SMS Cafeano

11 Comments




"Há três espécies de mentiras: as mentiras, as mentiras sagradas e as estatísticas."


Mark Twain - escritor



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11 comentários:

Amílcar Tavares disse...

Tenho por mim que M. Twain não gostava de matemática quando andou na escola...

gatunix disse...

mikha errado.
ca foi isso que el cris dse apenas q pessoal ta usa estatistica pa mento... exemplo de governo q ta recorre sempre a estatistica pa ganha voto... cenas do genero...

Anónimo disse...

Há ainda, as políticas, as religiosas e as necessárias

lol

HF

Anónimo disse...

Há outra espécie de mentira: a verdade!

"Mentir, eis o problema:
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?

Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania

contra toda escalada,
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?

Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?

Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,

sem suporte e armadura
ante o império dos grandes,
frágil, frágil criatura?

Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,

se componho um casulo
e nele me agasalho,
tornando o resto nulo,

ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.

Carlos Drummond de Andrade, Boitempo)

a) RB

Virgilio Brandao disse...

João,
people,
a frase é de Benjamin Disraeli, Primeiro Ministro da Raínha Vitória (e, com o Lord Protector Cromwell e Isabel I, um dos políticos mais brilhantes e visionários da história do Reino Unido da Grã-Bretanha) que dizia que «Existem três tipos de mentiras, as mentiras simples, as mentiras terriveis e as mentiras estatisticas».

Mark Twain nasceu e morreu sob o signo do Haley, mas esta luz não é dele, não. A estatistica é uma arma terrível, basta que se faça a escolha precisa do universo estatistico que interessa (subjectivamente) para dado resultado. Daí a esta´tistica ser mais do que terrível... pois é capaz de dizer o que interessa e como interessa. E Disraeli sabia disso... ai se sabia!

Abraço fraterno

Anónimo disse...

Mentiras sagradas?
O queeeeeeee?
Deus diz mentiras?
Não me digam!

Carla disse...

certa vez li uma frase sobre isso que achei o máximo:
"Estatísticas são iguais a biquínis; o que elas revelam é sugestivo, mas o que elas escondem é essencial".

Unknown disse...

Virgilio, obrigado pelos esclarecimentos.

Carla, gostei da frase!

Virgilio Brandao disse...

João, :-).
Bela analogia, ó Carla! No caso, o «artigo definido masculino do singular» ficaria muito bem na frase... lol (É que atrás do bikini está o sagrado, o lugar santíssimo!)

Nox Lilin... permita-me que lhe diga, "ao correr do teclado", o seguinte:

A mentira nunca pode ser sagrada, se estivermos no plano meramente religioso; assim como Deus não pode mentir, pois o Diabo é "o pai da mentira". Mas mentira, no plano moral, pode ser "sagrada"; assim como pode, no plano político, ser ético.

A primeira é ensinada por Kant, ao demonstrar que mentir é, por vezes, um dever - o tal imperativo categórico. Pode verificar isso no Opúsculo «Sobre Um Pressuposto Direito A Mentir Por Amor A Humanidade», em regra anexo à «A Paz Perpétua» do mesmo autor (a edição portuguesa das Edições 70, v.g., traz o opúsculo como anexo).

No plano político, Alexander Koyré analisa a dimensão ética da mentira na monografia «A Mentira».

Em certa medida, a mentira pode ser sagrada, não em si mesma mas em razão do que tenta salvaguardar - quando a mentira é ética, moral ou, tal simplesmente, benévola...

Não tem a ver com Deus, mas com a natureza das coisas; e todas as coisas - ou situações - devem servir para o bem da humanidade. E mentir, que é um direito em sede judicial (por causa da dimensão moral que encerra o facto de alguém não dever auto incriminar-se), consubstancia também um dever de não dizer a verdade quando esta prejudica excessivamente o outro.

As palavras em sim... como os bikinis escondem o essencial: o seu arquétipo. E concordo com o cabalismo serôdio de JL Borges no poema «El Golem»:

«Se, como o grego diz no Crátilo,
o nome é o arquétipo da coisa,
nas letras de rosa está a rosa
e todo o Nilo na palavra Nilo».

E o sagrado da mentira tem, instrumentalmente, duas dimensões fundamentais, sendo uma delas santa e sagrada pois leva, sempre, a soluções, medidas ou situações que salvaguardem o Bem. Assim, distingo a mentira em sentido negativo e positivo.

Em sentido negativo, temos o exemplo de Sacco e Vanzetti que, por causa das mentiras ditas em Tribunal causaram a sua prisão e, consequentemente, a aplicação da pena de morte aos mesmos. Esta é o sentido da mentira como um mal censurável.

Em sentido positivo, invoco o exemplo de Anne Frank... a família que a protegeu e escondeu (assim como aconteceu com situações análogas) mentiu reiteradamente. Mas isso é censurável, ou moralmente errado? De todo que não!, na minha perspectiva. É, será, um exemplo prático do imperativo categórico de Kant – todos, em boa consciência, agiríamos do mesmo modo. Esta é, certamente, uma dimensão sagrada da mentira; da mentir como um bem desejável.

Obrigado, Nox Lilin, por permitir-me esta reflexão espontânea.
Boa Páscoa!

Anónimo disse...

Caro Virgilio Brandao:
Eu entendi, o que "mentira sagrada" significava.
Só achei a palavra "sagrada" inadequada e por isso, brinquei um bocadinho com ela.
Excelente reflexão, já agora!

Virgilio Brandao disse...

Caro Nox Lilin, tudo cool! Eu é que tenho mau hábito de levar as coisas demasiaod a sério... :-)

Reitero a minha gratidão, pois continuei com esta reflexão e foi muito profícua.

Abraço fraterno