Tertúlia dos Mentirosos 13

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Uma pergunta verdadeiramente incómoda foi um dia feita a um rabino, como nos conta uma das mais saborosas histórias judias.

É na verdade a história de um milagre. Certo dia, um homem deixou cair, por descuido, a sua torrada com manteiga e nesse dia, por extraordinário que pareça, não caiu sobre o lado que tinha a manteiga. Contrariamente a todos os hábitos, a todas as crenças, contrariamente ao que afirmam as Escrituras, a torrada caiu do lado do pão seco.

Tratava-se sem dúvida alguma de um milagre.

A notícia espalhou-se a toda a velocidade lá na terra, as pessoas juntavam-se e lançavam-se em profundas discussões. Por que razão, naquele dia, a torrada não teria caído do lado da manteiga?

Acorreram à sinagoga, falaram do assunto ao rabino que considerou a questão muito embaraçosa e pediu todo um dia e uma noite de reflexão e oração.

Era um homem com grande fama de sábio. Durante todo o dia e noite jejuou, reflectiu, orou e consultou os livros santos.

No dia seguinte, o rosto fatigado mas iluminado pela verdade, dirigiu-se à casa onde se tinha dado o pretenso milagre. Toda a cidade foi com ele. Pediu que o levassem junto do homem e disse-lhe:

- A solução é simples e vou dizer-ta. Não foi a torrada que caiu mal. Foste tu que barraste a manteiga do lado errado.


Imagem: «Intention» de Paul Klee




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6 comentários:

Anónimo disse...

Sabes João
Este cafezinho veio mesmo a calhar para a situação que estou vivendo hoje no trabalho....
Mas como dizia o outro, chefes são chefes, mesmo quando estão errados, estão certos ...............


em errar...

Unknown disse...

Depende sempre do ponto de vista, não é? E geralmente, «quem se lixa é o mexilhão»...

Boa sorte com o teu chefe!

Anónimo disse...

Deixam de tretas, um Dju com manteiga no pão?

Unknown disse...

Nem todo o judeu é Dju, nem todo o Dju é judeu. Além disso, a manteiga podia estar em saldo, ter sido oferecida, etc. As hipóteses são muitas!

Alex disse...

Já disse algures numa desta cafeanas que quase tudo pode ser lido e deslido, dito e desdito, aprovado e condenado, apoiado e negado (creio que foi naquela sobre um texto do José Luis Peixoto). Como dizes João (e bem), depende do ponto de vista, e do(s) interesse(s), de quem argumenta. Este podia ser o tema de uma Cafeana.
Um bom exemplo do que aqui defendo, é remeter os meus amigos bloguistas para os Blog's do Abraão Vicente e do Djinho Barbosa, onde ambos falam sobre estes 150 ANOS da minha querida Cidade da Praia. Um e outro apresentam o assunto de duas perspectivas saudavelmente diferentes. Ambos merecem a nossa visita ... e opiniões, claro! Não deixem passar.
ZCunha

Unknown disse...

E olha que é dificil dizer qual dois dois ama mais a sua cidade. Isto para dizer algo que é muito importante e está quase por completamente desenraizado da mentalidade crioula: gostar de algo, justifica ainda mais que se possa criticá-la, de forma aberta. Porque só assim podemos melhorar e andar prá frente.