Um café com... Mano Preto

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O bailarino e coreógrafo Mano Preto faz manchete na última edição do jornal Artiletra, e no seu interior podemos ler uma longa entrevista, onde fala de si, da sua obra, das suas aspirações, dos seus sonhos, das suas mágoas.

Aqui ficam algumas frases que dão que pensar:

«Em Cabo Verde dança-se muito a mentira. A maior parte das danças que se fazem em Cabo Verde é tudo mentira, porque não é uma dança genuína, não é uma dança nossa, não é uma dança orgânica. (...) Dançar o zouk é mentira, dançar a morna com uma pessoa que está apaixonada, ao som de um violino, isso é verdadeiro

«O nível intelectual dos cabo-verdianos é muito baixo. É um povo que ouve 90% de música sem qualidade, que lê pouco e que não está à altura de perceber coisas mais abstractas e universais. E basta ver o nível do nosso ensino, o nível de uma pessoa com o 12º ano, fala e escreve mal o português. Dificilmente consegue perceber um grupo que está há 20 anos a dançar.»

«No processo de criaçao há mais angústia do que gozo

«Temos que ter a humildade de perceber que apesar do sucesso que o grupo tem tido, é preciso ainda aprender muito e entender que quase não sabes nada. É só percebendo isso que vais evoluindo.»

«É preciso saber aproveitar este ritmo que o cabo-verdiano tem para transformá-lo em algo de qualidade. E não se pode pensar que não se deve trabalhar. Muitos pensam que como Cabo Verde é um país de música, basta colocar um guitarra às costas e já se é músico. Quanto mais ritmo tiveres, mais precisas trabalhar esse ritmo.»

Aplausos, Mano!




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4 comentários:

Anónimo disse...

Oh! Bela trancrição.Café mesmo João. Se não conhecesse Mano em pessoa e não tivessemos falado acerca destas coisas, achava que era um bazofo nato. A pergunta tá acima e bem colocada.
João há, sim, Corsino Fortes esgrimiu tudo ao poetar: No tava dá golp d'stad na paraíze.
Tá tudo dito.
Um blg abrç Kb

Anónimo disse...

E´uma das coisas que me deixa muito confuso. Ja tentei compartilhar com os meus colegas os meus gostos ou preferencias musicais e normalmente nao costumam ser as consideradas musicas modernas, que estao na moda e que sao "brob". Mas o que acontece e´que eles negam a ouvir e continuam a ouvir tudo considerado como "comercial" e muitas vezes ate sem qualidade. O que os leva a se interessarem por esse estilo de musica sao, provavelmente, a propaganda, a publicidade, as influencias do exterior e varios outros factores. O mesmo acontece com os livros.Quando se tenta compartilhar alguma informaçao nova, acerca de um livro que se tenha lido "ha dias"...muitos simpelesmente se rejetam a ouvir-te ou ignoram-te...isso nao so acontece com grande percentagem dos jovens em Cabo Verde mas tambem com os do mundo inteiro. Os livros ditos como os "mas sab" continuam sendo: Paulo Coelho(nao e´que eu tenha nada contra eles), J.K.Rowling e o Dan Brown(pelo menos sao os livros preferidos de maior parte dos meus "conhecidos"...muitos desconhecem os classicos, mas e eles nao tem culpa. Na escola nao se ensina "o que se deve ler"...nem "para que que"...porque nao se cria uma disciplina chamada "Literatura" tanto Caboverdiana como Universal?

Anónimo disse...

Gostei da lucidez do Mano.
Minha frase preferida e que faz eco de uma maneira subjectiva:
«No processo de criaçao há mais angústia do que gozo.»

O homem por natureza é preguiçoso mas se adapta facilmente ao ritmo que impõe os seus objectivos/sonhos. Ultrapassar os seus limites não é nada fácil e que a cada etapa atingida é a angustia ao se aperceber que há muito ainda para aprender.

Unknown disse...

Pois, Moreia, também é uma das minhas frases preferidas... como criador, entendo perfeitamente o que diz o Mano.

Abraço