Cinco anos, porra!

12 Comments

Mais palavras para quê? É só olhar a imagem e os números, que não param, não param, não param, não param...








Imagem: fotografia de Jean-Marc Bouju da AP, que ganhou o World Press em 2003




You may also like

12 comentários:

Anónimo disse...

PORRA mesmo!!! Pudera esses números que ñ param "comprasse" a vida dos que foram por causa desta maldita guerra.

Unknown disse...

Nao compra, Sisi. Esses que já foram não tem preço. Mas muito poderia ser feito com esse dinheiro... que não pára, nao pára, não pára.

Alex disse...

Vendo uma reportagem sobre a Palestina ocupada, e sistematicamente violada (por todos), ocorreu-me este poema:

Por vezes, magoar
é a única forma
de dizer, estamos
vivos e sofremos,
é saber que trazemos
no peito uma fogueira
que arde no lugar
do coração
2001.09.07

(Não é ficção. Nunca pensei nestes versos inacabados, como uma premonição. Todos se lembram do que aconteceu 4 dias depois, a 11.09.2001)

Depois daquele 11/SET continuei em busca do poema, meio embrutecido com aquela tragédia súbita, mas que não me fazia esquecer essa outra que decorria há decénios nas areias da palestina, como um imenso rio de sangue a céu aberto.

...
o que resta ainda de um homem
quando já só lhe resta magoar,
quando já só lhe resta vestir-se de fogo,
quando já só lhe resta o logro do céu
e a íntima loucura de um deus

o que sobra ainda de um homem
quando o dique da razão vacila
e das fracturas a fúria de uma raiva lenta
jorra e inunda o humano que há em mim,
quando a razão e a paciência
se saturam da jurássica espera,
e onde foi um dia mar e esperança
hoje é arruinado cais em pleno deserto,

que vento é este que me queima o rosto e as entranhas?
...
Vem de longe a ave que me habita o coração,
vem de longe e está exausta.
.....

Nunca mais me apeteceu (re)tocar estes versos. Hoje sei que eles ficarão mesmo assim. Que é próprio da sua natureza este in-acabamento. São fragmentos pois, estilhaços da minha impotência, como uma qualquer bomba explodindo-me em pleno rosto. Como pode o homem gerar, e suportar, tanta VERGONHA! E sobreviver! Como pode a mesma mão que mata, ser a mão que sara, a mãos que cura, e a mão que perdoa?
E o sangue, como esses números, não cessa de correr. E o horror, como esses números, não cessa de aumentar. E a morte, nem precisa de tanta ajuda.
Estes são os verdadeiros tempos da Paixão.
Obrigado pela lembrança João.
ZCunha

P.S.- De súbito, vem-me à memória uma certa imagem de 'Apocalipse Now'. Marlon Brando, aliás Kurtz, lendo para si versos de "The Waste Land" de T. S. Eliot, porventura estes:
"I will show you fear in a handful of dust"
"Vou mostrar-te o medo num punhado de poeira"

Porque, partilhar é preciso! Sempre!

Unknown disse...

Obrigado ZCunha, por partilhares connosco todos estes estados d'alma. Como se costuma dizer por aqui, no que ao Margoso diz respeito, já fazes parte da mobília. Abr.

gicas disse...

Lembro-me de ver esta foto no CCB ...é de uma intensidade única, quase surreal aos olhos de quem a vê, com desejo que não passasse de mera ficção, mas é real. Cinco anos de realidade...números que dávam para mudar quase tudo e que podiam fazer a diferença!
Será que posso ter a minha conversa com Jesus Cristo sobre isto???
Ai o que ele tinha para me ouvir, nem o facto de ser cabo-verdiano lhe ia ajudar nesta conversinha..

Unknown disse...

Gicas, eis um bom tema de conversa. Aliás, se conversasse com JC presumo que a maior parte do início das minhas frases, seriam iniciadas com a interrogação, «porquê?».

gicas disse...

João faço das tuas as minhas palavras "Pa modi we can"..wask him why???

Acredita que se há pessoa no mundo que eu gostava de poder falar um dia (quem sabe no tal ceú ou inferno...ou lá onde quer que seja..) era ele! o tal Jesus Cristo que se sacrificou por quem??..pela humanidade que por "meia dúzia" de barris de petroleo se está a auto-destruir??Tantos sermões pregados para quê???

Deixa-me lançar um desafio no teu blog! (se é que mo permites)

No último programa do Abrãao Vicente, "180graus" ele perguntou aos três convidados, se pudessem fazer uma pergunta ao Presidente da Câmara Municipal da Praia, Felisberto Vieira, (mais conhecido por Filú), que pergunta fariam?

Eu deixo aqui o desafio aos nossos amigos "blogueiros", se pudessem fazer uma pergunta a Jesus Cristo, que o que é que perguntavam?

Obrigada
Gisela Coelho

Unknown disse...

Gisela, excelente sugestão. Amanhá vai em forma de post! Obrigada pela visita. JB

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Meu querido João, felizmente que há urbanos como tu que ainda se preocupam com esses que sofrem, seja no Iraque, em Darfur ou no deserto de um país africano qualquer. Enquanto isso, vemos desfilar um 10 por cento da humanidade fazendo de contas que a vida se resume a iphones, satélites e outros quejandos. Resta-nos a esperança de que embora não possamos mudar o mundo, podemos mudar o que nos rodeia.

Abraço e um bom café.

Unknown disse...

Caro Alvaro, faz-se o que se pode. Mas pode-se sempre tão pouco... O Abrão escreveu hoje um texto magnifico sobre isso. Vao espreitar lá no Ala Marginal. Abr.

velu disse...

TOU PASMA! O QUE NÓS PODERIAMOS FAZER COM TANTO DINHEIRO, NÉ JOÃO? CARAMBA, QUE É TRISTE!

Unknown disse...

Velu, e deveria haver um outro contador com as vidas humanas que se perdem, todos os dias, desde que inventaram uma mentira global com o pretexto de invadir uma nação soberana por causa do petróleo...