Perguntas Cafeanas

27 Comments




Porque lemos tão pouco?


À melhor resposta, ofereço um café




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27 comentários:

Anónimo disse...

Ouso dizer que é pelo facto dos livros não virem em garrafas e muito menos em cálices. Senão, seria todo o "Kriolu" um rato da biblioteca.

Também é verdade, que se nossos bares vendessem livros, estaríamos limitados aos balóitines...

"A incultura é que incenteveia a proliferação da corruptância!"

Anónimo disse...

Olá João
Ainda no outro dia estava a perguntar a mim mesma pq ando a ler tão pouco... fui apresentada aos livros ainda miuda. Minha tia/madrinha enviou-me a coleção inteira dos CINCO, tinha eu dez anos .... fiquei agarrada, completamente viciada ao ponto de sempre (até hoje) quando perguntava o que queria como presente de niver/natal a resposta sempre foi a mesma: livros!!!

Eu sei pq ando a ler tão pouco....
mas o cabo-verdiano lÊ pouco talvez porque: aqui os livros são MUITO caros; a forma como a literatura é abordada no nosso sistema de ensino é pouco estimulador; "se já existe o filme baseado no livro, para quê vou ler o livro" é a resposta que mais ouço qdo pergunto por exemplo se já leram "O Conde de Monte Cristo"....

Neste momento estou lendo " Catarina A Grande" uma das muitas Biografia da Imperatriz da Russia. Estou adorando....

Abraço

Unknown disse...

Dundu: xxiii, essa foi forte!

Kuskas: a colecção dos cinco! Bem, li tudo! E depois «Os Sete», e «O Colégio das Quatro Torres» e a coleção «Mistério»... Depois, a partir de uma certa idade (12/13 anos) deu-me para o Jack London. Adorava tudo o que ele escrevia e li praticamente todos os romances dele. Agora, quanto às causas, eu penso que o maior problema está mesmo em casa. Ninguém incentiva ninguém à leitura. Hoje em dia, em CV, há muitas bibliotecas, sejam elas municipais, de instituições como os Centros Culturais, etc. Não me parece que o preço dos livros sejam a principal justificação.

Anónimo disse...

Para mim o preço dos livros não é impecilho para os comprar: aliás dia desses tive a fazer contas/avaliar a minha bliblioteca, quase que dava para comprar um carro ahahahah

Mas tens razão, o maior problema é em casa: por exemplo como é que os pais querem que os filhos tenham o habito da leitura, se os proprios nunca leem?
minha mãe só aprendeu a escrever o proprio nome, mas ela sempre nos pedia e ainda pede para lermos para ela.
Muitos acham exagero pq desde o dia que a minha filha nasceu que leio para ela....

Li o que escreveste sobre a tua filha e os livros e digo-te: tenho uma amiga que para fazer o filho ler, ela colocava-lhe uma nota de 500 escudos como marcador. Ao terminar o livro e depois de passar por uma sabatina sobre o mesmo o miudo ganhava os 500 escudos....

Unknown disse...

O método da tua amiga é muito interessante. E ao mesmo tempo arrepiante. Por outro lado, nunca saberia ela se o filho efectivamente lia tudo do principio ao fim... hehehe Seja como for, já é um fantástico sinal que ela faça isso para que o filho leia.

Anónimo disse...

Acho que no nosso país se lê pouco porque, antes de mais, ñ temos uma cultura de leitura. No geral ñ nos foi incutido o hábito de leitura (salvo excepções é claro) e são poucas as pessoas que cresceram com livros em casa. Tb estou de acordo que o preço ñ é um estorvo pk ,como disseste João, ñ temos crise de bibliotecas. Muitos dos livros que eu li foram das bibliotecas. Eu particularmente ñ tenho lido muito por falta de tempo, mas vontade ñ me falta. O último livro que eu li e que já faz um tempinho, foi "Crónicas de uma morte anunciada" de Garcia Marquez.

Alex disse...

Porque os livros ainda não são impressos em PAPEL HIGIÉNICÙ??
ZC

Anónimo disse...

