Blog Joint: Declaração Cafeana

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A propósito da situação de desemprego em Cabo Verde, vou ser politicamente incorrecto. Completamente desfasado da realidade. Dar uma perspectiva que será a menos aceitável, principalmente para quem sofre directamente na pele este terrível flagelo. Mas entendam-me, se não tivéssemos um problema de mentalidade grave entre o pessoal mais jovem - e que perfaz mais de dois terços da população cabo-verdiana - acredito que o problema do desemprego poderia ser encarado numa outra perspectiva. Ou pelo menos, com outro optimismo.

Muitas vezes se discutiu aqui a forma como todos nós, directa ou indirectamente, acabamos por adubar o terreno que permite a sementeira, o crescimento e o aumento da célebre cultura do sabe-pa-caga. O pessoal aqui gosta muito de festa, é só paródia e quem visita uma cidade como o Mindelo ao fim de semana não tem do que se queixar. Qualquer motivo é razão para se festejar: um aniversário, um baptizado, um casamento, uma data, uma vitória de um clube de futebol, umas eleições, um festival, um dia especial, um dia do município, um dia santo, um feriado, a lista é interminável. Não admira nada que o Primeiro-Ministro queira implementar no arquipélago uma plataforma de entretenimento.  Se ela até já existe. Pelo menos nos alicerces.

Isto tudo para dizer que no fundo e sem desvirtuar todas as dificuldades estruturais imensas das ilhas crioulas, que talvez o problema do desemprego fosse um pouco menor, apenas um bocadinho menos grave, se estivesse implementado na mentalidade da juventude essa coisa básica chamada vontade de trabalhar.  Iniciativa própria. Não esperar pelo colo. Quantos casos conhecemos de pessoal que recebe dinheiro de familiares de fora e tem como principal ocupação em primeiro lugar a paródia, em segundo a festa, em terceiro a bebedeira permanente? Porque uma das leis que impera no nosso pessoal, para além dessa máxima de vida que é despos de passa sabe morre ka nada, é a lei do menor esforço. E quando um dos problemas de base é a mentalidade, lá está, nesta questão do desemprego como em muitas outras, talvez a solução esteja mesmo é na educação: a da escola e a da casa.










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11 comentários:

Unknown disse...

À margem do cerne do problema, recordo que no meu tempo de Liceu, as meninas, à falta de motivos melhores, respondiam com "butzod de boneca"...

Anónimo disse...

"o problema do desemprego seria menor se a juventude tivesse vontade de trabalhar "? Pois ...eu digo ainda bem que assim é. Ou seja que segundo a tua teoria a nossa juventude tem preguiça e não quer trabalhar. Porque caso contrário isto estaria pior que Bagdad !
Como diria Morgadinho :
"Um sai na rua que idéia de espiá trabói/ Ma espiá trabói nesse terra e mesma cosa que espiá guerra".
Assim eu pergunto onde iriamos parar se todos os jovens desempregados de S.vicente resolvessem "a sério" procurar emprego ? Guerra Civíl ... pela lógica da música de Morgandin

Carla disse...

certo, certíssimo a malta quer emprego não quer trabalho. se até já dizem nas ilhas que tem gente que quando perguntado qual a profissão responde na maior descontra: nha amdjer ta estod na França!

Unknown disse...

JB essa mentalidade é que me faz acreditar que nós ainda não assumimos o desafio país. Como é que o jovem que vê cerca 3 a 4 capitulos de novelas por dia pode estar preparado para uma atitude empreendedora ou assumir um trabalho com professionalismo? Mentalidade de facto é grande, mas de outro modo ser empreendedor nesta terra tem mt que se dizer. Oportunidades existem mas cuidado, determinados sectores são extremamente competitivos e quem arrisca pode-se "queimar".

Unknown disse...

Pss, sem generalizações, please. Mas é só ver o que se passa à nossa volta. Ou ler os comentários seguintes da Carla ou do Tide, com os quais me identifico. Abraço.

Anónimo disse...

Pessoal, politiquices a parte, é basta vermos o tipo de jovens que hoje temos: não querem estudar mas sim parodiar... estão sempre prontos para uma festima, para uma desbunda.

