Um Café com a Marca CV

20 Comments




Quando foi anunciado que estava a ser preparada uma logo marca Cabo Verde, para a promoção do arquipélago cabo-verdiano, confesso que temi o pior. Basta olhar para os anúncios, outdoors, revistas, sítios na Internet ou jornais crioulos para verificar que, no que diz respeito ao nosso design criativo, ainda estamos na pré-história. Pior ainda, numa pré-história de inusitado mau-gosto. Ainda hoje o que mais se vê, por exemplo, são páginas de jornal de produtos ou serviços inacreditavelmente primários ou folhas de papel que continuam a colocar na montra dos TACV com anúncios de promoção ranhosos feitos em word com aquelas letrinhas pavorosas.

Portanto, só posso dizer que fiquei bastante agradado com o desenho escolhido. Fica bem em qualquer lado, gosto da variedade das cores e da forma criativa como as ilhas estão representadas. Só o facto de não terem escolhido algo que nos fizesse mais lembrar a União Europeia, com estrelinhas amarelas etc e tal, já foi um grande, grande avanço. 




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20 comentários:

Ivan Santos disse...

não entendo patavina,deixo isso para os especialistas...mas como cidadão comum, não gostei,fico pelo "não me identifiquei"...
agora o que eu achei estranho foi isto: http://www.allgarve.pt/V2/
alguma semelhança no logo(nas letras)????

Amílcar Tavares disse...

Fraquinho!

Paulino Dias disse...

Caro JB,

Confesso que resisti bastante a tecer qualquer comentário sobre este assunto. Primeiro, por uma questão de ética profissional (estive bastante envolvido na elaboração do Plano Estratégico do Turismo), e segundo porque desde o início discordei da forma escolhida para se construir a "marca" Cabo Verde - já vou explicar porque - e não queria ser, por isso, mal interpretado.

Mas a minha alma de cidadão está a falar mais alto. Para dizer que também eu não me identifiquei - enquanto caboverdeano - com este logotipo. E o alerta feito pelo Ivan Santos torna o assunto ainda mais delicado...

Não se trata de uma questão de estética: que nesta área confesso a minha ignorância quase total. Mas estamos a falar de marketing. De construir uma marca que deve(ria) espelhar e reflectir um conjunto de valores, atitudes e atributos facilmente perceptíveis para o observador, e que claramente diferencia o objecto que representa dos demais. Que o identifica, que o torna único, que diga de imediato qual o seu conteúdo, qual a sua "promessa". Uma marca é uma promessa que se faz. A "marca" é, portanto, muito mais profundo do que apenas o significado estético.

Dito isto, o que me evoca este logotipo? Vamos imaginar que alguém desembarca de Marte e de imediato é-lhe apresentado este logo. O que irá pensar? É um atelier de pintura? Jardim infantil? Marca de tinta concorrente da SITA?? Ou uma extensão do Algarve turístico???

Sobre a semelhança com o logo do Algarve Turístico. Isso é gravíssimo quando falamos de algo tão importante como uma marca de um Cabo Verde turístico: em vez de uma marca que nos diferencia em relação aos concorrentes, criamos uma marca que nos faz parecer... semelhantes! Daqui a pouco algum inglês ou alemão vai estar a pensar que Cabo Verde é uma extensão do Algarve... Uma ironia da história.

Porque não concordei com a forma como a criação da marca decorreu (com todo o respeito que tenho naturalmente pelas pessoas que se esforçaram e participaram, e deram o seu contributo). Primeiro, porque a criação de uma marca - seja de um país, de uma empresa ou de um grogue de Sintanton... - é tão importante que requer conhecimentos técnicos especializados (não apenas de design/arquitectura mas igualmente de marketing, comunicação, psicologia, sociologia, antropologia). Requer um conjunto de ferramentas analíticas (para se perceber as expectativas do público que se quer atingir e a forma como se relaciona com o tempo e o espaço, bem como as estratégias dos concorrentes), requer pensamento estratégico e capacidade criativa, requer versão holística e universal. Penso, mais uma vez com todo o respeito, que é difícil encontrar todas essas qualidades em apenas um concorrente. Pelo que hoje existem empresas especializadas em design e marketing e em criação de identidades corporativas! Pela importância do assunto, seria mais recomendável que se lançasse então um concurso para escolha de uma empresa especializada no assunto!

