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Hoje, acordei com um amargo de boca. Diferente daquele sabor sabe sabim que sentimos quando bebemos o café sem açucar. Assim fiquei desde que vi ontem no telejornal da TCV, a reportagem sobre a conferência de imprensa que Sua Excelência o Embaixador da China em Cabo Verde deu a propósito dos acontecimentos no Tibete.

Lembrei-me que em 1989, estava eu pisando os caminhos da Tapada da Ajuda, um acontecimento viria a abalar a minha juventude. Estive nas manifestações silenciosas que então se organizaram, fiz vigílias, chorei pela impotência que me consumia.

Vinte anos depois, querem-me convencer que, afinal de contas, o Dalai Lama é uma espécie de terrorista global e que os individuos carecas disfarçados de monges cõr-de-laranja são, apenas, uma tribo de malfeitores.

Mas convém protestar baixinho. Se possível, em silêncio. Não se pode cuspir no prato que nos dá de comer, que nos constrói edifícios emblemáticos na capital, que «incentiva» o comércio, que nos brinda, de quando em quando, com memoráveis espectáculos de circo acrobático.

O mais importante talvez seja pensar naquela menina que, graças ao seu esforço quase sobrenatural, vai ostentar, orgulhosamente, a bandeira nacional na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Saber-se que a realização dos Jogos Olímpicos por parte da China não melhorou a situação deste país em relação aos direitos humanos, é um mero pormenor.

É que, segundo afirma o último relatório da Amnistia Internacional, China: The Olympics countdown - crackdown on activists threatens Olympics legacy, as reformas no sistema de pena de morte e maior liberdade de actuação para jornalistas estrangeiros foram ofuscados por um aumento de detenções sem julgamento, repressão a activistas dos direitos humanos e censura da Internet.

Shiuuuuuuu..... (ver definição, «esquecimento» no post seguinte)