Plágio 10: a violência 2º Olavo

9 Comments

Foi publicado um texto desaforado no espaço do Olavo a propósito da actual situação nas nossas cidades. No fundo, diz-nos que vivemos uma mentira e um dia iremos acordar. Um texto corajoso que não poderia deixar de plagiar e registar aqui no Margoso.


Então cá vai:

«Confesso que vivo indignado e é esse sentimento que mantêm o pouco de dignidade e de cidadania que me resta. Os políticos fazem o seu jogo, elaboram seus (dis)cursos, seus trocadilhos e cumprem a sua função perante uma nação passiva, diria até anémica, que tudo aceita e se conforma e usa como espaço de manifestação os “botecos” entre uma cerveja e outra e depois votam acreditando que estão “cumprindo um dever cívico”, mal sabendo que esse gesto muitas vezes é vazio e não difere do que eu faço diariamente no baldinho de pedal cor de rosa ao lado do meu vazo sanitário.»

«O certo é que o faz de conta e a indiferença de uns e outros não previne nem resolve os problemas e nem os discursos consoladores, com laivos de hipocrisia, irão debelar os males que vamos edificando com o tempo ou estancar o sangue e as lágrimas que inevitavelmente serão derramados.»

(...)

«Naturalmente que há cabo-verdianos educados, simpáticos e amigos. Também há gente boa em todos os cantos do mundo. Há nações mais afáveis e outras mais “carancudas”. Há sociedades mais evoluídas, mais “civilizadas” do que outras. Entendo que tal como os brasileiros quiseram num determinado momento usar o rabo das suas mulheres para atrair os turistas, nós também queiramos vender a nossa “morabeza”

(...)

«Com essa verborreia toda quero dizer simplesmente que penso que em Cabo Verde temos um elevado índice de violência, principalmente da violência mascarada, e que nos escudamos atrás de subterfúgios e mitos como a “morabeza”, o “país mais pacifico, mais evoluído, mais democrático, mais desenvolvido, mais europeu, mais tesudo” da África, enquanto vamos criando problemas sociais graves, consolidando padrões de comportamento violentos e nos adaptando a um conjunto de modos de ser e de estar intoleráveis para seres civilizados.

A cidade da Praia particularmente é um barril de pólvora. Podem por paninhos quentes que factos são factos. Podem se escudar atrás do suposto bairrismo que não resolve. Eu não gosto de pessoas mal-educadas, estúpidas, violentas sejam elas suecas ou fulas. Me sinto violentado diariamente na minha condição de pessoa, de suposto cidadão, de utilizador da via pública, dos serviços públicos, das praias de mar, enfim, de quase tudo.

Os padrões e modelos que oferecemos as nossas crianças e aos nossos jovens não servem, são putrefactos, não formam ninguém. As ideias de felicidade que transmitimos, baseadas no materialismo, são falaciosas.

Sartre dizia na sua última entrevista antes da morte que a matéria-prima exclusiva da qual a pessoa se constrói como homem é a ética. Nascemos pessoas mas não nascemos Homens nem Mulheres. Nos fazemos Homens ou Mulheres a partir da ética. Aqui o que nos falta é isso: Homens e Mulheres que uma vez assim constituídos e a partir das suas actividades (Artistas, Desportistas, Escritores, Intelectuais, Pescadores, Poetas, Pedreiro, Políticos, Médicos, Economistas, Professores, etc.) sirvam de modelos de identificação para auxiliar a consolidação da personalidade dos nossos jovens. O “Homem-Público” forjado na batota do favoritismo, da trapaça, desfilando seus elefantes brancos não serve como modelo.

(...)

Porém, o filhodaputismo diário, inclusive praticado por pessoas que pela sua formação, status social, cargos se nutre expectativas mais optimistas me indigna profundamente e no dia que ficar indiferente estarei próximo da vegetação e será então hora de mudanças (de rua, de cidade, de país, de nacionalidade…)»

É caso para se dizer, porra!


You may also like

9 comentários:

Alex disse...

Então cá vai Olavo, POOOORRRRAAAA!

