Declaração Cafeana

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Circula na rede social Facebook uma pequena história que hoje gostaria de partilhar com vocês: um homem chama um chefe de um grupo de seis músicos para tocar no seu casamento. "Quanto é que vocês vão cobrar, mais ou menos?", pergunta o dono da festa. O músico diz que cobrará cerca de "dois mil euros." Reacção imediata: "tanto! Para tocar cobram isso tudo!". Ao que o músico respondeu, "olhe, chame seis canalizadores para trabalhar em sua casa no Sábado, das 18:00 horas até depois da meia-noite. Pode ter a certeza de que nós vamos tocar pela metade do que eles lhe iriam cobrar."

Isto para dizer o quê? Bem, para dizer que se querem que se acabe com o choradinho do apoio que tantos dizem ser a única coisa que os artistas desta terra sabem fazer, não seria mau, em primeiro lugar, começarmos por respeitar o trabalho deles, não torcendo o nariz de cada vez que se cobra alguma coisa por um livro, uma peça, um CD, um concerto. Disse-me uma vez um artista meu amigo que não lhe pedissem que ele desse de graça a única coisa que podia fazer profissionalmente e com a qual ele ganhava o pão-nosso de cada dia. Mas também não é apenas uma questão de sobrevivência, é uma questão de valorização e uma questão de respeito pelo trabalho dos outros. Na arte não é diferente. Não devia ser diferente.

A grande maioria dos artistas de Cabo Verde não vive da sua arte. Aqueles que conseguem viver da sua arte são logo apelidados de preguiçosos ou levianos porque "não arranjam nada melhor que fazer". Eis um lado da questão que é preciso alterar radicalmente o quanto antes: essa mentalidade de que a arte é algo sem valor. Não é. O seu valor está no alimento que dá ao espírito e à alma dos homens e mulheres deste mundo. Sem ela seriamos ainda mais obtusos, o planeta ainda mais perigoso, a vida ainda mais assustadora. E isso não tem preço.



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7 comentários:

Dai Varela disse...

Um dia disse à um amigo meu que é músico: "o que é que seria do artista sem público?"
Ao que ele respondeu-me: "continuaria artista. Já um público sem artista é um monte de gente. Nada mais"

Boa resposta, pensei...

-ha.z disse...

Apoiado!!

Anónimo disse...

o povo caoverdiano só sabe "basofiar" a sua cultura ...quando o artista pede pra pagar são outros quinhentos.

Telmo Luz disse...

"Aplausos"

Marina morena disse...

Apoiado²
E aqui a situação não é diferente, em qualquer lugar eu acho. Adorei o post! Importante

Neu Lopes disse...

Mas o respeito terá que começar também nos governantes. Um respeito que deverá ser traduzido na criação de políticas que protejam os direitos autorais, na diminuição dos encargos fiscais e taxas alfandegárias para a indústria cultural, no apoio e reconhecimento do trabalho daqueles que arduamente trabalham para elevar o nome deste país. Em cada um de nós há um Cabral (e ainda bem) que, para além de ativista político era um grande artista. Assim, em cada um de nós deverá existir um Eugénio, um B.Leza, uma Cesária, um Novas ou um Vieira.
Isso para dizer também que ficar de braços cruzados à espera que o céu nos apoie, de nada serve. Mas se o engenheiro constrói o país fisicamente, se o político tenta organizar o povo, nem esse engenheiro nem esse político será reconhecido no mundo se não tiver alma. E entende-se alma como CULTURA!

mclane disse...

A ultima vêz que compraste um disco?