3 Cafés Curtos

15 Comments


1. A «guerra aberta» entre os professores de um instituto superior e a Universidade de Cabo Verde é preocupante a vários níveis. Abraão Vicente escreve no seu blogue um artigo assombroso sobre este caso e devo dizer que partilho muitas das opiniões que ali são expostas. O projecto da Universidade de Cabo Verde é sério demais para estar sujeito a interesses coorporativos. Vão ler que vale a pena.

2. Numa outra vertente educacional, a gerente do blogue Retalhos insurge-se contra a falta de civismo instalada na nossa capital e conclui que, ao contrário do que foi anunciado em campanha eleitoral, Praia não tem mesmo solução. Pelo menos enquanto não houver uma autêntica revolução de mentalidades. São estações de serviço de duvidosa providência (para além do facto de anunciarem lavagem de «automáveis», assim mesmo, «automáveis») que despeja água suja e óleos usados na via pública, lixo deitado na rua de forma descarada por vendedeiras, pessoal no autocarro que quando precisa de deitar alguma coisa no lixo - seja papel, um pacote de bolacha vazio ou um resto de fruta - faz sempre o mais fácil, ou seja, abre a janela e cá vai disto. Assim, não vamos lá!

3. Ainda na educação, mas desta vez ligado à promoção do crioulo, foi feito um anúncio durante a cimeira da CPLP que me pareceu muito importante, mas ao qual foi dado pouco relevo. O director-adjunto da Unesco, o brasileiro Marco Barbosa, anunciou no passado dia 25 de Julho que aquela agência da ONU para educação, ciência e a cultura vai criar um Fundo financeiro semelhante ao criado por Portugal (para a lingua portuguesa) para apoiar o desenvolvimento e promoção das línguas maternas e nacionais que constituem acervo da Unesco. Resta saber se teremos arte e engenho para tirar desta medida algum proveito. O crioulo e sua oficialização, agradecem!




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15 comentários:

Anónimo disse...

Bom,

Agora que todos deram para falar em qualidade, algo que não se pode (ou que fica muito difícil) questionar, quero só lembrar que quando CT questionou a "qualidade" que podia advir da instalação apressada (e por motivos meramente eleitorais) da UniCV, toda a gente caiu-lhe em cima porque ele estava a ser "oportunista" e porque a "qualidade" não era essencial naquele momento.

Agora, como convêm, com todo o respeito que tenho pela UniCV (e com o meu profundo desejo de ter uma Universidade com qualidade), a reitoria apodera-se das "Unidades Associadas" (porque não têm estruturas próprias), e os professores destas são "coagidos" e encostados à parede, porque, caso contrário, são contra a qualidade e a excelência, logo contra Cabo Verde.

Se há uma coisa que não suporto é a hipocrisia e a incoêrencia. Podem, agora, cair-me em cima se quiserem, mas lembrem-se do passado. Há que ter qualidade, sim, mas, por favor, respeitemos os professores e sejamos coerentes com nós próprios.

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Anónimo disse...

é preciso ter algum cuidado e não desmerecer pessoas, hoje acusadas de coorporativistas,que há muitos anos carregam, empurram, montam, esboçam...enfim originam e são referencias doque hoje se chama " projecto sério da Universidade de cabo-verde" ...
aliás, acho que este projecto tanto mais sério se torna quanto mais aproveitar e valorizar, e também incrementar, as raizes já montadas..cumprimentos

Unknown disse...

Salim: acho fantástico que tenhas vindo aqui dar um pouco a noção do que é «o outro lado» desta questão. Uma moeda tem sempre duas faces, naturalmente. Mas há aqui qualquer coisa no teu comentário que não me convence: essas «unidades associadas» não são também do Estado? Então, estarem reunidades numa única estrutura não faz todo o sentido? E dizes que os professores destas unidades (utilizas o plural mas pelo que se saiba só no ISE é que parece haver maior contestação, no ISECMAR ao que parece está tudo mais calmo) estão a ser «coagidos»? Coagidos porquê? Para quê? Encostados na parede? Para se qualificarem mais? Quem me dera ser coagido assim pela minha entidade patronal!