Provavelmente muito do que se passa na Blogosfera não está a circular por aí. As questões que estão sendo levantadas, ficam conservadas no clorofórmio do circuito fechado dos bloguistas. As sociedades constroem os vazios em que se deitam, ou em que se deleitam. Pior do que a indiferença generalizada, é a generalizada ilusão de que estamos a agir. E pelos vistos o adormecimento é geral. Porquê?
Leio o Virgílio (ver Post de hoje dia 20) e concluo que recorrentemente malhamos em ferro já fundido (frio), o que é fodido. Leio o Abraão (ver Post de dia 17), leio o Djinho (ver Post de dia 17 sobre o Tibete), leio o João, leio Velu, leio Pedrabika, leio (tantos outros), e fico com a estranha sensação de estarem todos a dizer o mesmo, i.é. todos a falar do mesmo MAL (visível e invisível) que nos está a anestesiar, que nos está a minar a ‘puta-da-vida’. A verdade é que esta dispersão, de criticas e pontos de vista, não cria valor. Isto é, nada disto ganha substância lá onde deve. No ESPAÇO PÚBLICO. A natureza, dispersiva e egoísta, da blogosfera cria a ilusão de um mega espaço público onde tudo se passa, e onde todos intervêm, mas, na realidade, só é assim virtualmente. A sociedade age e reage por outros mecanismos, e com outros protocolos. É preciso saber usá-los, e acima de tudo, estar disposto a fazê-lo. É preciso fincar os pés no real, e criar espaços onde se faça o download do que se passa na blogosfera. Não é uma questão de dar a cara, mas de se ser consequente. Bem sei que não é fácil, porque há a conta da mercearia para pagar, a renda da casa para liquidar, compromissos financeiros para honrar, e Cabo Verde continua sendo um mundo claustrofóbico neste aspecto. A puta da vidinha a atrapalhar, e a lembrar-nos as nossas limitações. Humanos, demasiado humanos. Pois é camaradas, tudo tem o seu preço. Alguns intelectuais cabo-verdianos estão a desperdiçar a sua indignação da forma errada, e no lugar errado. Enquanto as preocupações que sistematicamente vêm sendo expressas não encontrarem no espaço público cabo-verdiano o devido, e necessário, eco, nada feito. Estarão a pregar, no deserto, ou apenas para o espelho das vaidades, ou, com auto-complacência, para o seu próprio umbigo. “Espelho meu, espelho meu, quem é mais radical do que eu?”. Desenganem-se os Bloguistas com os comentários simpáticos que vão recebendo, com as palmadinhas nas costas que uns e outros vão dando à vez, efusivamente, camaradamente, porreiramente. A responsabilidade de todos (nós) é contribuir para que esse espaço público se crie e se mobilize. Espero que a Blogosfera não esteja a tornar-se no espaço dos simulacros, no palco de Quixotismos inconsequentes, mas que ficam sempre bem à pose intelectual.
Não há neste momento capacidade mobilizadora por parte da sociedade civil, porquê?
Fala o Olavo, e quase todos, numa “Nação passiva”. Como se chegou a isto?
Será que os nossos políticos, e a nossa política (de que tantos falam tão mal) conseguem ser mais mobilizadores, mais convincentes, mais credíveis, do que os intelectuais e a gente da cultura? MESMOS JUNTO DOS JOVENS?
Se assim for, a situação é bem mais grave do que a mera passividade consegue traduzir. É a demissão das vontades, é o reino do “tanto faz”, é a negação da democracia. Esta letargia de que falam, pode ser o prenúncio de algo muito mais grave. Houve um tempo em que redundava em diversas formas, e tonalidades, de Fascismo. Hoje, pelos vistos, travestiu-se e mudou de nome, e de imagem.

CInTOmatologias, ao Deus dará:
- “Confesso que vivo indignado…”; “Os políticos fazem o seu jogo…”; “uma nação passiva, diria até anémica, que tudo aceita e se conforma”;
- “O passado é importante, mas o presente e o futuro são-no ainda mais.”; “Temos de parar um pouco, como povo e nação, e pensar no essencial…”; “Estamos, sempre, a voltar ao ponto de partida discursivo. A nação merece mais acção e menos retórica para entreter o povo com mera novação de ideias.”
- “O povo diz que «verdadi é duêdu» a verdade dói. Mas porquê… bolas!... se fazer justiça é descobrir e pôr a verdade ao de cima. Então não há gente que, para injustiçar os outros, para criar a pele da sua verdade, desimporta, falseia, e mente horrendamente.”; “…estância de rabidância política semeada de populismo e de oportunismo cujo resultado é o contrato de compra e venda de votos nas urnas.”
- “O pior é que o próprio consumidor, que devia ter um papel preponderante nessa mudança de consciência, não costuma colaborar,”
- “Pensei nos monumentos que se vão erguer pela cidade e assustei-me!”; “Falamos muito. Escrevemos muitas palavras. Demasiadas palavras para um tempo onde nada se diz. … especialistas saltimbancos apregoam meias verdades e improváveis guerras à imoralidade, corrupção e injustiças. Eu vomito de tédio e asco. …É tempo por isso de dizer o essencial em poucas palavras, de valentes gargalhadas na cara dos poderosos …Sei que também os poetas se prostituem. É o nascimento do fim da beleza. Confesso aqui, em poucas palavras, meu fastio e nojo.”
- “A sociedade precisa ensinar aos políticos de que a Política não pode tudo. Não pode transbordar as margens da ética definidas pela sociedade e pela cidadania.”
- “E nós?! Marchamos contra o quê? Não contra a violência, não por mais LUZ...não por nada! Preocupante!”
- “SÓ QUE….TÁ DEMAIS! Nossos limites já foram ultrapassados há muito (pelo menos os meus já o foram!).”