Em segundo lugar, o concurso é(ra) limitado, se não estou em erro, apenas a cidadãos nacionais. E aqui um erro de estratégia: o criador da marca é diferente do potencial/futuro consumidor da mesma - e não creio que tenha havido um estudo prévio para identificar as expectativas deste consumidor! Dito de outra forma - o criador muitas vezes transpõe para a criação a sua própria expectativa, as suas próprias necessidades, as suas próprias percepções da realidade existente/desejada. Mas na criação de uma marca, o objectivo é o contrário - transpôr para a marca uma percepção de atributos que se pretende satisfazer as expectativas do outro, do consumidor (que neste caso é o turista loirinho de olhos azuis...).

Man, sorry por este longo comentário. Mas temos criar uma cultura de descer mais ao fundo na formulação de soluções para este país. Menos superficialidade. Os erros nesta área costumam ser muito difíceis (e custosas) de reparar!!!

Abraço,
Paulino

Joshua disse...

Gostei!
Muito clean e a ideia da representação das ilhas está bem conseguida.
Mas lá está, esta é apenas a opinão de uma não cabo-verdiana, potencial turista.

E. F. disse...

Este tem sido alvo de muita contestação na net... vê este link:
http://economico.sapo.pt/noticias/cabo-verde-cria-marca-turistica-para-mostrar-ser-mais-que-sol-e-mar_92941.html

pessoalmente não gostei, pelo tipo de letra, as disposições das ilhas e as cores atribuídas.. além de ser muitos similar a outros logos por aí...

Emílio Fernandes Rodrigues disse...

Parabéns Paulino, depois de ti, mais nada precisa ser dito. É tudo muito claro. PARABÉNS! (e eu falo como Marketeer e profissional em criação de MARCAS)

Unknown disse...

semiotica é uma especialidade onde é fácil passar por cima de detalhes e do pouco que sei, entendo que se não for ensinado, o detalhe passa desapercebido. Eu tb não me identifico com esse logo e penso que cabo verde merece melhor. Como diz o paulino erros nessa area pagam-se caro. Agora imaginem esse logotipo no seio das nações:
http://www.cidadedoslogos.com/news/index.php/2008/06/16/representando-paises-com-logos/

Mara Anjos disse...

Não sei muito bem o que pensar da marca por um lado como cabo-verdiana lembra-me da alegria e da morabeza das ilhas e das pessoas, mas não sei até que ponto esta imagem poderá transmitir ás outras pessoas "aquilo" que é Cabo Verde...

Dito isto, deixo aqui um link com algumas marcas turísticas.

http://www.albillo.com/blog/2008/12/30/paises-con-marca/?nomobile

Lily disse...

Gosto da ideia da representação das ilhas... mas não exactamente como estão representadas e dessa colorimetria...
Mas quando fui ver o link deixado pelo Ivan e fiquei desiludida...

Anónimo disse...

1. Dentre kes logos concorrentes, sinceramente en ca odja oto mas midjor.

2. Pessoas que realmente é profissional na área de Designe e Marketing devia formaba um organização pa cuzas do tipo. Ao inves de dexa hora ki passa pa bem critica. Si algum cuza corri errado culpa é di nhos ki ca organiza.

3. A nivel pessoal, en ca atxa ma é logo feio e sem contexto, pelo contrario.
Podia ser midjor, podia. Como tudo nes vida! Ca ta da agrada gregos e troianos.
Nu máximo ki nu podi fala é di gosto pessoal, não é verdade Amilcar? Ao inves di bem cu teoria di alguem ki sabi so critica di longe. Si nu cre pa Cabo Verde midjora nu entra na bagulho pa midjoral ao inves di fica so ta critica di longe.

4. Onde estavam os profissionais da área quando foi lançado o concurso??

5. Se o logo foi um plagio, então o que dizer da bandeira nacional? Ou será que agora nem a nossa bandeira reconhecemos?!

Pessoal os vossos fundamentos não colam.

Vocês estão mais é com dor de cotovelo!

Anónimo disse...

hmmm
pois é, parece não ter... personalidade.

Kady Araújo disse...

Faço minhas as palavras do Paulino Dias.
Bravo!

Anónimo disse...