E há outro «argumento» que também não me convence. O nascimento da UniCV foi feita por motivos eleitoralistas? Isso é muito estranho já que foi oficializada a três anos das legislativas! Imagina se tivesse sido agora...

Temos que parar com essa falácia de querer partidarizar todos os problemas que nos apareçam pela frente. Não faz sentido.

A UniCV, bem ou mal, é hoje uma realidade. Há que corrigir o que não está sendo bem feito, ir aprendendo com os erros e seguir em frente. Isto para mim é básico.

Abraço

Unknown disse...

Anónimo, desculpa lá, mas essa vitimização não faz qualquer sentido. Ninguém está, ao que me parece, a desmerecer, ou desrespeitar, ou a não considerar o que foi feito. Se fosse assim, nem se utilizavam as estruturas e começava-se tudo de novo. Se os institutos públicos vão ser integrados na orgânica de uma UniCv é porque o que construíram até esta data é extremamente válido, não te parece?

Agora, não se pode querer uma universidade em quadros formados ao nivel que é exigido a uma universidade publica. Podendo-o fazer, porque não? Porque não?

Anónimo disse...

João,

De facto, faz todo o sentido serem reunidas numa só estrutura. O meu argumento não é contra esse ponto.

Quando digo "coagidos", falo da imagem que se está a passar para a sociedade de que eles são uns "preguiçosos que não querem estudar" (o que é absurdo) e da pressão que existe para que aceitem quaisquer condições que lhes forem impostas em nome da "qualidade" e da "excelência".

8 anos é mais do suficiente para um doutoramento, desde que se tenha as condições para tal. Mas com família constituída, com renda e demais despesas para pagar, não se pode largar tudo repentinamente e dedicar-se exclusivamente aos estudos como um aluno normal.

Será que esse prazo é realista? Ou, melhor, será que terão as condições efectivas para cumprir esse prazo? Isso é que deve ser discutido e é isso é que deve ser garantido.

Quanto ao outro ponto, não sei se te lembras, mas, pela altura das eleições, se não estou em erro, o JMN fez a promessa de inaugurar a UniCV e, portanto, tinha que cumprir essa promessa da campanha, quando podia fazer tudo com mais vagar e com mais ponderação.

É isso que queria dizer quando disse "eleitoralistas".

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P.S. E, já agora, a UniCV nasceu muito antes, se não estou em erro na decáda de noventa (mas não deu em nada), e, portanto, o mais correcto seria dizer (re)nascimento. Portanto, não tem nada a ver com partidarização, mas, sim, aproveitamento político (o que tem que ser denunciado).

Unknown disse...

Salim

Mais uma vez há aspectos no teu comment que não convencem - e ainda bem, porque detesto unanimismos!

«Quaisquer condições» foi o termo que usaste e também não é bem assim. O que está em cima da mesa - e que nem sequer está aprovado - é esse tal prazo, que do meu ponto de vista é perfeitamente aceitável para quem já tem mestrado. E se forem também criadas condições do Estado investir na investigação e na formação dos seus quadros, ninguém nos diz que estes estudos tenham que ser feitos, a 100%, a custas do próprio professor. Isso para mim parece-me evidente...

Por outro lado, achei piada ao teu argumento que é «eleitoralista» porque foi prometido em campamha! Ora essa Salim! Sendo assim, que os nossos políticos fossem todos eleitoralistas, se isso os fizesse cumprir promessas. Achei muito bem que JMN tivesse prometido a implementação da UniCV e fiquei mais satisfeito ainda quando vejo que essa promessa está sendo cumprida.

Muitas vezes, esse «vagar e ponderação» de que falas é mais é conversa para boi dormir. Olha o nosso Centro Nacional de Artesanato! Com tanto «vagar e poderação», sete anos depois ainda está fechado. E foi promessa eleitoral! Não seria mau se fossem um pouco mais eleitoralistas neste aspecto também...

Finalmente, qual renascimento, qual quê! Estava no papel. Esteve anos e anos sem ninguém com iniciativa suficiente, ou então porque se concluiu que não estavam reunidas condições para o fazer, para ser materializado. Isso não é argumento. Um hospital ou uma escola, nasce no dia em que é inaugurada e passa a ser uma realidade ou quando ainda está no papel ou na boca dos politicos? Fala a sério!

