Café Sonoro

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Dôs, ou a magia crioula da guitarra clássica


Dôs nasceu no deserto, debaixo de uma acácia, a trezentos metros do mar do norte da ilha de São Vicente, onde vão, ao fim da tarde, as mulheres que habitam Salamansa, buscar água que vem do Monte Verde. Durante um mês (em Março equinocial), Vasco Martins e Voginha, todas as tardes encontraram-se debaixo dessa árvore de força feminina, jovem, viçosa, cheia de água.

Em Dôs, duo de guitarras acústicas, tudo se mistura: a morna, a coladeira, a valsa, o S.Jõm, o flamengo, o samba, a bossa-nova, o fado e a improvisação. Um mundo musical sensual e de alegria, criado em Cabo-Verde. A crítica é unanime: o virtuosismo o "groove", aliados à alma e ao prazer de fazer música.

Para mim este é, muito simplesmente, o melhor disco de música instrumental da historiografia discográfica cabo-verdiana.

Magistral. Ah Frágil Barco, Frágil Barco, Frágil Barco...


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6 comentários:

Fonseca Soares disse...

Na última entrevista que deu à RCV por altura do lançamento do mais recente trabalho ‘4 Sinfonias’, o autor-compositor-intérprete Vasco Martins afirmou ter decidido dedicar-se em exclusivo em termos de instrumentos, ao Piano, em detrimento da guitarra, acrescentando mesmo que nunca se considerou um guitarrista. Assim sendo, DÔS fica para a história também por esta razão, para além das qualidades enormes despejadas por esses ‘dôs’ amigos, exímios da guitarra, e da nossa música!
Tchá

Alex disse...

Desculpem que pergunte. Está à Venda? Aonde?
ZCunha

NOTA: Um dos clamorosos falhanços da nossa política cultural é matar o que está feito, por uma inexistente política de divulgação, incentivo à exportação, apoios no estrangeiro de pontos de venda de CABO VERDE, desse Kau Berdi que dizem está na moda (Deus nos acuda). Esta não é apenas tarefa e missão dos privados, mas dever do Estado e exigência estratégica de uma política coerente de divulgação e difusão da cultura. Não sei se repararam, mas neste desabafo junto pelo menos o 1º Ministro, os Ministros da Cultura, Negócios Estrangeiros, Comércio e Turismo, organismos que tutelam a Emigração, e o todo poderoso Instituto cuja função é captar negócios para a passerelle caboverdiana cujo nome agora me escapa. Não sobra uma migalha nos orçamentos de toda esta gente para ajudar a divulgar a cultura??? Pelos vistos não!

Anónimo disse...

Caro João,
escrevo para corroborar a tua opinião a 100%, tenho as minha melhores fotografias do Mindelo (que não são tão boas assim) musicadas com esse fabuloso instrumental.
Abraço,
VTM

Unknown disse...

Tchá: o vasco é um pianista exímio, mas é uma pena ter largado a guitarra. Acho que passou a herança para o Vamar e pronto! Vendo que tinha um sucessor não tem mais que se preocupar com isso...

ZCunha: eu já nem digo nada. Uma das principais componentes das embaixadas tinha que ser a cultural. Nao se entende que assim não seja. E pelo que sabe, este CD já nao se encontra por aí. Virou raridade. Como se re-editar um CD fosse uma coisa do outro mundo. Aliás, nem é preciso ir mais longe. Basta ver que ainda ninguém em CV, incluindo Estado ou instituiçoes a ele ligadas, se lembrou de editar os escritos de Amilcar Cabral.

VTM: com essa inspiração sonora, as imagens devem ser boas, certamente!

Anónimo disse...

"Dôs" é uma obra incontornável e emblemática não só na música instrumental cabo-verdiana como em toda a nossa historiografia discográfica. A música "Frágil barco" é deslumbrante, divina e arrebatadora!
"Porta Aberte" é a música do Vasco que mais me marcou até agora. Conheço três versões de "Porta aberte": a primeira é de 1997 em "Outras Índias" gravada com o saxofonista português Carlos Martins; a segunda é com a Hermínia em "Coraçon Leve" (1998), com um solo límpido e profundo do Voginha; a última é a do disco "Ilha Azul"(2005) do Bau, com um solo magnífico do Hernani.
Todas essas versões são lindas, mas as duas últimas mexeram muito comigo.
Por sua vez "Céu azul", uma outra música do Vasco que gosto muito de ouvir e faz parte do cd "Silêncio"(2003)do Bau, é luminosa e faz-nos voar na céu d'Cabe Verde.
Abraços!
Ruben.

Unknown disse...

Bela descrição das marcantes composições de VM para guitarra, Ruben. Abr.