Declaração Cafeana

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A notícia hoje vinda a público de que, para a organização Repórteres Sem Fronteiras, os primeiros 10 países do mundo em termos da liberdade de imprensa são (por esta nova ordem): Noruega, Finlândia, Estónia, Holanda, Áustria, Islândia, Luxemburgo, Suíça, Cabo Verde e Canadá, é digna de orgulhar o país. Como habitualmente nestas situações, e talvez como espelho dessa mesma liberdade de imprensa, este dado foi recebido com mais entusiasmo por uns e menos por outros.

Jorge Badiú, no seu blogue (que aprecio particularmente) dá-nos o outro lado desta moeda quando escreve que continua "sem perceber os critérios e as motivações dos repórteres sem fronteiras em teimar na classificação rasteira de uma realidade que mal conhecem. Um País que nem faz jornalismo de investigação por medo de represálias; um país dividido, em constante contra-informação onde se manipulam os dados; um país com falta de massa crítica… E mais: com muita sujeira que ninguém quer pôr as mãos."

Ele tem alguma razão no que diz, mas sou daqueles que pensa que melhoramos bastante nos últimos tempos. A pequenez do arquipélago, onde todos se conhecem, relacionam ou são mesmo familiares próximos, transforma a tarefa do jornalismo de investigação bem complicada, porque muito mais exposta. Certas fontes são facilmente identificáveis e poucos sentem confiança de relevar certos podres com medo de represálias (e não falo apenas de represálias políticas, mas daquelas que implicam perigo de vida).

Por outro lado, também podemos pensar que se não houvesse uma liberdade de imprensa efectiva em Cabo Verde, dificilmente os órgãos de comunicação social, principalmente na imprensa escrita e na Internet, publicariam tantos disparates e se dariam no luxo de, impunemente, fazer tantos ataques pessoais às mais altas figuras do Estado, da situação e da oposição, não poucas vezes caluniosas, maldosas e com interesses políticos claros que em nada tem a ver com jornalismo.



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4 comentários:

Anónimo disse...

Claro que "uma liberdade de imprensa efectiva" como afirma. Mas vamos la, você acredita mesmo que Cabo verde possa estar à frente de portugua, states, reino unido, frança e alemanha?

Acredite mesmo nesta charada?!!!

Anónimo disse...

Interessante é que o badiu chama covardes aos annonimos da net, mas reconhece que andava escondido também assinando abençao; e o abençao nao é cobarde também?!!!!

eu nem assino com bençaos e améns!!!

Carla disse...

Concordo inteiramente contigo neste aspecto.
Agora, temos que ver que a RSF classifica a liberdade da imprensa e não a sua qualidade. o que RSF está a dizer que os jornalistas em CV podem escrever livremente, sobre todos os assuntos sem que isso implique ameaça de morte, prisão, surras, soco na boca ou outro tipo de represália.
Quando falamos da falta de jornalismo investigativo, estamos já a falar da qualidade do nosso jornalismo e isso a RSF (nem qualquer outro organismo internacional que se dedique a fazer estes relatórios) comenta. Teremos que ser nós próprios a tratar desta questão, ou seja criar observatório de imprensa, fazer relatórios internos, medir frequentemente o nível do nosso jornalismo, mas também da nossa democracia, da nossa justiça, enfim...

Anónimo disse...

Não costumo muito comentar blogs mas este assunto tem-me incomodado por demais. Também não percebo os critérios dos repórteres sem fronteiras nesta classificação. Limitando a minha critica à televisão, a RTC é um veiculo de propaganda partidária. Tudo bem que dão voz ao contraditório contudo a presença diária de ministros no pequeno ecrã a inaugurar, felicitar, propor, comentar, criticar é um exagero. Não tem de dar destaque a "personalidades" por cumprirem a função para qual foram nomeadas. A quantidade de vezes que as peças resumem-se a "ministro beltrano" inaugurou "isto" e segue uma entrevista, aliás, nem são entrevistas é mais um discurso masturbatório, falta acutilância e coragem de fazer perguntas incomodadas. Será que existe mesmo liberdade de imprensa? não estarão estes jornalistas "coagidos" a seguir a "entourage" da máquina governamental? é incompetência ou impossibilidade de fazer um trabalho isento? Jornalistas provavelmente não temem pela sua integridade física mas talvez a mão que torce o braço tem técnicas mais refinadas e subtis de corromper a bendita liberdade.
Reparem na frequência que tem aparecido uma ministra na nossa hora de jantar e a relevância das noticias, na minha opinião é pura propaganda com um agenda politica a ser trabalhada minuciosamente.
Ressalvo que não me guia nenhuma filiação partidária que muitas vezes afunila a visão de muitos em Cabo Verde. Os espartilhos da nossa glorificada liberdade de impressa são velados. Dito isso, não percebo e não congratulo!