Abraço

Anónimo disse...

João,

Nalgumas coisas estamos de acordo e noutras não, portanto, acho que as nossas posições já estão claras e ficam aqui registadas.

Aceitei entrar neste debate contigo porque sabia que podíamos trocar argumentos, e fico contente que assim aconteceu.

No entanto, fica evidente que as nossas posições divergentes são difíceis de se conciliarem. Portanto, fica em aberto o debate para outros participarem.

Aquele abraço (1 love)

Unknown disse...

Oh Salim, agora é que fiquei confuso com a tua «saida de cena». É que fiquei sem entender exactamente onde estamos de acordo e onde não estamos! Abraço!

Anónimo disse...

Na verdade nao queria, por detestar tal atitude, passar um tom vitimista.
Simplesmente parecem-me, de alguma forma, justas algumas reivindicações de alguns professores por achar razoável que num processo de criação de uma estrutura que engloba estruturas já existentes seja muito difícil haver soluções únicas. Parece-me normal e desejavel q numa primeira fase de um processo deste tipo se proporcionem quadros de soluções diferenciadas, transitórias e circunstanciadas no sentido em que o mesmo abrange situações diversificadas.
Fico com a sensação de, num processo de transição, ser saudável algum cuidado especial com situações especiais e circunstanciais.
Esse “cuidado” julgo que n comprometeria mas sim estaria ao serviço e promoveria a excelência que todos pretendemos.

É claro que a qualidade dos quadros, essa, mais do q querer, exijo q seja de nível…

Abraço e parabens pelo blog

Anónimo disse...

Bom, João, eu senti que as nossas posições podiam extremar-se e, por isso, preferi "sair da cena", pois achei que continuar a responder-te só iria aumentar o fosso que nos separa nesta questão (e não traria nada de construtivo).

Mas, pronto, já que pedes, vou dizer-te, reiterando onde penso que discordamos (e onde penso que concordamos) e ficarei por aí.

Concordamos que a UniCV deve ser o aglutinador das "Unidades Associadas". Também concordamos que deve haver condições e tempo para lá chegar.

Mas, fundamentalmente, discordamos do (e no) passado: isto é, o timing e a maneira como foi implementada a UniCV (e instalada a reitoria).

Aqui, penso caímos no usual 8 ou 80: ou nada fazemos (Centro Nacional de Artesanato) ou começamos pelo tecto sem ter a base (o que acredito ter-se passado com a UniCV).

Tu achas que ao dizer isso estou a partidarizar a questão, quando eu penso não tínhamos a estrutura para instalar a reitoria, mas ela foi instalada, não exigimos o grau de doutor ao reitor, e, agora, é uma exigência aos professores.

Ou seja, acredito que a UniCV foi instalada rapidamente, sem ter-se todas as condições necessárias, para mostrar resultados (e ganhar pontos no campo político) e tu pensas que não.

"A UniCV, bem ou mal, é hoje uma realidade. Há que corrigir o que não está sendo bem feito, ir aprendendo com os erros e seguir em frente."

Isso para mim, também, é "básico". Agora, fingir que tudo está bem e que aconteceu às mil maravilhas, e dizer que os professores (do ISE) estão a proteger os seus interesses instalados, é, a meu ver, extremamente redutor e hipócrita, além de injusto.

Portanto, como vês, não sei aonde pegar para continuarmos o debate. Tentei terminar bem, mas, com o teu último comentário, fiquei na dúvida se tinhas dito que estava a fugir ao debate.

De todo o modo, para mim, o fundamental é reconhecermos que a UniCV foi instalada à pressa, o que não acredito que vá acontecer (da tua parte, da reitoria, ou a nível do Governo), e emendar isso respeitando os nossos professores, sem pressões demasiadas e exigências incoerentes, e com a toda a negociação possível. Aí, sim, poderemos "move on".

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Unknown disse...

Anónimo, excelente comentário. Estou basicamente de acordo com o conteúdo e com o teor do que ali está escrito. Eu não conheço por dentro e em pormenor os meandros do que é proposto por uns e outros, mas parece-me que esse cuidado a que te referes está em cima da mesa, não?