Depende do incentivo e da forma como os livros entram nas nossas vidas , é bom começar cedo, mesmo com 1 ou dois anos de idade,com livros com imagens e pequenas historias,coisa que em cabo verde a maioria das pessoas não faz,e com a idade adaptar-se a novos livros ,tipo infantis,juvenis e depois apartir dos 12 /13 introduzir alguns "classicos de leitura facil" aventura e outros julio verne,Tolkien, banda desenhada (sou fã absoluto, destes dias farei um post sobre bd eh eh )que em cabo verde também não têm a repercursão que devia, mas acredito que não é a obrigação de ler um livro que te faz um bom leitor (e a escola é prova isso), deve-se ler por prazer,não por influência ou por moda(ex Harry Potter,odeio)e depois logo se vê!
mudando de assunto...uma vez encontrei algures num bar um livro com um bilhete escrito "que se estivesse interessado em le-lo,poderia faze-lo desde que depois escreve-se um bilhete tb e deixa-se o livro algures num bar, é bom metodo de leitura e de passagem de corrente(de livros), mas pode sair caro,mas não deixa de ser uma boa ideia...

Anónimo disse...

LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Unknown disse...

Exacto Sisi. Não temos uma «cultura» de leitura. É a preguiça mental em formato global.

Alex: aqui teriamos também que ter impressões em pedras de calçada e folha de mato...

Hiena: uma corrente dessas aqui nunca resultaria. Nem é preciso dizer porquê...

Anónimo das 10 e dezassete: é uma forma de ver as coisas. Mas todos esses prazeres da vida não desaparecem pelo simples facto de gostarmos de ler, pois não? Aliás, o exemplo de Jesus nem é muito feliz, tendo em conta que acabou espancado e morto na cruz. Com ou sem biblioteca.

Anónimo disse...

Este poema do Fernando Pessoa cujo título é LIBERDADE é mesmo sobre a LIBERDADE! E amanhã é 25 de Abril (pareceu-me mesmo a propósito)...
Além disso o maior prazer da vida é decidir o que se quer fazer, é ter LIBERDADE para se decidir. É assim que entendo este poema! Se lemos pouco ou muito, além de ser cultural é escolha... Felizmente já quase todos sabemos ler, que não lê mais é porque não quer!!!

Em relação ao JC "tendo em conta que acabou espancado e morto na cruz" tb foi cultural, mas a "cultura" da época, e por uma causa!!!

Miguel Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Anónimo, eu entendi o alcance e o porquê do poema, só não concordo muito é com a pertinência deste no contexto desta pergunta. Claro que somos livres de escolher se queremos ler ou não ler, mas essa escolha, como quase todas hoje em dia, de resto, está profundamente condicionada pelo nosso ambiente familiar, social, cultural, económico, politico, etc. O livre arbítrio de cada um está cada vez mais condicionado por uma lavagem cerebral a larga escala que começa e acaba sobretudo nos meios de comunicação de massa, nomeadamente a televisão. Quem diz que não lê porque não tem tempo, eu pergunto: quanto tempo por dia gastam a ver televisão? Muito mesmo. Se uma pequena parcela fosse dedicada à leitura, quem sabe... Mas para isso é fundamental que todo o nosso ambiente, socialização, cultura adquirida, nos dê motivação para que isso aconteça. Não sendo assim, os apelos para outro tipo de «entretenimento» são muito mais poderosos.

Miguel: o que dizes é verdade, há muitos leitores compulsivos que são autênticas bestas, mas um não é corolário do outro. Não tem nada a ver. Penso eu de que...

Anónimo disse...

Porque ha bons filmes ?
Eu desde que tive acesso quase ilimitado aos filmes confesso que tenho comprometido o meu amor a leitura pela forma mais facil e rapida de ver um bom filme.

Quando crianca em CV nao tive accesso a bibliotecas, nao havia nenhuma no meu tempo mas o que faziamos era pedir emprestado a quem tinha livros e assim circulavam.
Agora aqui nos "States" ha um sistema de troca de livros por correio que facilita o acesso a livros, cada um que envie um livro tem direito a receber um e assim por diante, uma forma de intercambio que tenho utilizado para adquirir livros que aprecio.
Tambem acho que a discussao de livros por grupos de leitura ajuda a incentivar e propagar boa leitura.
Sera que essas ideas funcionariao ai ?

Sara

Unknown disse...

Achei esse sistema de troca de livros muito interessante, Sara, mas dúvido que funcione por aqui. Comigo seria um desastre: esqueço-me sempre que (e a quem) empresto os livros que empresto, e quando tenho de outros, também me esqueço de os devolver (mea culpa)!

Alex disse...

