Declaração Cafeana

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Desde que me lembro de produzir o festival mindelact, no já longínquo ano de 1996, a chuva vem nos visitar neste período. Ainda recordo da primeira apresentação de As Virgens Loucas, do nosso António Aurélio Gonçalves, cujas primeiras cenas eram apresentadas no pátio interior de um Centro Cultural do Mindelo ainda por inaugurar, onde numa das falas, uma das meninas dizia: “a gente não pode sair agora à procura de petróleo para as nossas lanternas, ainda mais com esta chuva”! E caiu bem esse comentário, porque como se fosse um efeito especial cinematográfico, lá fora caía uma daquelas tempestades de chuva incansável que deixava as ruas do Mindelo transformadas em rios. Nessa noite também se realizava a tradicional procissão da Nossa Senhora da Luz, conhecida por ser um poderoso chamariz das chuvas que quase sempre caem impiedosamente na terra seca da ilha de S. Vicente, nesta ocasião tão especial para os devotos da cidade do Mindelo.

Todos os anos, as chuvas acabaram por criar problemas à organização do festival de teatro, mas nunca como nos últimos anos, até porque já sabemos que quando chove a cidade pára. As lojas fecham, a luz falta, os restaurantes esvaziam, falta rede nos telemóveis, as crianças não vão à escola, e até os táxis desaparecem das ruas, porque não tem condições de circulação para nelas andarem. Lembro-me bem de há três anos, em pleno mindelact, quase ter sido arrastado, dentro do carro onde circulava, pelas correntes provocadas pelas águas das chuvas bem na frente do centro cultural do Mindelo. Foi, digo-vos, um grande susto.

Num município que nunca se preparou condignamente para estas torrentes foi com alguma desconfiança que os cidadãos olharam as intermináveis obras que a Câmara municipal promoveu para, de uma vez por todas, tentar resolver o problema do escoamento das águas das chuvas. As obras foram duras e prolongadas e como bons mandadores de boca que somos, logo muitos torceram o nariz para tanta azáfama obreira. Mas não é que resultou?

Vem isto a propósito destas chuvas que nestes dias nos vieram fazer uma prolongada visita, esperando, digo eu, que caia agora muito para que nos dias do Mindelact nos poupem um bocadinho e nos permitam receber os nossos visitantes com a mesma tranquilamente climatérica característica de grande parte do ano. Ora, nestes dias a chuva caiu e caiu a sério. E funcionou como o primeiro grande teste às obras de que falava ainda agora. Um teste com um sinal mais do que positivo. Mesmo para aqueles que tem memória curta, facilmente nos lembramos de que bastava uma chuvinha para que as nossas ruas ficassem intransitáveis, a Praça de Estrela ou a rotunda de Ribeira Bote, transformadas em imensos lagos. Pois bem, hoje a cidade acordou alegre e lavada. O alcatrão bem à vista, os pontos mais críticos sem qualquer problema de circulação. Um bem haja, pois, para a Câmara Municipal de S. Vicente, e quem saiba agora, não tenha que haver toda uma cidade que pare, só porque S. Pedro resolveu lhe dedicar uma atenção especial.



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1 comentário:

Anónimo disse...

Desta vez, merece ser bem notado: grande artigo!

Mas, atençao, nada de original!

E' que eu que nasci na minha terra e tenho o dobro da sua idade, ha anos em barda que venho dizendo que esses problemas de chuva que destroem tudo na minha ilha, eram devido aos maus engenheiros e artquitecto que sempre tivemos desde o tempo tugal!!

Se é verdade que anda por ahi uma equipa que ja começou a dar cabo desse problema, so posso é regozijar-me!!!

Até o proximo problema!.... Sim, sim, é que a maioria das casas de Mindelo (nem falar na Praia e outras ilhas!!) tem defeitos de construçao a dar com o pau!!!!