Cafeína

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«Um aeroporto é um local de muitos abraços porque é também um local de reencontros. Acho que é por isso que gosto de aeroportos. Mas as estações de comboio e os terminais de autocarros também o são. Hoje fiz uma viagem de comboio em frente a uma mulher que se abraçava a si mesma. Quando o comboio chegou à estação de destino percebi que esse autoabraço não era mais do que a ânsia de um outro abraço: o do namorado dela para quem correu mal as portas abriram. Ficaram ali abraçados como dois náufragos à deriva num mar de gente só. Alguns olhavam-nos de soslaio, outros talvez com a nostalgia de abraços que nunca mais voltaram a sê-lo, mas eles não ligavam. É que um abraço também tem esse poder: o de isolar duas pessoas do resto mundo.»

Bagaço Amarelo (aqui)




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2 comentários:

Lily disse...

Os verdadeiros abraços envolvem o corpo e a alma.
Essa cena na estação do comboio, pode representar um filme que me é familiar no passado e no presente...

Paulo de Lelinha disse...

C-r-lh-, um filme todo em nove linhas! Gostei desse texto!!