Fabulosa capa, de um não menos fabuloso romance








"Acho a televisão muito educativa. Toda as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro."

Groucho Marx - Actor norte-americano






Vou-vos contar um episódio sobre esta mulher: uma vez, estava eu passando pelo Plateau, na cidade da Praia, e ouço alguém chamar-me. Era a Misá, que me cumprimenta com aquela doçura que nos faz acreditar não haver (assim tanta) maldade no mundo. Irradia, como sempre, uma energia positiva, solar, bem disposta. "Ouvi dizer que nasceu a tua segunda filha. Como se chama ela?". "Inês", respondi. "Pois, olha, tenho um quadro meu que quero oferecer à tua filha." 

O quadro é lindo, como a pessoa que o fez. Na dedicatória escreveu: "à Inês, nos Braços da Luz do Mundo. Que a Bondade e a Vontade sejam sempre os teus companheiros. Santigo, Cabo Verde."

Devia haver mais gente assim, como a Misá. Não percam a exposição dela, no I Gallery. Vão sair de lá cheios de coisas boas, de certeza.





"Tenho uma lua gigante a entrar pela janela da cozinha, passei a tarde em conversas nonsense, fiz do brufen o meu melhor amigo depois de um noite de gin, partilhei segredos, tenho o ego do tamanho do mundo depois de uma conversa à varanda e estou viciada em crepes com canela."










Duas belas imagens que falam por si (são as melhores), uma música que se ouve como se não houvesse amanhã, uma frase que resume um estado de espírito. Tudo retirado de um lugar onde impera o bom-gosto. Que mais se pode pedir?

Fotografias de Karen Collins e Brigitte Lacombe; Música: The National, Lucky You


Fonte: Sem Aviso






Fazendo o percursos das artes plásticas em Cabo Verde Misá surge como um dos nomes femininos mais activos nos últimos anos. Conhecida pelo seu trabalho junto à comunidade dos Rabelados e mais recentemente pelo projecto de residência artística e intervenção comunitária em Porto Madeira, Misá tem contudo um percurso mais vasto que abarca vestígios da sua jornada e viagem por vários países do mundo. Sendo inconfundível o seu estilo, tanto na literatura como na pintura, Misá assume a liberdade de nomear, escrever, pintar situar-se, identificar-se a partir de temas e expressões que lhe valem o título de artista polémica, controversa.

É a partir desta clara tendência universalista, com os pés e sentidos bem fincados na terra do seu umbigo, que Misá entra na programação da i.gallery com a exposição “Cap Vert L’Amour Vert”. Misá aceitou o desafio de se inspirar em Henri Matisse. Pintor francês que nasceu nos finais do Sec. XIX e marcou, juntamente com Picasso e Marcel Duchamp o inicio do sec XX, tornando-se numa das figuras incontornáveis da pintura universal. Matisse terá dito um dia que os artistas deveriam que ter olhos de criança, sempre olhar como se fosse a primeira vez. É nesse olhar que a obra de Misá e Matisse parecem casar-se. A consciente inocência que leva a eliminação dos filtros do politicamente correcto, os cânones que determinam como se deve ou não pintar, como se deve ou não tratar os temas. O resultado deste cruzamento é sem dúvida uma Misá mais consistente, ciente das possibilidades da pintura, da sua arte como poesia, como um lugar concreto de intervenção.

Em “Cap Vert L’Amour Vert”, Misá leva ao extremo a sua procura por uma pintura que explora a sensualidade, chegando mesmo a tocar o obsceno. Misá assume mais vez a sua condição de mulher, de artista, de activista para abalar os sentidos com novas composições, novas abordagens e renovadas variações de temas que mesmo sendo recorrentes no seu trabalho, ganham contornos entusiasmantes nesta colecção de 11 quadros.

Venham pois degustar quadros, e livros na i.gallery a partir do dia 1 de Abril pelas 19h.