Salim, não penso que houvesse posições «extremadas»; estamos apenas a conversar. Com este último comentário, percebi um pouco melhor as tuas posições. Ficou tudo mais claro. Mas atenção: por vezes colocas na minha pena coisas que eu não escrevi, de todo. Quando dizes, por exemplo, que eu não admito de nenhuma maneira que a UniCV foi instalada à pressa. Mas isso todos sabemos! Foi público e notório. Tivemos, pelo menos por alguns meses, um reitor que nem era doutorado, independentemente das suas capacidades técnicas para o cargo. Toda a gente se lembra disso. Agora, se me perguntares se eu preferia a situação de hoje ou estar ainda com «estudos de viabilidade» e realização de fóruns, ateliers e mesas redondas sobre a «futura universidade de Cabo Verde», sem dúvida que prefiro a primeira possibilidade. Repara uma coisa, este espirito, quase que aventureiro, faz parte inclusivé da nossa história: quantos não caboverdianos acreditaram, realmente, que este país seria viável? Só mesmo a «loucura» dos nossos patrícios fez com que o sonho comandasse a vida e que hoje Cabo Verde seja um país com alguns dos melhores indices de desenvolvimento de toda a Africa, na educação, na saúde, nas infraestruturas ou nas comunicações.

Abraço

Anónimo disse...

João,

Afinal das contas, isto acaba por trazer algo de construtivo e terminar bem! :-)

Realmente, reconheço que pus na tua boca o que não tinhas dito, e fico contente por ter errado na minha suposição.

Também, o teu argumento da nossa "história", do nosso "espírito, quase que aventureiro" e da nossa "loucura", convenceu-me (e de que maneira! ;-).

Ao contrapores isso com "estudos de viabilidade", "fóruns, ateliers e mesas redondas", realmente também eu prefiro sem dúvidas a 1ª opção (embora tinha fé de que, desta vez, teria sido diferente).

Já tinha discutido isso mesmo com o Djinho, e ele ofereceu-me um argumento similar, fazendo uma analogia com termos tido o período do partido único, em vez da democracia plena logo à partida.

Talvez, por ele ser um dos visados no processo e por não ter sido tão "eloquente" (ou "poético") como tu, não me convenceu totalmente. :-D

Mas, fico feliz porque, afinal, tinha razão quem disse que "a falar é que a gente se entende" e, também, por me teres chamado a capítulo e não teres permitido a minha "saída de cena".

Espectáculo JB!

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Unknown disse...

Maravilha! Tudo está bem quando acaba bem... mas esta e outras conversas poderão sempre continuar! Aqui e noutros fóruns. Abraço

Anónimo disse...

JB,

Ontem, conversei com uma amiga minha que fez um estágio no ISE, e ela descreveu-me um quadro medonho, de vícios comparáveis à função pública.

Em toda esta discussão (nos blogs), o que me perturbou é o desrespeito que considero ter sido demonstrado para com a classe docente do ISE.

Reconheço aí professores de inestimável valor, e de certo modo, tenho tendência a "rebelar-me" sempre que assisto à falta de respeito e à incoerência.

De todo o modo, eu que pensava contactar alguns dos professores, para conhecer melhor o seu lado e escrever um artigo, acho que já perdi o ímpeto.

É daquelas coisas: embora reconheça a qualidade de ACS (o gajo é brilhante, e isso é inegável), para mim, a questão da sua legitimidade, enquanto reitor, será sempre muito discutível.

Mas, depois da conversa que tive, eu próprio já fiquei preocupado e com receio em relação ao objectivo da qualidade e da excelência.

Porque é que em CV as coisas não podem ser lineares e tudo tem que ser sempre tão complicado? Assim, poderia-se tomar uma posição sem se preocupar muito com o que pode estar por detrás.

Talvez, é a nossa sina (para o bem e para o mal).

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Unknown disse...

Salim ,eu quando falei em «interesses coorporativistas» (e muito ao de leve, nota) estava um pouco a pensar nessa realidade, que não conheço por dentro, mas através de pessoas conhecidas e do que tem vindo a lume na comunicação social, não só agora, com o despoletar desta polémica, mas com as inúmeras guerras palacianas da instituição que de quando em quando são noticiadas nos jornais...