E poderia continuar citando até à exaustão os sinais, e os sintomas, deste nosso Cabo Verde, a inserir-se apressadamente neste mundo globalizado, pós-moderno e tardo-capitalista. Só espero que não venha a ser também pós-democrático.
Mas, na verdade seremos assim tão diferentes do que se passa por esse mundo fora? Como diz o ditado, "Com o mal dos outros..."
ZCunha
P.S.- As citações utilizadas acima são, como digo, 'pescadas' ao Deus dará, e colhidas de Post's tão recentes quanto possível. Não traduzem com rigor o pensamento de ninguém, constituem apenas, e tão só, ilustração plausivel do que considero ser uma certa sintomatologia corrente.

Unknown disse...

ZCunha, eu sabia que viria daí um comment quasi-orgásmico quando postei este texto. Foi quasi-provocação. Mas é importante discutirmos estas coisas. Os blogues são apenas um meio. Para mim, o teatro é outro. A minha última encenação fala desta merda toda, caramba. Intervenho da melhor maneira que sei e posso.

Eu compreendo o comentário sobre o perigo de nos transformarmos numa espécie de seita de maluquinhos dos blogues, cegos, ou pelo menos inertes, ao que se passa à nossa volta. Mas sou, apesar de tudo, um optimista. Ou se quiseres, um humanista. Isto dos blogues agora é que começa a arrancar em CV com força. Menos de 10% da população tem acesso à net. A coisa vai-se fazendo. Como dizia o grande heroi, caminha-se caminhando.

Mas olha que a história recente relata-nos algumas vitórias. A maior e mais bombástica de todas foi com um movimento iniciado num blog, transladado para os mail's, quando queriam transformar o Palácio da Cultura, vulgo Ildo Lobo, num posto de cobrança da Electra. Foi este pessoal, que anda por aqui a dizer do que pensa - e só isso já é um incrivel acto de cidadania - que fez recuar o MC nas suas intençoes. Não tenhas dúvidas nenhumas nisso.

Vamos entrar agora em periodo eleitoral. Vai ser um teste importante. Mas eu gosto dos sinais que por aí andam em relação a este grupo de pessoas e acredito que não andamos todos a dormir. Eu pelo menos tenho o café para me manter acordado.

Abraço

Valdevino Bronze disse...

Zcunha concordo com o teu ponto de vista mas fico pela opinião do JB (pelo menos pa dar graxa, porque este blog é dele..hehe!)
Acho que tudo tem as suas fases. A tomada de consciência, na minha opinião a primeira de todas as fazes, ja está em curso. Porém, aguardemos com serenidade a "fermentação" de uma sociedade mais activa.
Amén!

Caboverdiano disse...

Em parte eu entendo a tua preocupação, Alex. Já me fiz esta pergunta várias vezes, acredita. Mas, apesar do Blog ter pouco tempo de vida, sinto que estou(a semelhança de muitos caboverdianos na blogoesfera)a dar o meu contributo. Sou jornalista de profissão e o "meu" (prefiro dizer nosso) blog, não é mais do que um prolongamento da minha tarefa diária. Só que é um espaço onde eu posso emitir as minhas opiniões. Onde eu posso ser aquele caboverdiano que não só relata os acontecimentos como os comenta. Embora tenha o cuidado e prime sempre por introduzir comentários onde "possa ajudar e não para atrapalhar" como mutios fazem. Bom, resumindo, nem que passemos a vida inteira a batalhar, uma vida não é suficiene para mudar tudo o que desejamos. Mas como disse o JB, "caminha-se caminhando". E mais uma coisa Alex, se alguém quiser estar informado,tem que correr atrás, não esperar que a informação venha ter contigo. Tens que ter algum interesse. Sabes porque é que eu te digo isso? As rádios emitem noticiários todos os dias, várias vezes ao dia. Supostamente todos tem acesso a Rádio (o que não acontece com a internet), mas o que querem é ouvir musica e não conteúdos sobre cidadania, civismo, sociedade, politica, desporto, etc. E infelizmente essa é a realidade dos jovens num país em que a maioria da população é jovem. Pretendo contrariar essa estatística, e comecei pelo blog. Quem sabe se quando a Telecom "abrir a torneira", o margoso e muitos outros não aumentem a clientela, e mais, quem sabe se futuramente não venhamos a ter encontros de bloggers como já se faz em muitos países. Espero que seja para breve!

