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Influx Contemporary Art (Lisboa) apresenta a exposição Do Arco da Velha de Tchalê Figueira - Pintura, Escultura, Poesia, Instalação - de 26 de Fevereiro a 9 de Abril 2011.

Inauguração Sábado 26 de Fevereiro as 18.00 horas







Uma exposição de Bento Oliveira, é sempre uma boa notícia. A não perder, a abertura, amanhã, na Galeria Zero Point uma mostra de xilogravuras do artista plástico oriundo da ilha de Santo Antão.








Se há uma coisa que me orgulha no meu percurso enquanto criador em Cabo Verde é poder considerar-me amigo de muitos outros artistas cabo-verdianos, sejam eles pintores, músicos, escritores, poetas, coreógrafos, bailarinos ou actores e actrizes. Acho que uma das razões de ser dessa proximidade emotiva e pessoal tem a ver com o enorme respeito que tenho pelo trabalho de toda essa gente. O Café Margoso, que é o local onde por mais vezes exponho publicamente posturas pessoais sobre vários assuntos, tem procurado ser também o local de celebração da arte e dos artistas e como celebração é encarado. Para homenagear, divulgar, reflectir, mas nunca para maldizer. 

Já fui por vezes mal interpretado, nomeadamente com a utilização do termo herói para falar de toda essa boa gente, que utilizei como reflexo de um profundo respeito e reconhecimento dos artistas de Cabo Verde. Se querem que vos confesse, a má-língua que possa haver entre uns e outros, entre colegas de profissão, que é sempre lamentável, interessa-me muito pouco. Ou há debate a sério ou tudo isso não passam de bocas que reflectem apenas algumas frustrações mal resolvidas. Estou à-vontade, também já tive as minhas, faz parte da natureza humana. O que se constrói, apesar disso, é incomensuravelmente maior e mais importante do que essas questiúnculas domésticas e marginais.

Por isso também me orgulho de ter artistas plásticos que me abrem as portas dos seus ateliers para me deixar invadir as entranhas das suas próprias criações. Para uma visita destas temos que estar prontos para oferecer algo em troca e o que nos é pedido, apesar de ser considerado um dos bens mais essenciais da era global, é algo que qualquer ser humano pode dar, se estiver disposto a isso: tempo e disponibilidade. Não se fazem visitas destas com pressa. É preciso estar-se pronto para ouvir, porque quando um artista partilha connosco aspectos tão profundos e essenciais da sua vida, o mínimo que podemos fazer é estar atentos e interessados. Agradecer a dádiva e sobretudo, aprender.

A última destas visitas que fiz foi ao atelier do artista plástico Mito Elias, em pleno Bairro Alto, na cidade de Lisboa, a quem agradeço a forma simpática, generosa e aberta como me recebeu. Tem um trabalho desenvolvido com uma identidade clara, conseguiu impor a sua marca e essa marca combina com qualidade. Trabalha com a emoção e os sentidos e isso vê-se na obra e no discurso. Comeu o pão que o Diabo amassou para estar onde está neste momento e defende o seu próprio trabalho com uma quase ferocidade. É um artista cabo-verdiano que conquistou o seu espaço e tem muito ainda para nos dar. O universo imagético e visual que Mito Elias oferece ao imaginário cabo-verdiano é a nossa maior herança. Para conservá-la são necessárias duas coisas fundamentais: respeito e conhecimento pela/da obra. E pelo autor, já agora.   






Bento Oliveira, envolto nos seus pensamentos. 
Quem adivinha o que vai na cabecinha pensadora deste artista tão fascinante?

Foto JB






Vou-vos contar um episódio sobre esta mulher: uma vez, estava eu passando pelo Plateau, na cidade da Praia, e ouço alguém chamar-me. Era a Misá, que me cumprimenta com aquela doçura que nos faz acreditar não haver (assim tanta) maldade no mundo. Irradia, como sempre, uma energia positiva, solar, bem disposta. "Ouvi dizer que nasceu a tua segunda filha. Como se chama ela?". "Inês", respondi. "Pois, olha, tenho um quadro meu que quero oferecer à tua filha." 

