Constatação Margosa

6 Comments


Não posso deixar de dizer isto: a forma como estavam colocadas as obras de arte nas paredes do amplo átrio da Biblioteca Nacional, na anunciada Feira de Arte e de Negócios (?), no âmbito do Fórum sobre Economia da Cultura, espaço que misturou artes plásticas dos nossos artistas mais representativos, com a exposição-venda de livros, artesanato e instrumentos musicais, põe a nú dois aspectos muito graves:

1. Não há ninguém no actual Ministério da Cultura que saiba o que é organizar e preparar uma exposição de artes plásticas, e muito menos, como se «pendura» um quadro, como se trata uma obra de arte, no contexto de uma mostra como aquela que se pretendia organizar;

2. A forma como essa «mostra» estava «organizada» (os termos mostra e organizada tem que estar entre aspas, por razões óbvias) demonstra também uma total falta de respeito pelos artistas representados. Tudo feito sem critério, sem cuidado, sem conhecimento, sem nada.

O pior exemplo do que aqui vai denunciado foi a utilização dum belo e majestoso biombo da artista Luísa Queirós, obra que representou Cabo Verde numa exposição universal, como separador (!) entre a mesa da comida e o local escondido onde se preparava o cafezinho para os participantes do Fórum.

Se esta «mostra» tinha como objectivo dar uma imagem do actual estado das artes plásticas cabo-verdianas, conseguiu, de forma transparente, cumprir esse desiderato. Principalmente ao nível da (im)competência de quem a organizou. Uma vergonha.


Imagem: pintura de Kiki Lima




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6 comentários:

Anónimo disse...

...pensar que depois dum forum ou algo similiar, seriam lançadas as bases para criação duma economia da cultura é muito mais que um erro
(...lembrei-me neste momento dum burro, mas não sei porquê...). Mesmo o mais optimista, tenho a certeza que não acreditava.Mas servira certamente para mostrar como não se fazem as coisas...Cria uma economia cultural consiste em três aspectos : a criação,a distribuição e consumo...do "produto" cultural.Simples e eficaz , mas ineficaz se não existirem regras ,leis etc...exemplo concreto é a confusão entre arte e artesanato,ou uma verdadeira politica cultural publica, com subvenções, subsidios, avantagens fiscais etc, investimento na produção cultural por parte de empresas estatais( não estou a falar de esmolas), é muita coisa certamente dirão mas é a unica forma de criar uma "economia cultural"...por acaso o blog do Filinto Elisio fez um apanhado interessante, mas que não consegui comentar, que aborda o mesmo tema...
Muito mais que uma economia cultural estamos a precisar duma
"Re(e)volução cultural"

Hiena

Cafe Margoso 2.0 disse...

Hiena, MUITAS DAS MUITAS recomendações saídas do Fórum vão precisamente nessa direcção (do teu excelente comentário).

Abraço

JB

Anónimo disse...

Nem tudo é mau, podemos rir imenso se não levarmos nada daquilo a sério.
Ana

Cafe Margoso 2.0 disse...

Não dá para rir daquela aberração, Ana...

Anónimo disse...

o problema João é que as pessoas levam a Cultura tão pouco a sério que se "esquecem" que até para "arrumar" uma exposição é preciso ter formação ou no mínimo experiência no assunto.


PS: opinião de quem não viu a exposição.

Cafe Margoso 2.0 disse...

Sorte a tua!