[Texto publicado no blogue do I Gallery, que vale a publicação integral]






Escrevi sobre este filme aqui. Agora, vai a nova (e definitiva) versão de Kontinuasson ser apresentada na cidade da Praia e recomenda-se que não se perca esta bela obra que tão bem retrata o espírito musical do nosso povo. Imperdível mesmo.

Amanhã, dia 30 de Março, às 16h30, haverá uma exibição para imprensa do filme que contará com a presença do realizador e da equipa de produção. Para além do visionamento em primeira-mão do filme os jornalistas poderão entrevistar o realizador e a equipa de produção.

O filme estreia na próxima segunda-feira, dia 5 de Abril, às 18h30, no Cinema da Praia - Plateau. No dia 6 estreia na Televisão de Cabo Verde às 21h40.

Kontinuason assume-se como um documusical, conta a história de Betty - bailarina da companhia Raiz di Polon, mora na sua terra, Cabo Verde. De Lisboa, chega-lhe uma proposta para viajar e integrar-se num espectáculo de música caboverdiana e começar uma carreira em Portugal. Esta proposta desencadeia nela o sentir profundo e o conflito caboverdiano: a identidade construída pela diáspora desde há séculos atrás. As dúvidas, a saudade, o desenraizamento, planam sobre ela e acompanham-na na sua tomada de decisão. O mesmo dilema de todo o caboverdiano: o desejo de partir, o desejo de voltar…expressado em torno da música, senha de identidade de seu povo.

Participaram, neste projecto, vários artistas entre os quais: Beti Fernandes, Princezito, Samira, Tambla, Denti di Oro, Nasia Gomi, Codé di Dona, Nha Balila, Lela Violão, Sema Lopi, Daniel Rendall, Mário Lúcio Sousa, Cesárea Évora, João Branco, Bento Oliveira, Ferrogaita, Vadú, Grupo de Dança Raiz di Polon e Manu Preto.




“Não se pode estabelecer uma relação inequívoca de causalidade entre celibato e pedofilia, até porque há também muitos casados, até pais, que abusam sexualmente de menores. Mas também não se poderá desvincular totalmente celibato obrigatório e pedofilia, sobretudo quando, para chegar a padre, se foi educado desde criança ou adolescente num internato, aumentando o risco de uma sexualidade imatura. Em todo o caso, será necessário pensar na rápida revogação da lei do celibato.” 

Padre Anselmo Borges, Diário de Notícias (ver crónica completa, aqui)


Comentário Cafeano: depois dos mais variados escândalos, em vários continentes e diversos países que revelaram casos de pedofilia dentro das Igrejas e/ou praticados por padres, alguns destes casos abafados pela própria estrutura eclesiástica, se há algo que a Igreja Catolica já não pode fazer é vir dizer que esta história nojenta da pedofilia dos padres não é um real problema que deve - que tem - que ser enfrentado e resolvido de uma vez por todas. Acredito que terminar com o celibato seria um grande passo para essa mesma resolução. Aliás, sendo a família a base que sustenta muita da ideologia católica, e lembrando que alguns dos apóstolos de Jesus foram casados, se há algo que nunca percebi foi porque raio os padres não se podem casar e constituir família, como o mais comum dos mortais. Depois, dá nisto. Uma vergonha. Um horror. Deus pode até castigar os pecadores, na sua infinita sabedoria, mas o que eu gostaria mesmo era de ver estes criminosos de batina todos atrás das grades.






