Café Comemorativo

13 Comments


Cabo Verde
05 de Julho de 1975 - 05 de Julho de 2008

Diga 33!


«Pergunto-me cada vez mais se Cabo Verde é assim tão pobre. Penso em jovens da minha idade, de países ricos, dos mais ricos do mundo, como a Alemanha, por exemplo. Os jovens alemães têm de confrontar-se com o nazismo no seu passado histórico e assumi-lo. E isso não é fácil. Também sei que os jovens luxemburgueses entram a dada altura das suas vidas em crise, quando descobrem que o seu país, um dos Estados mais ricos do mundo, acumulou riqueza com a perseguição aos judeus, por exemplo. Por vezes, só pensamos na riqueza, na herança material. Mas eles têm uma herança histórica e moral pesada para assumir. E que têm de assumir. E eu tenho de assumir uma luta gloriosa pela liberdade. Por isso, muitas vezes sinto-me com mais sorte e mais rica.»

Angela Coutinho - cabo-verdiana


Fotografia de César Schofield Cardoso




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13 comentários:

Adriano Reis (conta.storia@gmail.com) disse...

33 anos é idade de Cristo, Orgulha-me ser Cabo-verdeano, pela paz,pela a nossa Cultura e tranquilidade. um exemplo em África.
Estou a fazer uma formação com Marcantónio del´carlo e ele esta sempre a desafiar-me para trabalhar e exercitar a nossa cultura nos exercicios de expressão Dramática. ele nem fazia ideia que temos um dos maiores festivais de teatro em África, ofereci-lhe uma revista do mindelact e coube a André Gago falar-lhe do festival, é claro com a minha ajuda.Voltou para mim e disse-me: caramba! Cabo Verde deve ser mesmo um Paraiso! e tu, o que andas a fazer nesta selva.
João, talvez essa é uma bela forma de dar os parabéns a nós Caboverdeano pelos os anos de Cristo e pelo carinho que as pessoas têm pelo o nosso País...

Unknown disse...

Belo comment, Adriano!

Anónimo disse...

É bom não esquecer que em 1975 entregaram este país ao comunismo soviético e cubano, numa altura que todos sabiam que Portugal e as suas Regiões preparavam-se para entrar na CEE, uma vez que tinham criado todas as condições e pré-requisitos exigidos, com o derrube do regime fascista salazariasta/marcelista, a última ditadura da Europa Ocidental.

A independência foi falta de visão dos dirigentes da altura, com pouca formação e estudos superiores capazes de lhes facultarem visão estratégica de desenvolvimento e inteligência.

Em vez dessa via natural e inteligente de entrada na CEE via Região ultraperiférica - como Madeira, Açores, Canárias ou como as regiões Francesas e holandesas, constituídas dos blacks e noirs ... preferimos seguir a via militarista da guerrilha, entregando estes pedacinhos de terra aos comunistas soviéticos, armando-nos com AKA-M's, Kalashnicov, anfíbios obsoletos, lanchas velhas e outros lixos militares ...

Foi falta de visão de meia dúzia de "iluminados" vindos dos bureau da Guiné Conakri (sim, porque poucos cabo-verdianos estiveram de facto no mato, daqui as poucas baixas, mortos e desaparecidos em cambate), sem estudos).

O Povo de Cabo Verde não teve opção de escolha. A vontade do povo foi relegada para segundo plano e silenciada.

Esta é a história que continuamos a censurar e a não querer contar.

Poderíamos ter atalhado e simplificado o caminho e não cair agora na palhaçada de ter a pretensão de aderir como país independente à União Europeia.

Vejam só se notícia como esta "Adesão de Cabo Verde à União Europeia" tem cabimento???

O maior erro da história de Cabo Verde foi cometido em 75! Os culpados que dêm a cara!

NOTA: aos nacionalistas que vão tentar rebater esta tese, pergunto: qual é di bô? Qual ê bu passaporte? Bu ka tem passaporte Português, europeu ou americano? Bu ka ta gostaba di ter?

Temos de começar a falar as nossas verdades inconvenientes!

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Parabéns pelo comentário Angela! Todos devíamos sentir-nos orgulhosos pela terra que temos que, ao contrário de muitas outras, é amada por aquilo que é e não por aquilo que tem. Asssumir a nossa identidade, sem vaidade, mas com orgulho é algo que deve ser natural para quem atinge a bonita idade de 33 anos. Abraços!

Fonseca Soares disse...

Belo texto este, comemorativo dos nossos 33 anos de independência (só 33... 'Jon, kel bexiga!') Acontece Angela, que estamos 'formatados' para só ver riqueza monetária... e passamos ao largo de muitas outras riquezas, bem apetecíveis(!), quando se tem a devida consciência do valor, que temos nestes 'dez grãozinhos de terra' espalhados no meio do Atlântico. Históricamente, das coisas negativas,pesadas, para assumir: um passado de trevas da escravidão, sempre combatida... e essa luta gloriosa pela Liberdade!
Luta que deve continuar sempre para patamares mais elevados de Liberdade e de bem-estar para todos os cabo-verdianos.
Tchá

Unknown disse...

Bem, devo dizer e sublinhar que não estou nada de acordo com o comentário do anónimo, que quer dizer e discutir verdades «inconvenientes» mas continua sob a capa do anonimato!

