Respostas Cafeanas

6 Comments


Alguém, que de forma civilizada, respondeu às minhas perguntas. Cá estão elas:

Qual é o mal de vir a Cabo Verde tentar a sorte? Se tem habilitações para tal, não vejo onde posssa estar o problema.

Mal nenhum, companheiro. Cabo Verde, tal como Portugal, Senegal ou Brasil, é terra da emigração e da imigração. Aqui, o companheiro vem de longe e se torna benvindo. Nesta roda concêntrica, em torno do sol, somos genuinamente multiculturais e, aos poucos, nos libertamos de um passado traumático que se não branquea com os rompantes da paridade monetária, da parceria especial e dos exercícios da NATO. É preciso mais, muito mais. Que muito mais gente tente a sorte pelo Mundo - esse wider spectrum de que falava John Lennon em "Imagine". Cabo Verde, Portugal, Senegal, Brasil, you may name it...

Despir-se de preconceitos, porquê? Por falar de barracas com pessoas a viver em condições desumanas ou por denunciar o comportamento de alguns políticos?

Despir-se de preconceitos, naturalmente. Pensarmos com as nossas próprias cabeças, como diria Amilcar Cabral. As barracas (e as Buracas) da vida são problemas de direitos humanos e devem ser denunciadas por todos e em todo o lugar. E o comportamento de alguns políticos, bem como de certos jornalistas, nacionais e estrangeiros, que lhes prestam servicinhos devem ser denunciados sempre. Pelo que li, a crítica postada no Blog "Os Momentos" não punha em causa o jornalismo crítico e acutilante, mas sim aquele medíocre e malidecente, a passar pela rama da deontologia e da ética. Convenhamos que há muita leveza insustentável por aí e há que investir em gente mais qualificada...

E um País que sobreviveu às secas, fome, miséria, escravatura e colonização é imune a críticas?

Críticas é o que se quer, companheiro! Críticas sérias, sustentadas e substantivas. Puras cantigas de escárnio e de mal-dizer não animam ninguém nem a nada neste terreiro. Valentias de pura afirmação, tomamo-las apenas e tão-só como liberdade de expressão, que é muito e importante, mas de modo algum como jornalismo, que tem cânones para outra freguesia. Há gente a querer matar amanhã um velho que morreu ontem. Aliás, e ainda bem, matamo-lo ontem. Era o velho das secas, das fomes, das misérias, das escravaturas e das colonizações.

Criticar é espartilhar o país? E silenciar, é o quê?

Espartilhar nesse caso merece ser entendido em sua semântica complexa. A rigor, um país com a endurance de Cabo Verde não se espartilha facilmente. Mordaças a um poeta? Ovídio Martins considerava isso amiúde o único impossível. De modo que silenciar não cola. Nem aqui, nem na China...


Filinto Elísio - Poeta (com letra grande)


Comentário Cafeano: dou-me por satisfeito. Mas que fique desde já claro: a incompetência, o compadrio, o silêncio cuúmplice e o frete, no jornalismo ou noutras profissões, não tem nacionalidade própria e identificável. Se constatar isso é esparilhar, que seja. E os silêncios? Os poetas podem não calar. Naturalmente, isso seria anti-natura. Mas será que descobrimos, finalmente, que afinal não existe (nunca existiu) a tal auto-censura de que tanto ouvi falar todos estes anos, da boca dos próprios elementos da classe?



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6 comentários:

Anónimo disse...

João não achas que estas a superestimar-te?

Como sabiamente disseste compraste uma guerra que não é sua. Por acaso és jornalista? Por acaso, além de uns textinhos a dar graxa no primeiro-ministro, José Maria Neves, costumas escrever algo de jeito? Não.

Por teres um blog em que na maioria das vezes limitas-te a fazer um copy/paste dos texto dos outros, como aliás fizeste com o blog da Margarida, não quer dizer que sejas jornalista, não achas?

Vê lá se te situas.

Margarida disse...

Continuo a achar curiosa toda a polémica em torno de um post que para mim é simples: preconceito, racismo latente e lá no fundo um certo medo desses "Velhos do Restelo" de que falo no meu blog. Medo de caírem do poleiro; medo de que as suas grandes convicções e formas de fazer jornalismo sejam questionadas por jovens que chegam com vontade de fazer mais e encontram uma comunicação social, ela sim, espartilhada pelos poderes políticos, compadrios estabelecidos e pela inércia geral.
Uma comunicação social que nas hora vagas dá voz e a cara por produtos, instituições e outras causas publicitárias, muito poucas vezes nobres.
A RTP sofria desse mal há uns anos... desses senhores que se sentavam na cadeira dia após dia, faziam valer os nomes e sobrenomes e de mês a mês punham uma reportagem no ar. Felizmente houve a coragem de "limpar a casa", e deixar entrar sangue novo.
Talvez seja isso que o jornalimso cabo-verdiano está a precisar. Sem medos, porque os que são bons, serão sempre bons em qualquer parte do mundo, época ou conselho de administração.

Fonseca Soares disse...

Atenção, meu caro amigo JB, ao 'peso' das palavras... Quando escreves:'Alguém, que de forma civilizada, respondeu às minhas perguntas'... devo entender/ler que eu e outros não fomos 'civilizados'?

Unknown disse...

Anónimo, além de escreveres barbaridades sem dar a cara, não conheces nada da minha vida. Mas se fosses um pouco inteligente, ou mais do que mostras nesse comentário, bastava teres ido ao link "curriculo", para veres que tenho escrito bem mais do que uns textinhos «a dar graxa ao Primeiro-Ministro». E se classificas assim o pouco que leste da minha autoria, ou és parvo ou estás a fazer-te, porque não entendes rigorosamente nada.

Opino sobre o que quiser, quando muito bem entender. Publico textos quando os acho interessantes, para comentar ou promover discussões. Se não gostas do estilo, tens uma boa solução, não ponhas mais cá os pés.

E da próxima vez que vieres aqui escrever nesse tom, pelo menos tem a coragem de dar a cara.

Tchá, engano teu. Ninguém, antes do Filinto - no seu blogue, se dignou a responder ou sequer dar a minima atenção às questões levantadas. Mas aprende-se sempre. Contigo, aliás, aprendo sempre (sem ironias, como é lógico)

Anónimo disse...

Olá joão apesar de te defenderes muito bem um apoio nunca é demais.

Realmente gostaria de saber o que é que o anonimo entende por jornalismo: um diploma de uma faculdade? trabalhar para um jornal, radio ou televisão?
Porque neste caso está muito limitado.
O Jornalismo para mim é dar a conhecer a realidade dos nossos tempos sobre vários pontos de vista: social, económico, humano, etc.
Com certeza as noticias já existiam antes dos jornais e não creio que as primeiras pessoas a divulgarem estas noticias fossem para a faculdade arranjar canudo.
Não pensam que não valorizo o trabalho de um bom jornalista, muito pelo contrario, tenho vários amigos jornalistas e vejo o seu esforço e trabalho diário.
Mas estes estão a ser pagos pelo seu trabalho (mesmo que propriamente).
Este blog é feito sem que haja remuneração e mesmo assim está sempre actualizado com o que há de melhor.
Por isso parabéns João, continua com o bom trabalho porque há muitos que se sentem mais próximos da realidade de Cabo verde (e não só) a visitar o teu blog do que lendo muitos jornais.
VT

Unknown disse...

VT, sabe sempre bem saber que há gente que pensa como tu. Obrigado.