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Hoje, não quero dizer mal. Nem maldizer. Quero ver as coisas boas da vida. Pensar no como é bom assistir a esse milagre que é acordar-se vivo para mais um dia. Porque por vezes parece que me esqueço da sorte que tenho. Quero e partilho.

Assim, desafiado pelo Paulino e inspirado pelo Bagaço - duas companhias blogueiras - quero dizer, alto e bom som, que estas são algumas das razões que me fazem gostar tanto de viver, onde e com quem escolhi viver. Amanhã podem ser outras. Hoje são estas, assim derrepente:

1. Levantar-me a ouvir os gritos das minhas filhas;

2. Ouvir, da varanda, às 10 da noite, música cabo-verdiana que vem do restaurante Archote, e que fica a dois passos da minha casa;

3. Ouvir a minha filha Inês a dizer-me, como quem canta uma morna, «nha pai»;

4. Ver a Lua cheia do meu terraço, fazendo brilhar a Baía do Mindelo como se fosse de dia, de uma outra espécie e colorido;

5. Saber que se pode sempre dançar, mesmo que não haja uma razão lógica para o fazer;

6. Beber vinho branco fresco de Chã das Caldeiras e beijar a Bety como se fosse a primeira vez, mesmo estando nós juntos há 14 anos;

7. Ouvir a Mayra Andrade cantar para ajudarmos os mínimos di rua, deitado na rede baiana que, finalmente, consegui colocar dentro de casa;

8. Receber um pedido da minha filha Laura para não me esquecer de pôr o despertador, dar-lhe um beijo de boa noite e levar-lhe um copo de leite na cama, geralmente em três pedidos diferentes, espaçados por alguns minutos, como se fossem apenas pretextos para estarmos juntos antes do sonho nos levar;

9. Estar em cima d'um palco e viver uma vida outra, e suar muito, para o fazer;

10. Beber água fresca a meio da noite;

11. Estar com os amigos, principalmente se entre eles estiver o Mário Lúcio;

12. Ouvir o Vasco Martins tocar piano, olhando para o céu, como se esperasse a benção (que chega sempre);

13. Actualizar o Café Margoso, o que me «obriga» a ler poesia todos os dias, e a comunicar com amigos que também gostam deste café.