Eu não tenho a minima dúvida que grande maioria - grande mesmo - do povo cabo-verdiano está, se sente, absolutamente orgulhoso do seu percurso, da sua independência, do seu país, da sua cultura, etc. Estou absolutamente convencido que uma muito baixa % do povo de Cabo Verde aceitaria ser uma «região autónoma» de Portugal ou outro país europeu qualquer.

Quanto á questão do passaporte, não tem nada a ver. Qualquer um que tenha esses passaportes, o tem por razões de conveniência e cidadania, como acontece com qualquer cidadão de qualquer país quando emigra. Cada um deles se sentirá tão ou mais cabo-verdiano do que o Anónimo que escreveu o que escreveu.

Uma aberração. Os obreiros da independência não precisam de «dar a cara». Todos sabemos quem são!

Há certos comentários que não entendo, sinceramente...

Anónimo disse...

Na vida há sempre dois caminhos: o mais fácil e o mais complicado.

O mais fácil é sempre o mais imediato, o mais previsível, o mais simples e o que menos riscos corremos ...

O mais complicado é sempre o mais indigesto, o mais sensível, o que levanta mais problemas de decisão, o mais difícil ... mas por isso mesmo, o de resultados estrandosamente superiores, normalmente o q causa é capaz de causar dramaticamente o maior impacto e o que pode mudar radicalmente a na vida das pessoas, do colectivo, etc ...

Neste caso concreto, a via mais óbvia era a independência.

A cultura cabo-verdiana é secular ... há muito que foi estrondosamente assumida pelos cabo-verdianos, com vigor, com power!

Quem foram os maiores guardiões, fundadores e defensores da nossa cabo-verdianidade? De que geração foram? Quem são esses homens de cultura que souberam impôr as raízes do homem cabo-verdiano?

Ora bem, isso tudo aconteceu muito antes da nossa independência! Por isso, não tentem enganar a vocês próprios que a cultura e a consciência da cabo-verdianidade veio com a independência! É falso esse preconceito.

O caminho mais difícil sería banir da nossas mentalidades o complexo colonial e ajudar a contruir uma nova era! Cabo Verde como uma Região de Portugal ajudava a quebrar muito tabus, tanto do lado cabo-verdiano, como do lado português! Seguramente, hoje Portugal não estaria como está ... nem Cabo Verde!

É esse o ponto onde eu queria chegar.

Se puxarem por mim, desenvolvo mais o tema ...

Anónimo disse...

João,

Eu ia dizer exactamente a mesma coisa: o comentário do anónimo poderia ter algum valor se ele tivesse assinado com o seu nome.

Pela sua lógica, e pelo que tu próprio fizeste a questão de rebater, praticamente a população mundial (e pobre) teria de ter nacionalidade Americana/Europeia, pois quase todos querem ter passaportes desses países.

Que traga outros argumentos à discussão... Por favor!

Depois, é basta olharmos para a nossa história para sabermos que muitas gerações de caboverdianos quiseram ser tratados como iguais (pelos colonialistas) e, portanto, não foi somente por vontade própria que decidimos lutar pela independência.

Fomos, também, obrigados a isso para conseguir a dignidade que nunca nos foi dada. E, tenho muito orgulho em o dizer, felizmente que assim fizemos.

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Anónimo disse...

o comentário está mesmo divino e a altura de qualquer caboverdeano que orgulha da história do seu país. Para mim, são 33 anos ñ só de Liberdade, mas tb de uma luta contínua, uma vez que sendo um país tão jovem em independência, por mais senões que possamos colocar ao nosso desenvolvimento, ele ñ foi pouco e muito menos mau.

MM disse...

Nem são para entender. Por isso mesmo são anónimos.
Hehe apaguei o que tinha escrito e limito-me a dizer que concordo plenamente com o Tchá e o JB.

Unknown disse...

Anónimo, tens razão quando dizes que a cultura é secular. Já o professor Adriano Moreira, disse numa entrevista que deu à Semana aqui há uns anos que «Cabo Verde foi nação muito antes de ser país».

Mas isso só reforça, e nunca o contrário, a lógica e a inevitabilidade de se conseguir a independência. Não entendo essa argumentação...

Mais fácil? Deves estar a brincar com todos os cabo-verdianos que construiram, praticamente do zero, um país que muitos observadores internacionais consideraram «inviável». Sem riquezas naturais, sem água, sem agricultura, sem infraestruturação, sem escola, sem hospitais, sem segurança alimentar. Sem nada! Só a força do seu povo e a crença que este sonho era possivel. Como foi provado.

Mais fácil? Antes pelo contrário. O caminho seguido foi o mais dificil. A diferença entre um jovem seguir o seu caminho, ou do outro que fica até aos 40 anos a viver em casa do papá e da mamã...

Abraço

Anónimo disse...

Anónimo... não comento mais a questão de fundo porque que parvoíce! (parece aquela franja de portugueses que tem nostalgia do tempo em que éramos dos espanhóis...)

P.S.: queria só falar da falsa-questão de passaportes, já que esta, a meu ver, jamais porá em causa qualquer nacionalidade, só vem, timidamente, dar corpo a um dos Direitos Humanos mais fundamentais para mim (que decorre automaticamente do da liberdade, João!): a liberdade de circulação (porque é que uns podem circular à vontade por qualquer país do mundo e outros não?)

Fonseca Soares disse...

Jon, inda bo ka trá 'kel bexiga' da lá. '05 de Julho de 1975 - 05 de Julho de 2008'
(hehehe)