Dentro da cacofonia inconsequente que tem caracterizado o debate sobre a oficialização da língua cabo-verdiana, vão aparecendo algumas posições e ideias que, não só contribuem para o debate por trazerem ideias novas, como incentivam a investigação e a promoção de medidas válidas e concretas para o avanço que todos querem na dignificação do crioulo. Na última semana apareceram duas posições sobre esta problemática que penso serem interessantee condensar neste modesto café:

1. Germano Almeida, que tem sido um dos maiores críticos da forma como o processo de oficialização tem sido conduzido defende uma ideia que, aparentemente, é paradoxal com o que vem defendendo nos últimos anos. Germano Almeida defende o ensino do português como língua estrangeira, uma vez que entende que a língua corre perigo, ao contrário do crioulo. O escritor cabo-verdiano considera que a língua oficial não é falada correctamente, apesar de ser o instrumento que mantém o povo cabo-verdiano em contacto com outros países. Germano de Almeida, em entrevista à Lusa, afirmou que no arquipélago há a ideia de que a população é bilingue, "o que não corresponde a verdade". (notícia completa, aqui)

2. O pessoal académico da Tertúlia Crioula, por sua vez, defende a necessidade urgente da implementação de um Instituto da Língua Cabo-verdiana. Por sua vez, José Luís Hopffer Almada, poeta e jurista, um dos defensores do projecto para uma língua cabo-verdiana, do grupo de trabalho que criou o alfabeto “Alupec”, para a sua escrita, lembrou os princípios da Unesco quanto ao respeito e aceitação das línguas maternas. Disse que “é necessário passar-se de uma diglossia para o bilinguismo” e que existe autorização legislativa para que o crioulo seja ensinado normalmente nas escolas em Cabo Verde. (reportagem, aqui)

Tudo isto é muito interessante e devo dizer que as duas posições acabam por ser até concordantes ou, no mínimo, caminham uma na direcção da outra. É que, se for implementado o ensino do português "como língua estrangeira", como afirma Germano, isso implicará necessariamente "que o crioulo seja ensinado normalmente nas escolas de Cabo Verde", como defende Hoffer Almada.










Uma imagem. Uma canção. Não é preciso dizer mais nada. 
Bom fim de semana.









"São as estrelas de Março das brumas secas, fazem brotar as sementes do amor e da felicidade e quem não grita de dor quando está feliz? Que as cabo-verdianas lindas como são brilhem no infinito das estrelas da humanidade. Feliz 27 de Março a todas."

José Maria Neves - Facebook

Imagem de Abraão Vicente







Comemora-se ohje, dia 27 de Março, o Dia Mundial do Teatro, criado em 1961 pelo Instituto Internacional de Teatro da UNESCO. Todos os anos, esta organização internacional convida alguém para escrever uma mensagem alusiva à data, Este ano, o convite foi feito à actriz inglesa Judi Dench.

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2010


O Dia Mundial do Teatro é uma oportunidade para celebrar o Teatro nas suas múltiplas formas. O Teatro é uma fonte de divertimento e de inspiração e tem a capacidade de unificar as numerosas populações e culturas existentes no mundo. Mas é mais do que isso e também oferece oportunidades para educar e informar.

O Teatro é feito por todo o mundo e nem sempre nos espaços tradicionais de teatro. Os espectáculos podem acontecer em uma pequena aldeia de África, no sopé de uma montanha da Arménia, em uma pequena ilha do Pacífico. Só precisa de um espaço e de público. O Teatro tem o dom de nos fazer sorrir, de nos fazer chorar, mas também deve fazer-nos pensar e reflectir.

O Teatro faz-se com trabalho de equipa. Vêem-se os actores, mas existe um conjunto extraordinário de pessoas que não é visto. Elas são tão importantes como os actores e são as suas competências diversas e específicas que permitem que o espectáculo aconteça. Devem receber parte do triunfo e sucesso que se espera obter.

O dia 27 de Março é a data oficial do Dia Mundial do Teatro. Mas todos os dias deviam ser considerados, de maneiras diferentes, como um dia de Teatro, pois temos a responsabilidade de continuar essa tradição de divertimento, de educação e de edificação dos nossos públicos, sem os quais nós não poderíamos existir.


Dame Judi Dench







Porque é que a probabilidade de ir ao Colombo e não dar de caras com um cabo-verdiano conhecido é mais ou menos igual à de acertar no euro-milhões?



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