Ecce Homo

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        Desbaratamos deuses, procurando 
        Um que nos satisfaça ou justifique. 
        Desbaratamos esperança, imaginando 
        Uma causa maior que nos explique. 
         
        Pensando nos secamos e perdemos 
        Esta força selvagem e secreta, 
        Esta semente agreste que trazemos 
        E gera heróis e homens e poetas. 
         
        Pois Deuses somos nós. Deuses do fogo 
        Malhando-nos a carne, até que em brasa 
        sexos furiosos se confundam, 
         
        Nossos corpos pensantes se entrelacem 
        E sangue, raiva, desespero ou asa, 
        Os filhos que tivermos forem nossos.
         
        José Carlos Ary dos Santos 
         
         


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4 comentários:

Sarabudja disse...

João, João vais ser queimado na fogueira. Ary dos Santos e palavras tão pagãs. Qual pagãs? Hereges, demoníacas em semana de visita do XVI.ahahah

Lindas, lindas palavras. Boa partilha. (é por isso e por outras coisas que já ultrapassaste os 200 mil)
Beijinho.

Unknown disse...

Este homem foi um agressor que usava as palavras como punhais, como ninguém...Não concordo com ele todo mas considero-o poeta maior e lamento que se tenha ido tão cedo...Eu e o passarinho!

Unknown disse...

Este homem foi um agressor que usava as palavras como punhais, como ninguém...Não concordo com ele todo mas considero-o poeta maior e lamento que se tenha ido tão cedo...Eu e o passarinho!

JonDays disse...

Oh Joao!!! Esta luz pelo buraco da fechadura!!! Isto é para mim! Foi esta luz que eu vi! Fosga-se...