SMS Cafeano

5 Comments




«Cabo Verde fabrica o seu próprio chão, inventa a sua própria água, repete dia a dia a criação do mundo.»

José Saramago - escritor






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5 comentários:

Amílcar Tavares disse...

Belo!

Anónimo disse...

Onde conseguiste esta frase? Em que ano é que Saramago esteve na Praia e no Mindelo?

Unknown disse...

Segundo A Semana online, nos anos 80, escreveu uma crónica sobre Cabo Verde,

(Caboverdiando. In Jornal de Letras, Lisboa, 14 de outubro de 1989).

Anónimo disse...

1
Apesar da frase bonita que aí fica, tenho uma vaga ideia desse artigo (devo tê-lo comigo 'perdido' nos milhentos recortes por aí). Recordo-me de uma breve nota publicada no JL quando da sua visita a Cabo Verde. Para mim (e pelo que a memória me consente) foi uma grande desilusão. Posso estar errado, mas Saramago escondia mal nesse escrito uma certa decepção (creio eu pelo meio intelectual de então que encontrou). Insisto que posso estar enganado, por isso vou tentar encontrá-lo para devolver verdade e factualidade a esta lembrança nublada pelo tempo.
2
Quanto ao outro Post sobre o Amor, foi evidente o renascimento de Saramago ao lado de Pilar. Encontrou ao lado dela uma nova alegria de viver. Neste particular Pilar foi O pilar que lhe faltava para fechar o arco (gigantesco) em que se tornou a sua vida. Era até comovente de ver a forma ostensiva como ele, jovem apaixonado, assumiu e exibiu orgulhosamente, e com visível felicidade, aquela relação, onde não faltaram manifestações públicas de afecto (ver fotografia publicada acima). O que todos nós também sabemos, é que quando se ama assim de forma tão intensa (e o Zé, como ele autorizava aos amigos, estava apaixonadíssimo), muito raramente o nosso parceiro consegue acompanhar-nos aos cumes estratosféricos da paixão. Quem sabe se os amores mais autênticos e felizes não são os de intensidades assimétricas, como me parecia evidente o dos dois. MAS QUE SEI EU DO AMOR, SE APENAS AMO E HUMANAMENTE ME APAIXONO... perdidamente!
ZCunha (Cont...)

Anónimo disse...

Continuação

3
Saramgo foi um bom poeta, mas cedo percebeu, num País de grandes poetas, que por aí não tinha grande caminho. Optou, e bem, pela prosa. Tem duas obras primas. Uma da primeira fase (temas sobre Portugal), outra da segunda fase (da universalização dos temas). Gostei muito do Memorial pela figuras inesquecíveis de Baltasar e particularmente de Blimunda (apaixonante). Mas a obra prima, que para mim ainda hoje permanece como tal, é sem dúvida alguma o 'Ano da Morte de Ricardo Reis' (livro que é pensado antes do Memorial, mas cronologicamente publicado depois), essa extraordinária ficção de uma ficção, capaz de ter tornado ainda mais real do que já era, essa figura triste e apagada do retornado Reis a Lisboa. O próprio Saramago disse que ao ler pela primeira vez Ricardo Reis "…pensei que Ricardo Reis era uma pessoa real…". Conta quem sabe, que ainda hoje há quem procure na Rua do Alecrim o quarto 201 do Hotel Bragança onde se "hospedou e viveu" R. Reis. A outra obra é "Ensaio sobre a Cegueira" um discurso brutal e poderoso sobre a natureza humana e o poder. Actualíssimo.
4
Quero agora homenagear a LITERATURA, como gostaria José Saramago que se fizesse. Lembrar, a propósito dessa extraordinária figura que é Blimunda, um livro que não é de Saramago, mas que por estranhos e misteriosos caminhos da criação fez cruzar num dado passo do romance "Lillias Fraser", de Hélia Correia, duas figuras singulares da recente ficção portuguesa: Lillias Fraser e Blimunda Sete Luas. Lia entusiasmado o romance de Hélia Correia (quem gostou do Memorial vai gostar pelas muitas semelhanças - recomendo vivamente aos mais desatentos - um grande livro), quando a páginas 279 a 282, penúltimo capítulo (XVIII) acontece o mais inesperado que a literatura alguma vez me dera a ler. Lillias, de Hélia, cruza-se com Blimunda, de Saramago, já doente e envelhecida a arrastar-se pelas ruas de Lisboa depois do terramoto 1775. Recordo que Blimunda consegue ver vida no interior das pessoas, Lillias vê o oposto, a morte que trazemos dentro de nós. Esse encontro, fugaz, é dos momentos mais fascinantes e emocionantes que me foi dado ler até hoje. Felizmente o livro terminava na página seguinte. Li e reli emocionado e comovido, e chorei lágrimas autênticas de um encontro entre duas personagens e ficção que aprendi a amar, e são tão reais como Reis, como eu, ou como qualquer um de vós.
São estes pequenos pormenores que ficam comigo, que guardo cá dentro a queimar-me como uma rosa em chamas. O eterno fogo da alegria e a extraordinária beleza do mundo.

ZCunha