O quadro é lindo, como a pessoa que o fez. Na dedicatória escreveu: "à Inês, nos Braços da Luz do Mundo. Que a Bondade e a Vontade sejam sempre os teus companheiros. Santigo, Cabo Verde."

Devia haver mais gente assim, como a Misá. Não percam a exposição dela, no I Gallery. Vão sair de lá cheios de coisas boas, de certeza.







Fazendo o percursos das artes plásticas em Cabo Verde Misá surge como um dos nomes femininos mais activos nos últimos anos. Conhecida pelo seu trabalho junto à comunidade dos Rabelados e mais recentemente pelo projecto de residência artística e intervenção comunitária em Porto Madeira, Misá tem contudo um percurso mais vasto que abarca vestígios da sua jornada e viagem por vários países do mundo. Sendo inconfundível o seu estilo, tanto na literatura como na pintura, Misá assume a liberdade de nomear, escrever, pintar situar-se, identificar-se a partir de temas e expressões que lhe valem o título de artista polémica, controversa.

É a partir desta clara tendência universalista, com os pés e sentidos bem fincados na terra do seu umbigo, que Misá entra na programação da i.gallery com a exposição “Cap Vert L’Amour Vert”. Misá aceitou o desafio de se inspirar em Henri Matisse. Pintor francês que nasceu nos finais do Sec. XIX e marcou, juntamente com Picasso e Marcel Duchamp o inicio do sec XX, tornando-se numa das figuras incontornáveis da pintura universal. Matisse terá dito um dia que os artistas deveriam que ter olhos de criança, sempre olhar como se fosse a primeira vez. É nesse olhar que a obra de Misá e Matisse parecem casar-se. A consciente inocência que leva a eliminação dos filtros do politicamente correcto, os cânones que determinam como se deve ou não pintar, como se deve ou não tratar os temas. O resultado deste cruzamento é sem dúvida uma Misá mais consistente, ciente das possibilidades da pintura, da sua arte como poesia, como um lugar concreto de intervenção.

Em “Cap Vert L’Amour Vert”, Misá leva ao extremo a sua procura por uma pintura que explora a sensualidade, chegando mesmo a tocar o obsceno. Misá assume mais vez a sua condição de mulher, de artista, de activista para abalar os sentidos com novas composições, novas abordagens e renovadas variações de temas que mesmo sendo recorrentes no seu trabalho, ganham contornos entusiasmantes nesta colecção de 11 quadros.

Venham pois degustar quadros, e livros na i.gallery a partir do dia 1 de Abril pelas 19h.


[Texto publicado no blogue do I Gallery, que vale a publicação integral]





O auditório da Reitoria da Uni-CV vai ser, nos dias 16 e 18 de Março, pelas 18:30 horas, palco da apresentação dos 10 vídeo-postais de Mito EliasNa fai minotu”.

Mito Elias, como é sabido, é um artista cabo-verdiano com um marcante percurso nas artes plásticas. Muito multifacetado, a videoarte é das últimas especialidades com que vem brindando Cabo Verde e o mundo.

Com obras com um vocabulário muito próprio, por vezes quase experimentalista, Mito já expos em diversos espaços em Portugal, onde vive, Estados Unidos, China, Brasil, entre outros. Em Janeiro, expôs na Uni-CV.

Eu, se estivesse por lá, não perdia isto por nada deste mundo. 








Exposição de pintura de Tchalê Figueira, na iGallery. A abertura está marcada para o dia 4 de Março pelas 19 horas.

"Tchalê Figueira é uma criança gigante que pinta “bitchins” e “gongons”. Alguém que colore um livro de histórias sem figuras nem contornos. Labirintos que só perceberemos quando chegamos à idade do entendimento. Tchalê é a criança “terrible” que dialoga com cada personagem da Rua de Praia, que conhece cada criatura do seu Mindelo, que fantasia com todo o feminino do universo. Menino traquinas capaz de pronunciar todas as palavras, de eliminar a ideia do proibido, trazer toda a intimidade da porno-grafia quotidiana e normaliza-la. Mestre de monstros velhíssimos, perversíssimos. Indomáveis. Ele próprio assim."

