", com tanta delicadeza como se a quizesse purificar. Esse beijo de que falo, não é um gesto estético (que foto estupidamente bonita), mas um grito moral (SOU HUMANO, desesperadamente humano. Neste gesto jogo todos os dias a minha sobrevivência). Tudo nessa foto é clean. Só o olhar sacrílego do fotógrafo, e o nosso, é que é unclean. E o título conspurcador, é claro!
Tudo o resto é que é unclean. Este mundo filho da puta p.ex.! Como diz eloquentemente o Paulino, "Grandesissima PORRA!!!!"
É isso!
1AB
ZCunha

Unknown disse...

Confesso que já sentia falta dos comment's do ZCunha. Aliás, eu entendo este muito bem, mas nem me importei muito com o título. Este post chama-se Café Visual. A imagem é fantástica. O titulo é infeliz, porque o que ressalta ali não é o facto da água ser limpa ou suja, mas da relação - quase de amor - da criança com a sua imagem na água. O resto é conversa!

Anónimo disse...

é sintomático que uns vejam essa relação entre a criança e a sua imagem e outros (como eu) vejam o gesto de se beber água de uma fonte aparentemente "unclean". Eu tenho esse "defeito" de só ver o obvio na arte, seja ela fotográfica, pintura ou outra. Talvez precisemos aprender a ver, efectivamente, não concordam?

Anónimo disse...

Que engraçado "relação da criança com a sua imagem na água..." as vezes que passei pela foto intendi sempre um acto desesperado de sede (literal)... tanta sede no Sudão que até "unclean water" se bebe...

Será que é uma perspectiva descabida, a minha???

Unknown disse...

O Almiro e o anonimo dizem praticamente a mesma coisa, o que e' curioso. Nao me parece que deva haver regras de como interpretar uma imagem, um filme, um livro... Se vcs viram isso, pronto. Nao vos diminui em nada. Penso eu de que.

Anónimo disse...

Confesso que quando abri a pagina do teu blog e vi esta foto pensei na relação criança a ver seu reflexo na agua. Só depois de ler a legenda é que fiz a outra leitura.....

Alex disse...

Meus Caros Almiro e Anónimo

Estou com o João quanto à leitura final que ele faz aos vossos comentários. No entanto, as vossas abordagens parecendo próximas, e até semelhantes, de facto não são. Levaram-me a reflectir no assunto e a escrever sobre o que distingue o OLHAR ÓBVIO de Almiro, do OLHAR LITERAL de Anónimo. É muita a diferença, mas é sobretudo uma diferença fundamental. Irei publicar noutro lugar a minha opinião.
Para já limitar-me-ei a dizer o seguinte:
Almiro, ver só o óbvio na arte (como dizes) de facto é defeito, e sem aspas! Mas tens todo o direito a isso!
Anónimo, a tua leitura LITERAL não é de modo nenhum descabida. É uma de muitas possibilidades de se LER qq coisa.
Esta a grande diferença. Para mim o óbvio é sempre uma NÃO-LEITURA. A leitura LITERAL apesar de pobre e redutora (algumas vezes não há mesmo alternativa), é sempre uma leitura, mesmo que mínima, e às vezes até preguiçosa.
A leitura que fiz da foto, via crítica ao título, é moral e política.
A do João é simbolica, socorrendo-se de Narciso. Tenho reservas dadas as circunstâncias. Mas é perfeitamente possível. Mais, é um bom exemplo do que não é uma leitura LITERAL, e muito menos óbvia.
Espero ter sido claro.
ZCunha

Alex disse...

Uma outra ordem de questões, ou talvez não. Vejamos.
Olhando para esta foto, há nela algo que nos impeça de a apreciarmos de um ponto de vista exclusivamente estético (se é que um tal ponto de vista realmente existe, isolado de qq outra forma de racionalização), sem que as instâncias moral, ética e política, que, parece-me, lhe estão subjacentes interfiram?
Aliás, confesso que foi esta questão que me levou a reagir ao título. E se aquele título, de tão aparentemente óbvio, for uma provocação?
Um comentário meramente estético, ou simplesmente da ordem do gosto pessoal (não obrigatoriamente óbvio ou literal), não se limitará a ser um comentário frívolo e oco, se não mesmo reaccionário?
A questão é esta:
É possível olhar aquela foto e ignorar tudo o que ela envolve, tudo para o que ela remete? Tal atitude não equivale a virar a cara, a ignorar o que se passa à nossa volta, e a fingir que não vemos o que nos está a ser mostrado para além do que se mostra (para além do óbvio)?
É possível uma ARTE DO ÓBVIO? A ser possível, quais são os riscos para a arte e para o espectador?
É possível uma arte que não desloque o olhar e a atenção (para um além si mesma, para um além óbvio)?
Uma arte que não questione (a distracção), que não perturbe (o cansaço), que não incomode (o óbvio)?
É possível uma arte pela arte, um olhar estético hielofilizado e isolável (após Auschwitz, Ruanda, Cambodja, etc...)?
O que é afinal, OLHAR, senão OLHAR-ME!?!

A foto de que estamos a falar aqui, observado do ponto de vista estético, perde alguma coisa se também visto como um grito de protesto? Ou seja a instância estética impede ou reduz a possibilidade de uma instância política e moral? No caso desta foto, é moralmente aceitável um olhar apenas, e meramente, ESTÉTICO? Qual a fronteira entre estética e ética? A existir, ela é sempre pertinente?
E podia continuar por aí.
Creio que subjacente a estas interrogações há duas questões que emergem:
O QUE É A ARTE? PARA QUE SERVE?
Mesmo que consider que é uma questão redundante, já que perguntar pela Arte é perguntar também pela sua utilidade e função. Ou não?
Fiquem bem.
ZCunha

Anónimo disse...

obrigado ZCunha. Quando junto teus 2 comentários, restam-me subsidios que podem ajudar a aprimorar minha forma de olhar. E aí terei atinjido meu objectivo com meu comentario, que era obter um feedback sobre o que leva as pessoas a ver a arte de forma diferente do meu (repare que, falando genéricamente, e apesar de ninguem referir explicitamente isso, o que é obvio para mim, poderia não ser para outros, se eu, de repente expressar meu sentir sobre obras quaisquer). Isto fez-me voltar a um post do JB no café de algum tempo atrás, para referir que só mesmo nos blogs consegue-se discutir o que não discutimos em outros forúns. E assim, vamos acrescentando alguma coisa uns aos outros, pois faltam pessoas críticas mas que conheçam algo daquilo que falam e que seja mais do que aquilo que nós/eu conhecemos para haver mais valia. Só para dar um exemplo ilustrativo da minha ideia, e fechar este post que já vai longo, todos dizem na nossa comunicação social que o petróleo já subiu para x escudos e ninguem com conhecimento de causa se lembra de explicar ao Povinho porquê o preço não pára de subir e daí gerar cultura de discutir e criar alternativas (quem sabe?). Por esse andar, qualquer dia vai custar 1000 escudos o litro e todos acham normal e aceitavel? É conjuntura internacional e pronto.
Abraços a todos.

Unknown disse...

Pelo conteudo dos comments aqui publicados, está mais do que certo, que belas imagens podem dar belas conversas sobre arte, vida e outros quejandos. Obrigado clientela do Margoso!