Dois Cafés com a Parceria Especial

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1. Numa conversa com amigos comentávamos a grande entrevista que um senhor, acho que representante da União Europeia em Cabo Verde, deu ao jornal A Semana. E a conclusão foi que, para o cabo-verdiano comum, o que realmente interessa, lidas as intermináveis páginas, feitas as contas todas e os noves fora, se resume a uma só pergunta: "Já no podê bai Europa sem stress?". Ou seja, o que o cabo-verdiano quer ouvir mesmo é quando ficará acertada a livre circulação dos seus cidadãos pelo espaço europeu. E que tarda a chegar. Numa altura em que já se verificou que o acordo semelhante entre o Brasil e Portugal, que permitiu a livre circulação dos brasileiros no espaço europeu e dos portugueses no Brasil, não provocou migrações em massa em nenhum dos sentidos, e estamos a falar de espaços geográficos enormes com milhões de habitantes, não creio também que a livre circulação dos cabo-verdianos pelo espaço europeu, a acontecer, possa vir a provocar uma odisseia de toda uma nação rumo a Norte. Até porque a vida por lá não está nada fácil e a crise só veio complicar ainda mais as coisas. Por outro lado, poupava-se a humilhação a que muitos cidadãos são diariamente sujeitos, não só pelas exigências, condições, tempo, dinheiro e chatices que implicam conseguir um visto, seja de viagem ou de trabalho, mas também pela fila na fronteira da Portela, onde qualquer africano é tratado como um potencial futuro-mais-que-provável-emigrante-ilegal-que-muito-provavelmente-irá-tirar-emprego-aos-locais. 

2. Por outro lado, espero que dessa parceria nunca resulte uma adesão de facto, apesar do que anda a defender essa força política portuguesa com grande peso no panorama luso, chamado PPM, Partido Popular Monárquico, que tem no seu programa a defesa intransigente da adesão de Cabo Verde à União Europeia, não se sabe se por algum saudosismo do tempo dos reis e rainhas e seus Impérios, se pela espantosa parecença entre a bandeira de Cabo Verde e a da União Europeia. A razão é simples: sempre se poupa o arquipélago do triste espectáculo que está a ser a campanha eleitoral para as eleições europeias em Portugal. Para isso já nos bastam as secas sazonais que tantas dificuldades e desafios sempre colocaram ao nosso país e governantes. 
 



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4 comentários:

Anónimo disse...

1. Ka bo iskecê manera kum istranger é tratod na frontera di Praia: mod a bitx. Kel último vex kum ba pa Kauverde um tive kase 2 hora num fila pa entrá i mas 2 hora pa levantá mala! Ku ar condicionod desligod!

2. Kem será u "Imperador di Macaronésia"? U Bukassa di Madeira, u Guanche di Canárias, u Imperador César di Asores ou u Principi Perfeito de Kauverde?

(p.s.) Ess Alupek ta kurretu?

a) RB

Unknown disse...

JB: o seu café, por vezes é bué de margoso...
Eu, por mim, sempre tive horror àquela frase do António das Botas: "...orgulhosamente sós!"
Zito Azevedo

Lily disse...

Curioso perceber como apesar da distância há conversas transversais… este fim-de-semana falou-se por cá do mesmo!
A campanha eleitoral para as europeias (se bem que pouco se fala de temas europeus) trouxe novamente à baila as fronteiras da Europa, e o caso da integração de Cabo verde na EU voltou a ser falado. Apesar disso, a discussão não é nova e remonta, pelo menos, a 1994 quando Mário Soares, numa conferência em Tenerife, defendeu a ligação de Cabo Verde aos restantes arquipélagos do Atlântico: Açores, Madeira e Canárias. Adriano Moreira também já defendeu o mesmo, mais tarde, e Freitas do Amaral, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros, também apoiou essa mesma ideia.
Na sexta-feira passada, várias foram as publicações na imprensa nacional sobre isto, como por exemplo o que saiu no Sol, em que questionavam os candidatos ás europeias sobre quais os limites geográficos, culturais ou políticos do alargamento da União Europeia (http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=135426)
Penso que o critério que está na base da proposta de integração tem que ver com identidade cultural, baseada nos laços que unem os europeus e cabo verdeanos. No entanto, convém desde logo responder à questão: Que valores predominam em Cabo Verde, os europeus ou os africanos? E, antes de tudo, há que saber se a população cabo verdeana estará, ou não, interessada na adesão.
Considero que podem existir, vantagens, de variadíssimas ordens quer para Cabo Verde, assim como para Portugal e Europa na integração, assim como desvantagens… há sempre duas faces para a mesma moeda…
Mas provavelmente, se Portugal cumprisse a nível da CPLP os seus compromissos e apoiasse de forma inequívoca Cabo Verde, um país com o qual temos uma relação tão especial, servindo de plataforma para estabelecer relações estratégicas com a EU, fosse bastante mais interessante.
E a afirmação que se segue, que poderá ser encarada como uma provocação, mas que em boa verdade nada tem a ver com isso (é baseada no que ouvi numa formação na 6f passada) - Cabo Verde está na cabeça de África mas na cauda da Europa - é apenas mais uma acha para a fogueira…
E esta, vinda de um defensor: até a bandeira de Cabo verde já está preparada para a adesão! ;)

Unknown disse...

RB, kela ta depende. J'm entra n vez na frontera e nunka un tive prublema nenhum. Tud anu dezena de convidod de festival de tiatru ta entra sem prublema. Ta parcem ma bo tive azar! E ke ar condisionadu avariadu, koza fka mas kente! (Bo alupek ta fixe!)

Zito, que se abram fronteiras. Burocráticas e mentais!

Lily, é sem dúvida uma discussão apaixonante... e actual.