Declaração Cafeana

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«É preciso observar, viver e guardar na alma.»
Orlando Pantera


Nunca mais me esqueço, faz hoje 10 anos. Estava eu no aeroporto de S. Pedro, na ilha de S. Vicente, me preparando para viajar para a cidade da Praia, onde o grupo de teatro do Centro Cultural Português iria apresentar, no dia seguinte, a peça "O Conde de Abranhos", no auditório da Assembleia Nacional. O telefone tocou e do outro lado da linha estava o actor e meu grande amigo Fonseca Soares: «João, prepara-te que a notícia não é boa: morreu Orlando Pantera.»

Fiquei triste e desolado. Era amigo dele desde os tempos de "Uma História da Dúvida". Pantera compôs, numa tarde de gravações na Rádio Nacional de Cabo Verde, a banda sonora integral da nossa adaptação de "Os Dois Irmãos", de Germano Almeida, numa sessão inesquecível que incluiu a gravação de dois temas originais. Um génio à solta que estava pronto para conquistar o mundo inteiro. Morreu na véspera da sua viagem a Lisboa, onde gravaria o seu primeiro disco. Imperdoável.

Orlando Pantera faz muita falta e não apenas pelo seu incalculável talento. Faz falta pela sua generosidade, pela forma como se dava à arte e à música, pelo significado que dava, no dia-a-dia, à palavra solidariedade e alegria de viver. Era um ser humano único, com um coração do tamanho do universo inteiro. Cabo Verde deve-lhe muito. A nova geração de músicos deve-lhe mais ainda. Sinto tanta falta daquele sorriso sincero e luminoso! A luz do arquipélago nunca mais foi a mesma, desde o dia em que a morte o levou de forma tão prematura no dia 01 de Março de 2001.

Aqui, o tributo de Mito, 10 anos depois.
Aqui, uma sentida biografia, coordenada por Djinho Barbosa




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3 comentários:

Anónimo disse...

Pantera era o Miles Davis caboverdiano, revolucionou a nossa música.
Eder Fonseca

Anónimo disse...

Já lá vão dez anos....!!!! Muita gente ainda não o conhece e quando vêem a fotografia dele no aeroporto da Praia e perguntam:

" quem é aquele? Orlando Pantera!? Não conheço! Nunca ouvi falar, mas aquele ali é o Ildo Lobo ( sem ofensa, Ildo!)

Peace

tete alhinho disse...

Eu tambem sinto a falta do seu soriso do seu talento e generosidade como dizes João.Nunca consegui compreender a sua morte.