Cafeína Comentada

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«A Guiné Equatorial está para entrar na CPLP. É uma ditadura onde não se fala português. Mas tem petróleo. Se a comunidade é "a qualidade do que é comum", só há duas formas de encarar o anúncio de que a Guiné Equatorial pode ser membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ainda este mês: ou é uma anedota; ou é mais uma prova de que os princípios e os valores não contam na política externa.

(...)

Todos os dias a agonia desses princípios se faz em negociações debaixo da mesa. Na CPLP, com o empenho de Lisboa e de Brasília, essa desavergonhada troca de ética política por dinheiro do petróleo está para ser feita à vista de todos. Sem arrependimento nem vergonha.»

Editorial do jornal Público, 10/07/2010


Comentário: o principal jornal diário português dedica três páginas a esta aberração. Vale a pena ler sobre "as reformas prometidas pelo ditador", aqui; entender porque é que a Amnistia Internacional diz que este país "é tão rico em recursos minerais como em violações dos direitos humanos", aqui; ler o retrato deste "novo Kuwait africano", aqui; ou o artigo de opinião do especialista em assuntos africanos Gerhard Seibert sobre "A ditadura de Obiang", aqui. E agora, sempre podemos pensar, pesarosos e conformados: «se o Brasil e Portugal podem, porque é que Cabo Verde, muito mais frágil e dependente, não há de poder também dobrar a espinha perante o peso do petróleo?» Acredito que um estadista como Amílcar Cabral, por exemplo, teria uma boa resposta para esta questão. 




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11 comentários:

Amílcar Tavares disse...

Olá João.

No meu blog tenho dois post interessantes, julgo, sobre esse homem e o país que ele tomou de assalto: Pedro Pires está recebendo a visita do ditador equato-guineense e UNESCO põe em risco a sua credibilidade com ligação a Teodoro Obiang Nguema.

Um abraço e bom fim-de-semana.

Redy Wilson Lima disse...

Em 2012 Guiné-Equatorial irá realizar o CAN e novos estádios terão de ser construídos. É também o lobbie da construção civil que tão bem tem sabido aproveitar as oportunidades nestas ilhas... talvez nós exportemos para lá os novos quadros.

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Para que tanto barulho amigos? Principios em politica terao existido alguma vez? Nao eh a China, a maior e mais brutal ditadura do mundo, membro do Conselho de Seguranca da ONU, membro da OMC e senhora do mundo? Alem disso pais que calca e veste os miudos dos nossos bairros e constroi palacios e barragens? Infelizmente!
PS. Este teclado ta doido.

Anónimo disse...

Não podia concordar mais com Álvaro Ludgero Andrade. Pôde pa um, pôde pa tude.

Anónimo disse...

O Alvaro antessipou-me , ia dizer o mesmo....jandir soares

PS: se o manda chuva da china for fazer uma viseita a cabo verde, a festa sera maior e ninguem dira nada....

Neu Lopes disse...

Não há tanta necessidade de lutar por um bem que vai acabar. Seria mais inteligente pensarmos em soluções alternativas como a utilização de inesgotáveis energias renováveis. O petróleo não é um bem necessário à nossa sobrevivência, mas sim um símbolo de poder.

Anónimo disse...

Sejamos realistas... que moral o Pedro Pires terá para criticar a ditadura de Obiang, se ele mesmo já foi ditador, e é agora presidente graças a uma eleição fraudulenta (foi comprovada em tribunal)?!!!

Politiquices a parte, qualquer destes palhaços (MPD + PAICV)estenderia as mãos a este ditador, pois, para eles o que interessa é o "power" e o "business".

Se qualeur coisa correr mal, o Supremo Tribunal da Justiça está lá para "receitar" um Habeas-corpus...

Lily disse...

Desculpem, mas isto só pode ser uma anedota... ou uma piada de muito mau gosto.

Anónimo disse...

É pena que a editor do Público não tenha dedicado também 3 páginas aos acordos económicos entre Kadafi e José Sócrates. Dois pesos e duas medidas... O pessoal fala da Guiné Equatorial de largo, sim, sem nunca terem ido lá e constatarem in loco o que se passa. É legítimo que Cabo Verde, enquanto Estado soberano, faça os seus acordos com quem quiser, dentro dos limites previstos pela ordem internacional, claro.
Big Drops.

Anónimo disse...

E é o Brasil e o seu presidente, que preocupados com a industria petrolifera nacional( brasileira, está claro) estão a pressionar para que se aceite a entrada desses novos donos de petro-dolares.

Anónimo disse...

O Brasil... é o Irão é a Guiné...só falta a Correia do Norte.É curioso a diferença entre o discurso e a prática. Não à corrupção e há o mensalão ; não à ditadura dos Estados Unidos da América , mas as outras já são boas.