Declaração Cafeana

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Dentro de toda a trapalhada que envolve a avaliação da classe médica e a posterior anulação do concurso pelo Ministério da Saúde, exigida pelos próprios médicos desde 1995 para um progressão mais justa na carreira (o  concurso, bem entendido), a mais espantosa constatação é-nos dada pelo próprio titular da pasta que conclui, lá bem do alto da sua imensa sabedoria: «não tenho necessidade de avançar com os resultados do concurso se os beneficiários não ficaram satisfeitos», justificando desta forma directa e algo ortodoxa o facto de não ter homologado o que tanto tempo demorou a preparar.

É realmente um fantástico argumento e só tenho pena que não seja espalhado por todos os outros quadrantes da governação no sentido de que o Estado só passaria a aceitar concursos e exames às carreiras profissionais se e quando estes forem «satisfatórios» para quem está a ser avaliado! Assim, só a título de exemplo, não me parece justo, fazendo a respectiva analogia, que os estabelecimentos de ensino publiquem as classificações das diversas disciplinas se nelas constarem notas negativas. Quem é que vai ficar satisfeito com tal afronta? Mais vale passar todo o pessoal como quem não quer a coisa, como parece que se quer fazer agora por terras lusas. Festa por festa, vamos lá satisfazer a malta, que é o que faz falta em tempos de crise.

Bem que o senhor ministro avisou que a não homologação do concurso não implica a colocação em causa o trabalho do júri que o controlou e aprovou (muito menos uma desautorização!) e menos ainda um sinal de receio em relação aos médicos. É o que nos vale! Ter malta desta no Governo, cheia de coragem, com os ditos cujos no sítio, para aplicar as medidas que, efectivamente, interessam a todos. O maior problema deste imbróglio é que normalmente neste tipo de questões existem sempre gregos e troianos e como estamos cansados de saber, agradar a ambos é algo que nem um ministro bem intencionado como este será capaz de levar a bom porto. Haja saúde!







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3 comentários:

David disse...

Bem, sejamos claros, concurso documental não é concurso em lado nenhum. Não se descobre se alguém é bom artista pelo número de filmes que participou ou pelo número de discos que vendeu. Neste caso a Cicciolina mereceria um Óscar e o Quim Barreiros seria muito melhor que o Sérgio Godinho ou o Fausto. Concurso é aquele que se avalia os conhecimentos e não os documentos. Já agora, um concurso onde se avaliasse os conhecimentos seria… interessante, pela qualidade dos doutores e doutores da terrinha

Anónimo disse...

Uma comparação de mau gosto. Os Médicos de CV salvam vida todos os dias e nao se vangloriam pois sabem que é o seu trabalho e a sua vocaçao. Remeto o comentarista a ver os critérios no BO de fevereiro onde sairam os criterios de avaliaçao.

Unknown disse...

Anónimo, que provavelmente é médico: não estou a criticar os médicos mas sim a decisão de anulação de um concurso que estes tanto desejaram que acontecesse. Mas isso não impede de dizer-lhe duas coisas: primeiro, que como em qualquer profissão, há certamente bons e maus médicos e portanto, Cabo Verde não será excepção; segundo, se os médicos são assim todos tão formidáveis não há do que temer com uma análise curricular. Simples.