Café com Lata

3 Comments





Li isto numa notícia e achei uma certa piada: «Jaime Gama acusa os Paises da CPLP de falta de coragem para a aplicação do estatudo do Cidadão Lusófono.» Pois, pá! O que vale é que Portugal está cheio de vontade de abrir as suas fronteiras a todos os africanos oriundos dos chamados PALOP's e alguém anda a boicotar a coisa. Aliás, basta olhar as facilidades que são concedidas a todos estes cidadãos africanos quando pretendem um visto para Portugal.

Sobre este assunto a minha posição é simples: fronteiras abertas, pura e simplesmente. Depois lá dentro, se alguém quer trabalhar, desenvolver algum tipo de actividade económica ou enquanto estudante, que obtenha alguma autorização de residência por tempo determinado. Quando se abriram as fronteiras entre Portugal e Brasil - os cidadãos de um e de outro país podem entrar livremente nos dois territórios -, facto que foi o resultado de um acordo ao mais alto nível entre os dois países, houve quem temesse pelo mau resultado da medida, já que os brasileiros são incomparavelmente em maior número do que os portugueses e não havia lugar que chegasse se todos quisessem rumar para o Norte.

Claro que muitas destas preocupações estavam relacionadas com um pressuposto um bocadinho arrogante de que entre Portugal e Brasil todas as pessoas de bom senso escolheriam a primeira opção, o que é cada vez menos certo, mais ainda com a crise (financeira e moral) que se abateu pelas bandas lusas e que o recentemente apresentado Plano de Estabilidade e Crescimento só veio agonizar.

O que aconteceu foi que tudo decorreu com a maior das naturalidades. Não houve fluxos em massa, não houve necessidade de decretar estados de emergência ou de calamidade pública por excesso de emigrantes nem nada que se pareça. E porque não se há de pensar o mesmo em relação à abertura de fronteiras entre todos os países da CPLP? Não deixa de ser irónico que tenha sido a terceira figura do Estado português a referir-se a isso nos termos em que o fez. A não ser que tenha ficado muito preocupado com a fila de portugueses na porta da Embaixada de Angola em Lisboa, às tantas da madrugada e queira acabar com aquela pouca-vergonha...



You may also like

3 comentários:

Anónimo disse...

Haveria que definir coragem, falta dela, cidadão... reciprocidade! Já me senti demasiado aberto a quem, simplesmente, me fecha as portas. Tenho coragem para perdoá-lo. Falta-me coragem para esquecê-lo.
Jacinto E.

Unknown disse...

O que é que o portugues de para lá do Marão ou o angolando das florestas do Maiombe entendem de cidadania lusófona? E não será mais traumatizante ser mandado de volta por problemas que uma verificação prévia tería detectado evitadondo o incómodo da deslocação e do custo da viagem? E como lidar com a procissão daqueles que vêm ou vão mas não para trabalhar, negociar ou estudar? É ou não verdade que os grandes fluxos migratórios fazem subir os índices de criminalidade, mórmente quando a situação economico-financeira dos paises de acolhimento não é a melhor? Há coisas com as quais a democracia tem dificuldades em lidar, tanto ou mais do que qualquer outro credo politico, Liberalismo incluído. São, segundo parece, questões mais sociológicas do que políticas.

Ariane Morais-Abreu disse...

Ha um pormenor que todos ocultaram: a Uniao Europeia! Portugal, como alias os seus colegionarios, ja nao tem o comando da sua politica em materia de imigraçao. E quanto menos ainda com a inglesa a vir decidir pela politica estrangeira de todos na (des)UE. Entao descutir da "cidadania lusofona" no actual contexto parece mais uma utopia que arranjaria bem os assuntos dos maiores como Brasil ou Portugal cujo "ouro" europeio ja esfumou-se na incuria da ma gestao publica dos politicos. Inventar um novo sonho idealista e projecionista encuadra-se perfeitamente também com a dita "Parceria especial" CV/UE (também esfumada nos ares) e faz esquecer o essencial da realidade cada vez mais degradada para a grande maioria dos cidadoes deste mundo. Até agora os Palop, CPLP, etc... nao deram resultados significativos para as populaçoes lusofonas, a nao ser a ilusao de pertencer a mesma granda familia!!