Perguntas Cafeanas

13 Comments

Porque é que em Cabo Verde, para impôr
respeito, fala-se em português?


À melhor resposta, ofereço um café.

Pergunta cafeana sugerida por Paulino


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13 comentários:

Anónimo disse...

Nem toda a gente o faz, mas isto é realmente notável em CV e na minha opinião deve-se ao nosso passado colonial, em que os Senhores "respeitados" eram os portugueses. Contudo, verdade seja dita, mta gente em CV fala português, e mtas vezes pretuguês, "sô p dá show" :p.

Abraço!

Baluka Brazao disse...

Porque durante 500 anos, neste país que era colónia portuguesa, quem era respeitado e respeitoso falava português.
Abraço.

Ivar C disse...

olha que giro. em Portugal fala-se português quando se quer faltar ao respeito. :)

Unknown disse...

Sisi: é isso mesmo, muitas vezes o português só é utilizado para dar aquele «show»!

Baluka: pois, mas o estranho é manter-se essa «mania», não? Sendo o nosso crioulo lingua materna e principal veículo de comunicação... Porque será? Já estou como o Paulino: merece uma tese de Mestrado, no mínimo! Abraço

Bagaço: oh bagaço, estranho se fosse de outra forma. Agora imagina que para se impor respeito, em Portugal, os portugueses falassem... latim. Isso sim, teria alguma analogia!

velu disse...

É o complexo falando sempre mais alto João...realmente, tese para aprofundar de forma absoluta!

Anónimo disse...

Desculpa João, mas não concordo com a resposta que deste ao Bagaço. A comparação não colhe porque latim que eu saiba não é lingua oficial em Portugal. Mas o português é lingua oficial em Cabo Verde. Não percebo o que tem a língua a ver com o respeito ( e maltratei-a propositadamente) ou com a falta do dito. A forma como ela é usada isso sim... ou a forma que ela assume nas nossas cabeças (provavelmente associamos o uso do português a rigorosas professoras da quarta classe de régua na mão a impôr respeito a uma turma de jovens em plena puberdade).
Desculpa um comentário tão longo (lol)

Anónimo disse...

Tens que admitir que a resposta do Bagaço foi no mínimo muito engraçado :)

Unknown disse...

E custa a entender, não é? Mim, gó, kónd un ta flipá, un ta dá grito é só na nôs lind crioulo! É más sabe! hehe

Unknown disse...

Sanpadjud, és capaz de ter razão. Ainda hoje, ao ler um texto sobre o periodo Filipino em Portugal, me lembrei desta questão. Nessa época a corte portuguesa era bilingue, portuguesa e castelhana. A lingua castelhana era oficial por razões politicas. E porventura, este será um exemplo mais adequado. Portugueses a gritar em espanhol para impor mais respeito a portugueses... A questão aqui não está num eventual «desrespeito» ou dar pouca importância à lingua portuguesa. Nada disso. Sempre considerei que o português é fundamental para a inserção do crioulo no mundo. É uma porta enorme, que não pode, não deve ser fechada. Mas isso não invalida que seja o crioulo, lingua materna, a base da comunicação entre todos nós, e que seja por isso paradoxal que se utilize, quase de forma inconsciente, o português, quando se quer «impor respeito» ou «dar aquele show». Mas isto dá pano para mangas, não é?

Quem arrisca uma tese de mestrado?

Anónimo disse...

Eis uma questão realmente difícil de analisar e encontrar um consenso.

Falar em Português para dar uma ordem acho tão ridículo,sem fundamento, de todo desnecessário.Se nós todos podemos entender no nosso lindo Crioulo!

Outra questão é que tanto o Crioulo com o Português, em Cabo Verde, os seus pontos de contactos andarem muito próxima uma da outra. Dai a confusão que possa gerar, uma indiscriminação de situações onde devemos usar o Crioulo em detrimento do Português e vice-versa.
No fundo é a dualidade linguística que nos caracteriza.



Abraç tds

Unknown disse...

Pois é, Daka, há cafeanas mais complicadas, e esta é, certamente, uma delas. Mas a culpa não é minha! É do Paulino, que ma propõs via mail!

Anónimo disse...

Na minha opinião devemos de ver esta questão a luz da história. Ou seja, aquando do achamento os escravos e as suas linguas eram consideradas como inferiores, leiam alguns livros e boletins oficiais dos séculos 15 a 19, por exemplo. Deste modo, os povos colonizados deparavam com assemtrias, pricipalmente no que toca às relações de poder onde a lingua do colono era concebido como a lingua oficial, mas não só, era visto como - a lingua -, por outro lado, o resto eram dialectos ou formas primitivas de comunicar. O caso cabo-verdiano é interessante porque os cabo-verdianos "incorporaram" a sua própria lingua, primeiro como uma "não-lingua" mas dialecto ou uma lingua menor ipso facto não lhe servia para competir na relação de poder como o colono.
Em casa, nos serviços e não só há pessoas que utilizam a lingua portuguesa para reproduzir a ideologia vigente do periodo colonial, onde para se mostrar uma certa superioridade devia-se falar - a lingua(superior) - o português. Pode-se ver o acto de falar português como uma forma de "da Show", mas para mim é mais uma forma de manter e mostrar uma certa superioridade.
Para alguns, o criolo é um "português mal falado", agora podemos porguntar também se o português é um "latim mal falado". As pessoas esquecem-se(?) de que todas as linguas derivam de misturas e que não existe pureza linguistica. Temos de ir mais a fundo neste assunto e desconstruimos a ideia que o criolo não é uma lingua "para se impor respeito". Paulino e João Branco, vocês colocaram um questão importante e premente, mas que ainda é um tabu na nox terra. Português é important pa nox, ma nox criol é nox primer natureza. No nascé na el i no devé valorizal, pa mi não é uma questão nacionalista, ma antes uma atitude ante a realidade dos factos, "o nosso quotidiano é em criole". O resto é receio e complexo de assumir o nosso criolo como uma lingua séria, pois todas as linguas são sérias.
A meu ver, o que não é sério é a falta de RESPEITO, mas principalmete a falta de RECONHECIMENTO das linguas, seja quais forem, como legitimas e sérias.
Abraços!

Unknown disse...

Bem, quem quiser ter um ponto de partida para a sua tese de mestrado sobre esse tema, é só vir aqui ler o comentário do caro Anónimo da meia noite e um quarto! Obrigado pela colaboração.