Eu proponho uma marca chapéu para o país (imagem do paraíso), e uma marca específica para cada ilha, sendo:
SAntão: 1 grrafôm d'grôg
SV: 1 jovem dzimpregód
SLuzia: 1 tubarão
SNicolau: 1 galinha d'mót
Sal: 2 orgão sexual e 1 pé de "póf"
Boavista: 1 kósk d'tartaruga
Maio: 1 pá d'areia brónk
Santiago: 1 "tchuk" num contentor
Fogo: 1 lava incandescente
Brava: 1 flor
11 ilha - Diáspora: 1 euro, 1 dolar, e inkmendas...

Unknown disse...

Bom debate. Muito bom. É para isso (também) que cá estamos. Já há até uma petição online sobre o assunto.

Abraço a todos

Anónimo disse...

Pessoal, o Amílcar Aristides disse para imaginarmos esse logo no seio dos das outras nações e foi exactamente isso que fiz.

Posso, também, não identificar-me com o logo, mas não o vou desprezar e classificá-lo imediatamente como menor.

Vejam aqui e tirem as vossas próprias conclusões:

http://img339.imageshack.us/img339/4130/logospaises.jpg

Unknown disse...

precisamente. eu já tinha feito isso. todos os que estao nesta lista representam trabalho profissional que envolve diversas especialidades. O designer gráfico é uma das especialidades mas de certo a criação de uma logomarca mundial envolve mt pesquisa, mts especialitas a trabalhar em conjunto e é um trabalho caro. No nosso caso a questão do plagio é mt evidente e o recurso ao barato (concurso aberto) saí caro quando o que está em jogo é a impagavel imagem do país.

Anónimo disse...

Gostei de ver a força do logótipo Cabo Verde lado a lado com os dos outros países, com muita força, com presença. Aguenta-se bem e não envergonha Cabo Verde não.

Acho que os críticos e profetas da desgraça exageraram um pouco e foram demasiadamente precipitados, incautos e descuidados nas conclusões.

Eu não acho que tenha sido cópia ou plágio de jeito nenhum, em relação ao logótipo ALLGARVE.
1º as letras (fontes) são diferentes.
2º a sobreposição das letras.
3º embora as tonalidades sejam próximas, mas há diferenças evidentes, sendo uma delas a escala de cinza de término do logo allgarve, e a abertura para o verde forte/azul de término usado no logo CV.

Paulino
(Professor de Semiótica com alguns pareceres/avaliação de processos de plágio de logtipos, por exemplo o da TAP)

Anónimo disse...

Eu não entendo essa gente. Trabalho profissional??? Estão a chamar o autor desse logo de amador? Devem estar a brincar! Se o autor é um Arquitecto, de certeza que ele deve ter uma equipa a trabalhar com ele, com todas as especialidades envolvidas, desde designers e outros especialistas de marketing e de outras áreas, não? Tentem obter informações antes de falarem minha gente. Sejam prudentes para não correrem o risco de fazerem figuras ridículas.

Anónimo disse...

foi um expediente como já acontece com mt coisa em cabo verde. concurso aberto, exclusivo a nacionais mas que permitiu submissão de candidaturas estrangeiras atraves de nacionais. um gozo com os cabo-verdianos seguido de arraigada defesa da dama. sobreposição dos caracteres n lembra a TAP??? vai ser mais uma q temos de engolir em nome da nova vaga "colonial."

DoRiCe disse...

Meus caros,

Ainda que fosse plágio do logo Allgarve, lembro-lhes que o Allgarve não é o logo do destino Algarve, mas sim um programa cultural..

Não sou designer, nem qualquer coisa do género, mas gostaria de sublinhar que apoio o nosso governo neste tipo de iniciativa, pois, como sabemos, devemos estar envolvidos nos processos, principalmente naqueles que a nós diz respeito.. lamento profundamente a forma como foi posto em causa todo o concurso e principalmente o vencedor... aconselho-vos vivamente a passarem os olhos no logo de outros destinos turísticos.. vão chegar certamente à conclusão que este logo, o do Rafael Fernandes, está ao nível dos melhores, e não me parece que seja somente o coração a falar.. tenho a certeza é que é muito fácil falar.. é muito fácil, agora, dizer que poderia ser isto ou aquilo, que devia ter outras cores, ou que devia sei lá o quê...

não quer isto dizer que tenhamos de ter todos a mesma opinião.. mas preferiam não ter um logo que nos representasse lá fora? preferiam estar como estávamos? eu não...