A Lágrima de Ingrid

2 Comments



[Ou de como o título deste post daria um bom nome para uma peça de teatro. Ou um livro]




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2 comentários:

Anónimo disse...

Duas perspectivas, dois comentários:

"Encontrei uma preta

que estava a chorar,

pedi-lhe uma lágrima

para a analisar.


Recolhi a lágrima

com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.


Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.


Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:


Nem sinais de negro,

nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

e cloreto de sódio"

(António Gedeão)


"Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida ...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago ...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim ...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

(Florbela Espanca)

a) RB

Unknown disse...

Esta lágrima passaria despercebida em qualquer outro rosto...
Zito