Pois é Sara, grande confissão. Tens toda a razão, esse é um dos problemas. Mas a coisa é tão complexa que vou mesmo ficar pela tua deixa. Deixa, que deveria ser QUEIXA!
1- Nenhum bom filme justifica o abandono dos livros, bem pelo contrário;
2- Tudo é uma questão de critérios e prioridades. É injusto ter de escolher entre uma coisa e outra quando podemos ter ambas, com muito mais proveito;
3- É uma ENORME ilusão pensar-se que basta ver um bom filme para nos sentirmos dispensados de ler o livro, ou simplesmente livros. Por melhor que seja um filme (p.ex., a talhe de foice, o Apocalipse Now) não se ler o Conrad é uma perda enorme. Um exemplo 'en passant'. Nunca descobriremos o quão genial é a daptação, e a actualização temática, que o Coppola faz do "Coração das Trevas". Só lendo, vendo, e comparando. É lendo e vendo, que percebemos que nem o livro nem o filme são "objectos" dispensáveis.
4- Por mais que se repita o cliché "uma imagem vale por mil palavras" eu dispensaria de ler (p.ex.) "A sombra do vento", só porque vem aí o filme (Dizem.). Nenhuma realização conseguirá apanhar integralmente a riqueza, a beleza, e a intensidade hipnótica deste romance do Carlos Ruiz Zafón. Ou de "As velas ardem até ao fim", ou de "Memórias de Adriano", ou de...
5- Termino com o seguinte. Atrás de um bom cinéfilo está SEMPRE um bom leitor.
Um reparo. Quando dizes que estás a "comprometer o meu amor à leitura", não é comprometer, é trair mesmo.(Mas já sei que vão aparecer por aí alguns maduros a querer explicar-te que isso não é Amor, que isso é Paixão, e blá, blá, blá). O que importa aqui reter, é que o prejuízo é só, e todo, teu. Como leitora, e, 'hélas', como cinéfila.
Podiamos depois continuar por aí fora escavando outras razões associadas às sociedades mordenas, nomeadamente a relação que mantemos hoje com as imagens, e o poder destas. Khomeni, enganou-se. As imagens é que são o ópio do povo. (Olha só esta cafeana, João!)
Mas ... prometi não me estender muito. Fico por aqui.
ZC

Anónimo disse...

É verdadeiramente estranho que o cabo verdiano tão limitado na geografia de umas ilhas tão pequenas e tão inventivo nas letras das mais belas canções do Atlantico não se deixe conquistar pela forma de viajar tão barata e prazenteira que é um livro. Eu pessoalmente desde pequenina que tenho a paixão pela leitura as experiencias literárias sempre proporcionram-me uma forma de conhecer lugares e sentimentos que de outra forma não seria possivel. Infelizmente não posso responder s em Cabo Verde não se lê por falta de cultura ou do dinheiro. Mas posso deixar um concelho a todos os que gostam de ler: partilhe a sua paião com os amigos, familiares e conhecidos e não desista facilmente quando notar falta de entusiasmo. Tenho aprendido ao longo da vida que aquilo que acaba por impressionar mais as pessoas é o entusiamo e a persistênsia. Por isso sejam chatos e persistentes com os vossos amigos e mesmo que a pessoa diga que não vai ler o livro nunca se sabe s un dia sem nada para fazer ela pensa: Porque não...
VT

Anónimo disse...

Ai, ai, ai, ja estava ver quando o ZC me ia cair em cima mas confesso que mereco. (JB, nao me defendes ;-) ?

E uma questao de equilibrio e continuo a procurar esse equilibrio entre a imagem na tela e a imagem na mente. Gosto de ler e gosto de ver filmes, pronto !

Para mim tambem e uma simbiose: muitas vezes os filmes fazem-me ir logo a biblioteca procurar livros sobre o assunto que acabei de ver (ex: "Short Cut to Nirvana" e Kumbh Mela na India)outras vezes um bom livro leva-me a procurar filmes sobre o assunto (ex: Tahir Shah's "In Search of the Birdmen of Peru" e os filmes de Herzog como Fitzcarraldo e Aguirre)

Para mim o impacto de um bom livro e mais duradouro de que o de um filme por melhor que seja mas a verdade e que me deixo seduzir pela imagem na tela e ja nao leio tanto como antes e nisso estou a trair o meu amor a leitura como dizes ...

Sara

Unknown disse...

ZCunha: falaste bem, mas vai com calma com a nossa Sara, que é das mais fieis aqui no Margoso! Tu és uma espécie de Provedor do Café Margoso, mas vê lá, não me espantes a clientela! (P.S. Fora isso, estou sintonizado com as tuas opiniões filmes versus livros);

VT: é por isso que não tenho muitos livros. Empresto muito aos amigos, porque nós podemos comprar um livro, levá-lo para casa, esquecermo-nos dele. e nunca mais pensar no assunto. Mas quando é um amigo que nos empresta, temos quase a obrigação de o ler, não é?

