Cafeína

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"Oiço pela rádio notícias das mortes, dos números e tento atribuir-me um número na estatística. Sou um bilhete de totoloto. O meu medo não é morrer e dar trabalho aos outros. Meu medo é morrer simplesmente. Deixar de existir. Eu vou ser quem mais pena terá. E o meu filho. Indiferente a tudo chuchando no dedo. Se lhe acontece alguma coisa, faço o quê? Culpo Basílio, Zé Maria, Ulisses, Filú? eles que esperaram até ao último momento para pedir ajuda internacional?Culpo a mim por ter nascido num país miserável, onde se vive no meio do lixo, onde os políticos são arrogantes e a sociedade civil não passa de engrenagem eleitoralista? Muitos ainda vão tombar. Não vale a pena lamentar. Não é preciso ninguém sair do seu bairro. Cada um que inspeccione seu bairro como o faz com o seu corpo. Não é preciso ninguém dar ordens, não preciso que ninguém me dê ordens."

Abraão Vicente em Linha Rosa




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1 comentário:

Anónimo disse...

Ah pois é ! Isto vai dar uma volta de 180 graus! Pode ser que assim se sabia que ness "Nha Terra" chei de cretcheu "Nhas Cretcheu" há também lugares para bichinhos minúsculos mas perigosos!