Texto de apresentação da exposição






"Os surrealistas são os senhores que sorriem." Assim define esta importante corrente artística o jovem Santiago, filho de Mito Elias, no vídeo de apresentação da exposição-ciclo de projecções urbanas de vídeo, de Mito Elias e Ana Rita Pires, promovida pela Câmara Municipal da Praia, juntamente com os dois artistas (ver vídeo de apresentação aqui).

O título completo da mostra é "De Pareidolia: Rabislongo & Nha Paredi" e consiste, se bem percebi na conversa que tive com os dois, numa mostra de arte com duas vertentes: artes plásticas "fixas" (as de Ana Rita com Nha Paredi) e artes plásticas "ambulantes" (os sempre apelativos e criativos vídeos de Mito, que vão ser projectados - oito vídeos, um por dia - durante uma semana), cada um com 30 minutos, sempre na rua e em locais diferentes da cidade da Praia (é o tal Rabislongo).

Entenderam? Se sim, vão à abertura. Se não, mais uma razão para não perder a abertura. Vai acontecer hoje, dia 14 de Janeiro, pelas 18:30 minutos, no (auto-intitulado) Palácio da (dita) Cultura. Para consultar o programa completo do que vai acontecer estes dias, é só vir a esta página aqui.

Mito e Ana, venham ao Mindelo, porque andamos a precisar de inovação e criatividade como a vossa. Os surrealistas do Porto Grande andam desaparecidos, e os que existem sorriem muito pouco (bem, talvez não haja motivos para isso, mas não são os surrealistas assim intitulados por sorrirem sem precisar da razão para o fazer?)...







No meio desta violência poeirenta, sangrenta e verbal, é sempre bom poder parar perante uma obra de Luisa Queirós (Passá Korbu). Não há outra como ela. Que os Deuses a conservem por muitos e bons anos.





Três bons novos locais, que valem um anúncio e um post próprio:


1. O novo espaço do músico cabo-verdiano Hernani Almeida. Bem feito, limpo, prático e que nos dá ainda a possibilidade de ouvir um pouco da música do seu último (e até agora único) trabalho discográfico. Vale a pena uma visita, aqui.




2. O espaço do artista plástico cabo-verdiano Alex da Silva também tem um espaço próprio na Internet. Como é habitual nele, está muito bem produzido, com um excelente design e dá-nos a possibilidade de conhecer algumas das suas obras. A visitar também, aqui.




3. E por falar em Alex da Silva, a bela galeria café que ele abriu recentemente no Mindelo, a Zero Point Art, e que vale bem uma visita - é lá, por exemplo, que se encontra a última exposição de Manuel Figueira - tem também o seu espaço de divulgação online, aqui.








A não perder, porque uma exposição de Manuel Figueira é sempre um grande acontecimento. A abertura da mostra denominada "Esse Momento" será no dia 16 de Novembro, pelas 18:30 horas, no novo espaço que veio enriquecer a cidade do Mindelo, o Zero Gallery no Alto de Miramar, uma galeria e café à séria. Quem não conhece vá lá e aproveita.

A exposição é uma iniciativa do Instituto Camões - Centro Cultural Português / Pólo do Mindelo.




Já repararam que isto por aqui anda mais calmo? Pois é, Abraão Vicente não está em Cabo Verde! Para ser mais exacto, está em Lisboa, onde amanhã inaugura a sua exposição intitulada No Limiar, e que tem sido destaque na imprensa da especialidade.

Por exemplo, a agenda Arte Capital, que recomenda três exposições periodicamente, escolheu a mostra de Abraão Vicente como principal destaque no seu último número. Expondo no Espaço Fábulas, situada na Calçada Nova de São Francisco, a exposição faz parte do projecto Tráfico e leva até Portugal uma abordagem sobre questões
que envolvem identidade, fronteiras, viagens e território.
Usando técnica mista, Abraão Vicente faz referência a esses
conceitos lembrando-nos de um momento em que um viajante altera a sua
condição tornando-se um simples número num papel.

A mostra ficará patente até ao final de Agosto. Parabéns, pois.





"Com frequência, me parece que a noite 
é mais viva e mais colorida do que o dia."