Sara: Já está feita a tua defesa. Mas nem precisavas, pelo nivel do teu comment. Um abraço!

Alex disse...

João, não tenhas medo de perder clientela. Este diálogos cruzados são absolutamente necessários, e um dos segredos do sucesso do teu Blog.
Deixa-te de servir de intermediário entre dialogantes (há pouco era com a Catarina), e concentra-te em "servir a mesa". Não tenhas medo.
Sara, eu servi-me do teu comentário (corajoso aliás) como pretexto para a minha reflexão. O teu caso é o de muita gente (que não tem a tua coragem de o reconhecer), e foi para o geral, e não só para Ti, que falei. O reparo final, esse sim era-te dirigido. Não foi, não pretendeu ser, um ataque pessoal, o que penso compreendeste. Não ando aqui para isso. Espero não ter de dar muitas explicações ou justificações destas porque julgo que estamos entre gente adulta e inteligente.
Não disse, nem digo, que devemos ir ler todos os livros dos filmes que vimos. Nem de perto nem de longe. Isso seria um disparate. Não fariamos mais nada. Aliás, não são assim tantos os filmes que, vistos, me levariam a ir procurar o livro. Já acontece-me muito mais vezes desejar que tal livro seja adaptado ao Cinema ou ao Teatro. São raros os filmes fiéis aos livros. E se calhar não têm que o ser. Uma série de televisão, uma série histórica, talvez tenham esse dever de fidelidade. Quanto aos resto sou pelas adaptações livres (o que não significa que vale tudo). O resto depende do Guionista e da criatividade do Realizador. Mesmo quando um filme procura essa fidelidade, não deixa de ser o que é, uma adaptação (leitura aproximada), mas é já outra coisa, outra linguagem. Um filme, ou uma peça, são sempre uma leitura de um certo texto. Mas quando estamos perante a adaptação de um texto com o qual temos uma relação especial, ou de um clássico, temos a curiosidade de comparar. O que é injusto. Um filme, ou uma peça, adaptados têm vida própria, são outra coisa (um pouco com o que se passa com certas traduções e/ou tradutores). O que espero lá encontrar é A LEITURA da obra literária que eu conheço, ou desejo conhecer, e é sobre essa leitura que tenho de fazer o meu juízo, e não comparar livro e filme. Coisa diferente é estabelecer pontes, pontos de contacto ou curto-circuitos, etc., etc. É que no outo comment usei a expressão COMPARAR, e é essa que quero aqui clarificar. Às vezes as facilidades de linguagem traem um certo rigor de pensamento (mas, afinal isto é conversa de Café, não é verdade). Espero ter conseguido.

Para exemplificar o que acabo de dizer e fugindo à relação LITERATURA/CINEMA, desafiava o João a colocar a imagem de GUERNICA, de Picasso, e o Poema do Carlos de Oliveira sobre a obra.

Abçs
ZC

Unknown disse...

ZCunha, apenas respondi à Sara assim, porque ela me perguntou directamente «se eu não a defendia», em tom de brincadeira. O meu comment para ti foi no mesmo espírito. Aqui não há medos. Como dizes, o diálogo entre todos nós é uma das razões de ser do Margoso.

Em relação ao desafio, fica já para amanhã. Sugestoes como essa são sempre bem-vindas.

Um abraço

Anónimo disse...

Que viva o Margoso, os clientes e este sentir que estamos a dialogar apesar de estarmos longe uns dos outros.
E tudo brincadeira, e tudo serio e para mim um prazer receber comentarios do ZC do JB e de quem seja.

Ja agora vai uma sugestao para uma pergunta cafeana (quem sabe).
- Que livros estamos a ler ? Ou filmes a ver :-)

Peace & Love

Sara

Unknown disse...

E viva bô, Sara! /A minha leitura actual está ali, na coluna da esquerda...

Anónimo disse...

Optima ideia Sara. E talvez nas respostas até encontramos titulos para as proximas leituras. Acabei de ler o Expiação(recomendo vivamente) e ainda não decidi o que ler agora. Aguardo sugestões!
VT

Unknown disse...

VT, «todos os nomes» de Saramago. Uma das obras menos conhecidas do Nobel, mas uma das minhas preferidas.

Anónimo disse...

Bem, já que o VT pede sugestões, cá vai uma da minha eleição: Richard Zimler (qualquer um... eu começei pelo "Último Cabalista de Lisboa")
não te arrependerás!!!

Catarina Cardoso

Unknown disse...

Boa, Catarina!