Cafeína Comentada

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«É isto que tem caracterizado a vida política em CV: ódio! Muito mais do que a salutar competição política. Aliás, falar em competição política em CV é ser politicamente correcto. As ideias e os projectos para o país de cada um dos dois principais partidos pouco ou nada interessam. O que interessa é que José Maria Neves, Carlos Veiga, Filú, Jorge Santos, este e aquele, fizeram isto ou aquilo, são assim ou assado e têm muito ou pouco. Até a nomeação do presidente do país para o 2º melhor dirigente político em África serve para destilar ódios. Poderíamos dizer que é também a inveja, sentimento normal num meio tão pequeno como o nosso, mas ela, a inveja,  já vem incutida no ódio. Parece que a ideia geral é de que quem tem maior legitimidade para estar no poder, quem merece governar, é quem for mais honrado. Não se trata da competição política mas sim de uma competição pelo reconhecimento da honradez individual. E ao mesmo tempo que se auto-promove as virtudes vai-se proclamando os defeitos de carácter do adversário político. E o pior de tudo é que os jovens, que supostamente deveriam trazer maior combatividade ideológica à luta política, não estão a conseguir mudar o rumo deste jogo.»

Edy Sanches (aqui)


Comentário Margoso: vem em boa hora este texto do Edy Sanches, numa semana em que este estabelecimento recebeu um sem número de comentários insultuosos de todo o tipo, contra mim e outros aqui referenciados, de todas as cores, sempre sob a capa cobarde do anonimato. 

Tem razão também o citado quando faz referência à menos valia de jovens que se limitam a ser uma espécie de cassete formatada à partida pelas máquinas de propaganda que já estão no terreno numa guerra onde parece valer tudo, até arrancar olhos. Porque é disso mesmo que se trata, propaganda. Onde está o debate de ideias, onde estão as ideologias, a esquerda e a direita, a discussão de valores, as propostas, os projectos? Onde estão as diferentes visões para o Cabo Verde de amanhã?

Até de onde menos se espera. Não deixa de me fazer alguma impressão que gente tão inteligente e certamente bem intencionada se deixe dominar por um discurso sem ideias novas, apenas acusações, que em vez de trazer uma esperada lufada de ar fresco, parece apenas ser capaz de olhar para o lado que lhe interessa (e ao líder que, legitimamente, defende). Nunca é demais lembrar que este espaço plural que é a blogosfera é de todos. Parece que agora, para serem válidos, os blogues têm que ser verdes ou amarelos. Têm que estar em campanha eleitoral. Mais do que tomar partido, tem que ser partido. Tem que se curvar perante um ou outro, os tais animais políticos do arquipélago.

Sem desprimor para os muitos amigos que tenho a defender os seus ideais nesta campanha eleitoral, o que sobressai quase sempre nestes dias é um destilar de um ódio, um radicalismo, uma linguagem vazia e panfletária. Mais do que gritos histéricos e irracionais, precisam-se debates abertos, mais do que acusações de compras de votos e fraudes pré.anunciadas, exige-se maturidade democrática. O país agradece. 




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4 comentários:

Anónimo disse...

Excelente post. Bali

Tchale Figueira disse...

Bo ti ta senhá cordóde! Esta corja serve para qualquer coisa: Se fossem donos de lojas de bujiganga ou serem politicos é a mesma merda! Caras de pau! Como disse Charles Bukowski: A diferença entre a ditadura e a democracia é que em democracia votas e depois obedeces! E em Cabo-verde o lema é, ser manhente, passadores de pau e a carneirada aqui, ou é manhente, ou é ignorante, e todos contentes no carnaval...

Anónimo disse...

Prezado JOão, viste a referência que o Abrão Vicente faz no seu pretenso blog de campanha a este texto do Edy? Dá para veres quem são alguns desses pseudo-homens de cultura, ams felizmente que o Leão e o António Jorge estão aí para evitar qualquer desvario do Veiga em caso de vitória.

António D´Almeida

Anónimo disse...

João,
O post do Tchalê é um tipo de comentário desnecessário e dispensável.Gostaria que ele também apresentasse soluções e alternativas, em vez das suas palavras, que são sempre as mesmas e já cansa. É preciso elevar o discurso.
Benvindo.