Vincent van Gogh - Pintor expressionista holandês
(Imagem: Café de V.V.Gogh)



«Cada ser humano atinge o seu apogeu de maneira diferente, num dado momento. Uma vez alcançado esse ponto alto, é sempre a descer. Fatal como o destino. E o pior é que ninguém sabe onde é que se situa o seu próprio auge. A linha divisória pode desenhar-se de repente, quando uma pessoa pensa que ainda estava a pisar terreno seguro. Ninguém tem maneira de saber. Alguns atingem esse pico aos doze anos, e depois espera-os uma vida perfeitamente monótona e sem chama. Outros continuam sempre em ascensão até à morte; outros morrem no seu máximo esplendor. Muitos poetas e compositores vivem em estado de permanente arrebatamento e estão mortos quando chegam aos trinta anos. Depois há aqueles, como é o caso de Picasso, que aos oitenta e muitos anos ainda pintava quadros cheios de vigor e teve uma morte tranquila, sem saber o que era o declínio.»

Haruki Murakami, in «Dança, Dança, Dança



Há um artista plástico cabo-verdiano que é ao mesmo tempo o melhor contador de histórias que conheço. Cada tela tem uma longa e original história por trás, pela frente, pelos lados e noutras perspectivas que ninguém mais vê. Cada tela é trabalhada, pensada, experimentada, ultrajada, construída, pincel a pincel, cor a cor, como diria o poeta.




«Cmê Deus e as Mulheres» de Manuel Figueira




Novos blogues nascem todos os dias. Mas quando esses blogues são de dois grandes artistas plásticos cabo-verdianos, o aplauso deve-se fazer sentir. Aqui brindamos por uma longa vida aos espaços de:


Bento Oliveira (aqui)
&
Tchalê Figueira (aqui)




Identidades e ®econstrução é o título da exposição de Abraão Vicente que o IC-CCP da Praia, Cabo Verde, exibe de 5 a 18 de Março, reunindo uma colecção de quadros/objectos/documentos (re)criados a partir de documentos de identificação de vários países, segundo uma nota de imprensa.

«Partindo de componente auto-biográfica, o projecto Identidades... coloca-nos perante linguagens que marcam a modernidade artística e perante temáticas que inquietam, na actualidade, cidadãos e países», afirma a nota. Os objectos/documentos «são destruídos (reconstruídos - reconstituídos) sobre papel de aguarela de 297x420mm e devolvidos a um ‘Frame', que é a própria moldura, que se reconfigura como um novo documento de identificação».

A abertura da exposição está marcada para o dia 05 de Março, às 18h45 no Auditório do IC-CCP Praia. Não vou poder estar. Mas gostava.


Quem quer ser John "Mito" Malkovich?




Possivelmente uma das melhores fotografias jamais feitas a um artista de Cabo Verde




Não posso deixar de dizer isto: a forma como estavam colocadas as obras de arte nas paredes do amplo átrio da Biblioteca Nacional, na anunciada Feira de Arte e de Negócios (?), no âmbito do Fórum sobre Economia da Cultura, espaço que misturou artes plásticas dos nossos artistas mais representativos, com a exposição-venda de livros, artesanato e instrumentos musicais, põe a nú dois aspectos muito graves:

1. Não há ninguém no actual Ministério da Cultura que saiba o que é organizar e preparar uma exposição de artes plásticas, e muito menos, como se «pendura» um quadro, como se trata uma obra de arte, no contexto de uma mostra como aquela que se pretendia organizar;

2. A forma como essa «mostra» estava «organizada» (os termos mostra e organizada tem que estar entre aspas, por razões óbvias) demonstra também uma total falta de respeito pelos artistas representados. Tudo feito sem critério, sem cuidado, sem conhecimento, sem nada.

O pior exemplo do que aqui vai denunciado foi a utilização dum belo e majestoso biombo da artista Luísa Queirós, obra que representou Cabo Verde numa exposição universal, como separador (!) entre a mesa da comida e o local escondido onde se preparava o cafezinho para os participantes do Fórum.

Se esta «mostra» tinha como objectivo dar uma imagem do actual estado das artes plásticas cabo-verdianas, conseguiu, de forma transparente, cumprir esse desiderato. Principalmente ao nível da (im)competência de quem a organizou. Uma vergonha.


Imagem: pintura de Kiki Lima