Perguntas Cafeanas

15 Comments




Uma verdade inconveniente transforma-se em
insulto, quando dita por alguém «de fora»?



À melhor resposta, ofereço um café




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15 comentários:

Fonseca Soares disse...

Aí está uma coisa estranha que não vai muito de acordo com o que penso de mim! E que, infrutíferamente, tenho tentado lutar contra! Mesmo sendo visceralmente contra... apetece dizer: 'Bá mandá bóka lá pa bo terra, bá!!!'
Coisas!
Tchá

Unknown disse...

Iiiiih! Pois é, Tchá. Lembrei-me agora de duas situações. Uma delas aconteceu comigo.

1. Num Fórum que tive oportunidadade de participar, referi na minha intervenção da miséria que era o ensino artístico em Cabo Verde e, mais grave ainda, o ensino da cultura de Cabo Verde (lato sensu) nas escolas. Falei de uma criança que tenho em casa desde bébé, hoje com 14 anos e que nunca levou uma linha que fosse do liceu sobre cultura cabo-verdiana, ou alguma dúvida, ou algum programa alternativo para ver, ouvir, comentar, aprender. Etc. Olha, um conjunto de três professoras, num canto da sala: «quem é que este português se julga para falar assim?!». Aconteceu o ano passado. Comigo. Há mais de 15 anos por aqui.

2. Dizem que os chineses aprendem rápido. Quem não se lembra da boca de um chinês para um senegalês que vendia os seus produtos à porta da sua loja: «bá pa bô tela, bá pa bô tela!»...

Isto é que é assimilação de costumes locais!

Anónimo disse...

Não devia ser encarado desta forma, mas infelizmente na maioria das vezes é, e em CV ,principalmente entre Santiago e SV, essas verdades incovenientes vindo de uma ilha em relação à outra torna-se mais que um insulto pk as pessoas ñ estão mto abertas à críticas, mto menos vindas de alguém "de fora" ( é o típico "txa d metê bô pê xuxe ondê k bô nê txmod!!!" :p).

Sanpadjud disse...

Diria costume global, de local não tem nada. Trinta e três anos vivi em Lisboa (a idade de Cristo) e vivi muitas dessas por lá. Nota: não aplaudo tal costume, nem como global nem como local; considero-o condição humana.

Unknown disse...

Eu acho que tanto a Sisi como o Sampadjud tem razão. É algo local e algo universal. Agora, é claro para mim que nos meios mais pequenos, atitudes provincianas e imaturas como estas são muito mais visíveis e ficam menos diluídas no todo social. É o que, na minha opinião, acontece em Cabo Verde. Abr. aos dois.

Unknown disse...

A fraca participação na resposta a esta cafeana é para mim, confesso, um mistério. Esperava mais. Até porque questões como esta, relacionadas sobretudo com a grave crise de mentalidades que atravessamos, são, parecem-me, de enorme pertinência. Mas isto sou eu a falar.

Alex disse...

Pois é João, vai gastando Latim! Pensas que esta tua mania de pedires à malta que se reveja no "Espelho meu, espelho meu! Que é mais belo do que eu?" é coisa fácil? Nem parece teu! Quantos anos aí??
Mas o "Sampadjudu" tem razão. É global. Nem mais nem menos que em outros lados. Na nossa claustrofobia islenha tudo parece mais amplificado, mais forte, mais visível. Mas percebo-te João. Este teu último desabafo revela algumas coisas importantes, de ti, e desse Ti que já é tb nosso, ou melhor, esse Ti que já é NÓS. Nada a fazer quanto à tua mágoa, mas amigo, não te sintas nem desamparado nem abandoidado. Há por aí ainda quem te ouça, e te entenda. PARTILHA. Lembras-te! E às vezes, até 'salva'!

Juntei estas, de entre muitas mais. São peças soltas, a pedir que lhes encontres sentido, à laia de um puzzle.

- Quem não aceita conselho não merece ajuda. (TIRA AS TUAS CONCLUSÕES!)

- Conselhos, a gente só dá a quem os pede. (DISCORDO!)

- Bom conselho desprezado há-de ser muito lembrdo. (ACREDITA!)

- A desconfiança é a sentinela da segurança. (É O QUE MUITOS PENSAM!)

- Há sempre um estrangeiro a querer ser santo em terra alheia. (ESTA É MINHA. HÁ QUEM PENSE, MAS NÃO DIZ. É UMA VERSÃO DISTORCIDA DO CÉLEBRE "Santos de casa...". Portanto João, WELLCOME!)

- De onde não se espera é que vem a ingratidão. (E SE MAGOA!!...da-se!)

- Pior que o inimigo é o mau amigo. (ONDE ESTÃO ELES??)

(Fonte: Dicionário de Provérbios da Porto Editora)
Abç's
ZCunha

MM disse...