Quanto aos seus saberes e afazeres, ai ai, ai... matemática zero, língua estrangeira zero, informática o dispensavél(msn, Hi5, Facebook, novelas, porno,etc), comportamento ("mau" menos com distinção), sexo (de preferência com vários parceiros), alcoól (pxá na ela ate plumanhã), emprego (Kafezêra, Modelo, MC Perturbod, Promoter, Namorado de Dra, Kmedor de Pandu, Fidje de mãe na estranger, Bonezêr, Fmador de póff, Parodient, vendedor de bagulhe, Kaçubodista, etc e malagueta...)

Grace disse...

É verdade, a malta quer ganhar e de preferencia sem trabalhar.
Tb temos que concordar que não esta facil encontrar emprego, mas os poucos que encontram muito pouco fazem para o manter.
A começar pela nossa mania de falta de pontualidade, mode traboi te espera.

O pessoal tem que começar a mentalizar que ninguem consegue algo na vida a espera que os outros façam por ele. E que é preciso engolir muito sapo, coisa que hoje em dia ninguém ta disposto a fazer, mas que as vezes é preciso para alcançar qualquer coisa

AMendes disse...

Caro JB,

" Estórias, lendas e factos De "Polidores de Calçada"...sempre foi "doença", mais ou menos, endémica em S.Vicente...
Proponho, no entanto, uma reflexão CAFEANA:
-Quantos jovens completam ,todos os anos, o 12º Ano dos Liceus?
...Onde arranjar trabalho para eles e para os colegas de cursos anteriores?

Anónimo disse...

Pois ! Falam, falam ... e quase sempre os mesmos chavões. Empreendedorimso ! Pois ... vão falar de empreededorismo na área de SI/TI ao NOSI. Falam em oportunidades. Quais ? Aonde ? Para quem ? Para Praia e mais onde ? Deixem de brincadeira com coisas sérias. É claro que terá JB alguma razão sobre essa estória do trabalho e juventude ! Mas de quem é a culpa ? Os jovens não têm pais ? não tiveram professores ? Não vêm os valores que nossos políticos passam a toda a hora ?

Unknown disse...

Por isso termino o post com aquela frase final. Não se mudam mentalidades nos supermercados... ou na Praça Nova.

EH disse...

"Falam em oportunidades. Quais ? Aonde ? Para quem ?"
?????????
Oportunidades criam-se!! Não caem do céu, não são fabricadas pelo governo!!
O que faz um país se desenvolver, bai pa frente, não são suas riquezas naturais ou a grandiosidade do seu território, ou um politico melhor que o outro.
É o seu povo!!!!
Atitudes mentais iguais as do Sr. Pss, é que faz Cabo Verde rastejar igual tartuga, se acomodar com as desculpas "nôs ê piknin, nôs ê cuitadin, nô ka ta podê da pósse mas grand q nôs perna".
Empreendedorismo não é apenas mais um chavão para se tentar justificar cabo verde! É o cerne da questão! Discutir este tipo de assunto, trazê-lo a tona não é apenas desperdiçar palavras, falar só por falar... é começar a adotar uma atitude diferente, é levar às pessoas um novo vislumbre das coisas como elas são, como elas podem ser... enfim, abrir horizontes!
Eu, sinceramente não sei qual o "point" de ficar sentado à espera do governo, à espera das coisas caírem do céu e à procura d um culpado para tudo.
E eu tenho a certeza que muitos também partilham do mesmo pensamento.
Mas parece que as pessoas têm medo d falar dos seus pensamentos, quando são muito estranhos às dos outros. Sentimo-nos intimidados, quando ensaiamos sair da zona de conforto do pensamento colectivo... ao invéz de nos sentirmos encorajados à estimular as pessoas a avistarem caminhos diferentes.
Por mim podem dizer quantas vezes quizerem, "falar falar não faz nada", mas olha já é meio caminho andado.
"thoughts become things, choose the good ones"!!!
Well I choose to choose the good ones!!
Quando se perder o medo de falar abertamente, aliás, pensar abertamente, lá no ta começá ta oia mudanças!