Café ao sabor doTango

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A UNESCO acaba de declarar o Tango, Património da Humanidade.

A proposta para que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) incluísse o tango, música e dança por excelência do Rio da Prata, foi apresentada em conjunto por Argentina e Uruguai.

Depois desta decisão, Argentina e Uruguai deverão adotar medidas que permitam proteger e promover o tango. Os dois países propuseram uma série de projectos que demandarão um investimento de um milhão de dólares procedente dos respectivos ministérios da Cultura.

E a nossa morna, por exemplo? Não faria sentido que já houvesse algum trabalho, de quem de direito, para que a canção nacional cabo-verdiana fosse apresentada como Património da Humanidade?

Na imagem, um dos tangos mais belos da história do cinema, protagonizado por Al Pacino, interpretando um velho coronel na reserva e cego, dançando um tango com uma jovem. no filme "Perfume de Mulher".




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15 comentários:

Anónimo disse...

A propósito, nunca me canso de rever essa cena do filme, e ainda tenho o som da músisca nos meus ouvidos. São daqueles momentos mágicos que só o cinema sabe eternizar. Al Pacino no seu melhor.


Pimintinha

mrvadaz disse...

Caro João,

Concordo plenamente contigo mas acho que em anexo ia o funaná, batuque, coladeira, talulu ou a bandeira. Enfim, acho que primeiro devemos confessar o nosso primeiro pecado: senhor perdoa-nos por não termos ainda criado uma academia/escola musical. Depois quem sabe!

Unknown disse...

MrVadaz, com o devido respeito, não estou de acordo. A morna tem uma dimensão arquipelágica que nenhum outro ritmo musical tem em Cabo Verde: nasceu na Boavista, foi celebrizada na ilha Brava pelo talento e crioulo de Eugênio Tavares, tem em Anu Nobu, em Santigago, Paulino Vieira, de S. Nicolau e Manuel d'Novas, de S. Vicente (no entanto, nascido em Santo Antão!) alguns dos seus maiores compositores, e Cesária Évora e Bana, de S. Vicente ou Ildo Lobo, da ilha do Sal, como os seus maiores intérpretes. Nenhum outro género musical cabo-verdiano consegue estar ligado dessa forma entre todas as ilhas de Cabo Verde.

mrvadaz disse...

Caro João,

Percebi o seu ponto de vista, respeito. Até acho que o "hino" de Cabo Verde podia ser muito bem uma morna como "Biografia d'um criol", "Partida" entre outras.

Se reparaste, hoje em dia, o funaná tem mais "peso" sobretudo na camada juvenil em CV do que a morna. Temos o funaná comercial e a tradicional, ambos com a dimensão nacional. O Hernâni soube produzi-lo muito bem nos trabalhos em que assumiu como produtor. Enfim, não vejo a dimensão que a morna tem, para assumir sozinha esta identidade.

O Ildo Lobo é o melhor intérprete que Cabo Verde conheceu, além de ser amado pela toda a camada juvenil, foi melhor no que fez, cantou e encantou quase todos os géneros Caboverdeanos.

Faria todo sentido que já houvesse algum trabalho em prol da morna mas para Património da Humanidade é que não sei se faria sentido.

Unknown disse...

Mrvadaz, essa é uma discussão interessante, mas mais uma vez não estou de acordo contigo. Muitos jovens ainda se comovem ao ouvir uma morna, impossível o contrário. Toca-lhes directo no coração.

Lily disse...

Eu gosto tanto...
A alavanca será a divulgação e, por conseguinte, o apoio a quem ainda não desistiu de aquece os corações a quem ouve. E quem ouve, gosta...e gosta para sempre.

Unknown disse...

Eu só conheço um tipo de pessoas que, infelizmente para elas, não podem gostar de musica: os surdos!
Zito

Arsénio Gomes disse...

Acredito que apartir do momento que nós começarmos a valorizar o que é nosso, aí sim, correremos atrás da UNESCO.
Pelo que a morna representa para o povo cabo-verdiano, já é tempo de fazer-mos algo por ela (que na realidade é para nós).

Amílcar Tavares disse...

A inveja é uma pecado capital, meu caro João.

Deixa a morna onde está, que está muito bem assim.

Unknown disse...

Inveja? Mas a morna não é património de todos os cabo-verdianos espalhaodos pelo mundo? Ainda ontem saiu a divulgação de um estudo que coloca a possibilidade de o próprio fado português ter tido origem na morna crioula (e não o contrário). Onde está o problema de reclamar património da humanidade para a canção de Cabo Verde? Não entendo.

Amílcar Tavares disse...

@JB: Elementar meu caro. Esse prémio é para as formas em vias de extinção ou que precisam de algum amparo. Por aquilo que vejo, a Morna está bem e recomenda-se. Não precisa de respiração boca-a-boca da UNESCO. Não é verdade? É por isso que disse o que disse acima.

Unknown disse...

Mica, o Tango a precisar de amparo? Querias!!! É só uma das músicas mais amadas e dançadas em todo o planeta! Se o Carnaval carioca for declarado (não sei se o é ou não) Património da Humanidade é porque está em decadência e a precisar de amparo? Nada disso! O tango ganha o estatuto pela importância não só histórica mas também pelo peso que tem no panorama musical actual e não porque esteja em vias de extinção ou coisa que o valha! Não é por aí...

Amílcar Tavares disse...

Take it easy, my friend! O conceito não é meu. É da UNESCO.

Diz ela que: (...)essa Lista, elaborada para dar maior visibilidade a nosso patrimônio vivo, contribuirá para a crescente conscientização de sua importância e para implantar um senso de orgulho e pertencimento às comunidades que o detêm.

Limitei-me a parafrasear. Por isso, deves reclamar com a UNESCO e não comigo.

Um abraço.

Unknown disse...

Amílcar, acho que esta é a segunda vez que me pedes para ter calma numa destas trocas de impressão... mas porque te parece que estou agitado ou nervoso? Nada disso. Isto é conversa de café com amigos, meu caro. A gente discute de tudo, pode até levantar a voz, mas estamos todos com um copo de cerveja na mão prontos para brindar às coisas boas da vida!

E sobre a citação, estás a dar-me razão! Se tu próprio dizes que a morna é pouco ouvida ou considerada entre a nova geração! Não achas que uma candidatura da morna daria uma contribuição importante para implantar um senso de orgulho nacional e pertecimento à comunidade crioula, em geral? Eu acho, e de que maneira.

Olha, por acaso, a próxima crónica no Nação vai ser sobre este tema e vou, certamente, utilizar essa frase da UNESCO para sustentar a minha posição.

Abraço, na boa e entre companheiros!

Amílcar Tavares disse...

Meu caro, achas que é com um prémiozito da UNESCO é que os jovens cabo-verdianos passarão a ouvir e a valorizar a Morna? Acreditas que eles deixarão de ouvir o Jay-Z ou os Tokyo Hotel porque a UNESCO disponibilizou uma notas? Se achas e acreditas, achas mal, julgo.

Não me convence esse mindset de subsidiodependencia cultural. Deve-se procurar soluções criativas.

Dá uma vista de olhos neste post. Seriam dois coelhos de uma cajadada só. Não concordas?