Concordo com a crise de mentalidades embora crise seja algo temporário. No nosso caso parece algo permanente. A desresponsabilização, a cultura assistencialista, os equivocos conceptuais e o mimo (mimamos problemas e questões sem saber porquê numa imitação às vezes divertida, noutras maçadora por demasiado previsiveis as questões) já parecem parte integrante do estar cabo-verdiano. A alergia à crítica é já uma característica banal, quer venha de "fora" quer venha de dentro. O que é chato pois sem crítica não se evolui e a mim chateia-me imenso quando não me criticam os trabalhos... perco oportunidade de melhorar!

Unknown disse...

Alex: o que dizer depois de um comentário como o teu? Muito pouco. Olha lá, com a qualidade da escrita e dos comentários, não seria tempo de abrires um estabelecimento próprio? Não é que eu não te goste de ver por aqui - antes pelo contrário - mas, sinceramente, há coisas que ficam aqui escritas e comentadas, que possivelmente poucos lêm e é uma pena. Aquele Abraço!

MM: Pois, eu sei que quando falo de crise estou a ser optimista! Mas a minha condição de humanista, crente que o melhor sabe sempre melhor - passo o pleonasmo - impede-me de acreditar em permanências como esta. Há que lutar. Com a arte, com a criação, com a intervenção, com coragem, com o ser, simplesmente, um ser social e activo. Penso eu de que.

MM disse...

João longe de mim o desânimo. E também não quis generalizar. Ás vezes esquecemos que este país tem motivos para se orgulhar de si próprio e das suas conquistas... lambemos as misérias e falamos só delas com um prazer que nem disfarçamos. Esquecemos que houve um tempo em que a incógnita era a capacidade de sobreviver como país - saímos para a Independência pouco depois de uma década de fome - hoje apesar de não o querermos aceitar não há lá fora quem não nos considere como um caso de sucesso. Claro que temos que aprender como indíviduos e como colectivo. Não, não é permanente, nem sequer é geral, é mais dores de crescimento!

Unknown disse...

Pois, é uma dualidade estranha, não é? Caramba, tanto que já foi construído. Porra, tanto que está por fazer... independentemente disso, eu estou mesmo convencido que vivemos hoje no país uma grave crise de mentalidade, principalmente no pessoal mais novo, naquela geração que será o futuro do amanhã mais próximo. E quando vejo a forma, o conteúdo e tudo o resto... vejo muito pouco. Como um vento que passa. E algo tem que ficar.

MM disse...

Detesto essa coisa de inculpar as gerações mais novas até porque em última análise quem falhou como educadores fomos nós, não é?
Quando alguém expressa a sua liberdade mijando na rua quer dizer que fomos longe demais nas pseudo-intelectualidades e temos de aprender o básico e entre esse básico o que é a liberdade e fomos longe demais porque o contraponto para essa afirmação é que a inexistência de liberdade (portanto a existência de ditadura) é não poder mijar na rua!! Temos ainda que aprender que as regras e as leis cumprem-se não porque há fiscalização mas porque através delas se regula uma vida participativa em sociedade e se respeita o outro. Temos que aprender que a economia liberal se faz de iniciativa e de risco pessoal (o Bill gates começou numa garagem/o Napster foi criado por um puto num quarto num sótão) e não de peditório. Mas afinal não tivemos iluminismo, nem revolução industrial, nem liberal. Como dar valor, por exemplo, ao 8 de Março quando se desconhece que o dia homenageia uma centena de mulheres queimadas dentro duma fábrica por reclamarem um horário de 14 horas? Como explicar que num dia se reclame pelas matilhas de cães vadios e no outro se grite que a câmara é desumana e no intermeio nenhum candidato a adoptar esses cães? E tantas outras... Vai longo o comentário. Tenho evitado postar sobre estas dualidades mas um dia destes...
Costumo dizer que é o vento que me leva...

Unknown disse...

Eu concordo contigo, MM (tens alguma a ver com chocolates, ou com sociologia?): também me sinto mal ao pensar nesta coisa «das gerações d'agora é que são isto e aquilo». às vezes penso se isso não será apenas um sinal de que o tempo está a passar por mim com demasiada velocidade. Os exemplos que dás são interessantes, mas nem só de liberalismos vive o homem e o capitalismo selvagem que permitiu que o Bill Gates se tornasse o homem mais rico no mundo é exactamente o mesmo sistema que provoca a miséria em milhões de pessoas. Sabes disso muito bem.

Isto dá panos para mangas, e casaco completo. Mas dá gosto «conversar» assim. Abraço!

MM disse...

Chocodependente hehehe.
Falava do esforço/iniciativa pessoal de 4 jovens numa garagem... correr atrás, sem apoios que vieram na forma de capital em acções quando já tinham algo construído.
Abraço

Unknown disse...

Olha, esta conversa para «render» só mesmo com um cafézinho na mesa. Quando vieres aqui ao Mindelo, marcamos um debate! Abraço