Declaração Cafenana

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Num artigo da jornalista americana Sue Pleming, da agência Reuters, intitulado "Why is Clinton going to Africa, what are the issues", chegados à parte do porquê da passagem da Secretária de Estado dos Estados Unidos da América Hillary Clinton pelas ilhas, pode-se ler: "Cabo Verde é um popular posto de reabastecimento. Um grupo de ilhas ao largo da costa do Senegal, os Estados Unidos vêm Cabo Verde como uma história de sucesso africano." (Fonte: aqui; Via: aqui)

Fiquei um pouco preocupado e um pouco descansado. Sentimentos paradoxais, portanto. Preocupado, porque comparar um país a um posto de gasolina ou algo do género, onde um indivíduo vai apenas atestar o depósito, verificar o ar dos pneus ou limpar os vidros dos carros, não me parece que seja lá muito abonatório. Mais a mais sendo nós um país em que "a cultura é a alma do povo", como diz, entusiasmado, o nosso Ministro da Cultura. Pode ser que não seja exactamente esse o sentido das palavras da senhora jornalista mas falar em "posto de reabastecimento" ou referir a tal plataforma espectacular e global de prestação de serviços financeiros, tecnológicos e de entretenimento, sonhada a espaços pelo nosso Primeiro, não me parece que seja bem a mesma coisa.

Mas ela que venha conhecer, que certamente mudará de ideias. Nada como uma operação de charme à cabo-verdiana para fazer mudar de ideias alguém que fala sem conhecimento de causa. Falo à vontade porque fazemos isso no Festival Mindelact recorrentemente e garanto-vos, dá sempre certo, porque todos os nossos visitantes vão para o aeroporto para regressar para os seus respectivos países chorando baba e ranho, não querendo sair de Cabo Verde e prometendo voltar o mais rapidamente possível, completamente apaixonados pelo lugar e pelas pessoas (ou por alguma pessoa em particular, o que acontece muitas vezes).

Por outro lado, e por aqui fico mais descansado, a senhora Clinton e os seus assessores poderão verificar também que por muito que os jornais, de tempos em tempos, se saiam com esta possibilidade remota de haver petróleo em Cabo Verde, em relação a isso penso podemos ficar descansados, que não há-de ser pela sua sede imensa de controlar tudo quanto é petróleo no planeta Terra, que os Estados Unidos verão o país como "uma história de sucesso africano."

E o actual Governo não tem do que se queixar, caramba. Em apenas um ano, e logo num ano de crise global, quiçá a pior desde a Grande Depressão dos anos 20 do século passado, Cabo Verde vem somando retumbantes vitórias, sempre referenciadas como justificativas mais do que absolutas para a nossa enorme alta estima, como foram o Património da Humanidade para a Cidade Velha, o Prémio Camões para Arménio Vieira e agora esta: a maior potência económica mundial - e também a mais endividada - considera-nos uma história de sucesso. Não se pode pedir mais.




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6 comentários:

Valdevino Bronze disse...

JB,
Que eles (Os Americanos) se reabasteçam aqui...
Serão bem-vindos... desde que que paguem eles! :D

Makna de Café disse...

Sum tava lá um tava ba perguntal pe Guantamo, Iraque, Palestina, Afganistao etc. So pe oia se cara te colori. Talvez era dificil ess part li, depos del panhá uns hora de quel solim de CV. hehhehehe!

- Makna* de Cafe

*K em homenagem ao nosso T Rex, ou será "nosso M Rex",lol!

Fonseca Soares disse...

Meu caro JB, embora estando de acordo com os teus comentários em mais esta 'declaração cafeana', convém realçar que essas afirmações não foram da Secretária de Estado mas sim de uma Jornalista, comentando e especulando sobre os porquês de cada país incluído neste périplo de Hilary Clinton.
Abraço

Unknown disse...

Valdevino, depende reabastecerem-se do quê!

Makna, j-m tava ke sodade dess ruid de bo makna li ness kafé!

Fonseca, bem visto. Chamada de atenção pertinente. Em verdade, não muda muito o teor da declaração!

Unknown disse...

Rectificação feita! Obrigado, Fonseca Soares.

Dany disse...

É a visão americana do Globo..Cuba a prisão...Arábia Saudita o poço...alguns sabem vagamente que existem outros povos no mundo e que aqueles que têm barba são os maus e o resto quer tudo emigrar para a América.