Alex disse...

Caro João

Como deves calcular, é por respeito a toda a malta que anda por aí a soltar a língua, e a denunciar o mundo que os rodeia que tenho participado activamente nestes papos. Lendo, comentando, e recomendando. Mas é também por um imenso carinho para com gente que admiro muito, e uma enorme frustração de não poder estar aí ao vosso lado, porque muitos que não me conhecem podem pensar que tudo isto é só 31 de boca. Os que me conhecem sabem bem que não.
Segui de perto o exemplo que dás pelos jornais electrónicos, e, seu a seu dono, houve aí uma 'mobilização-de-dedo' muito significativa. Quanto ao papel dos Blogues nisso tenho de aceitar a tua informação como boa. Mas…
Diz-me por favor:
1- como é que correu a MANIF contra o apagão? Sucesso? Muita adesão? É que os Bloguistas cerraram fileiras, mas, estranhamente, depois do dia aprazado ninguém falou mais da coisa.
2- Há tempos, já não sei a propósito de quê, foi convocada uma MANIF aí na Praia. Resultado? Toda a gente culpou o Filú pelo insucesso da coisa.
3- O Tibete? Houve, há, está prevista, alguma MANIF de apoio, nem que fosse só de gente da cultura? Alguém tem de dar o exemplo e ir para a Rua. Não basta dizer que é preocupante.
Os exemplos poderiam continuar por aí fora, e não sou eu a inventá-los. Limito-me a colhê-los do que os Bloguistas semeiam.
O que me preocupa, é assistir a esta incapacidade generalizada de mobilização da sociedade civil, em particular dos nossos jovens (por sinal os mais ávidos utilizadores da Net), para questões relevantes para o amadurecimento da democracia e da cidadania. Atenção, que quando digo não ver não significa que não haja. Isto das in-visibilidades tem que se lhe diga. E à distância pior ainda. Insisto, apenas estou a fazer eco indignado da indignação geral.
O problema não é saber quem faz o quê, e o que se faz. Eu sei que tu fazes, e que toda a malta aí citada também faz. Mas parece-me que estamos mesmo a precisar de um Maio de 68 nosso, o que até nem ficava mal em 2008, com 40 anos de atraso. O que interessa é saber se a mensagem está a passar. Para isso é preciso ter os jovens a por as mãos na massa destes debates, destas questões. E como não se pode contar com o status-quo, só mesmo criando e inventado o espaço público, aproveitando os poucos espaços que já existem, tanto na Praia como em S. Vicente, para levar os Bloguistas de carne e osso para falarem ao vivo (fazer o tal download de que falava) destas matérias, em público e com o público, sem tiques ou manias de EXPERT's. Falatório, mas em público. Aprofundar, com ideias, o que nestas margens virtuais fica tudo pela rama. Ir ao encontro das pessoas. Vem aí mais umas eleições dizes. Pois é. Este é o momento errado para este tipo de intervenção, porque há o risco dos políticos interiorizarem demagogicamente o debate, anulando-o. Nada de confusões. Falo de acções fora da efervescência eleitoral, quando as pessoas não têm as cabeças ensopadas de slogan's. Connosco, tal como com o Portuga, as coisas não podem acabar sempre entre dois acordes de violão e um pastel de milho (ainda por cima, sem diabu dentu). Por que razão não se inaugura, com regularidade, CICLOS de Conversas, sob os mais diversos temas (não tem de ser só Palestras, Conferências, Simpósios; nada contra, e até são bem vindos) nos mais variados espaços: cafés, jardins, Escolas, Kintal di Música, etc. . Da Moda à Música, da Arte à Arquitectura, da Política Cultural à cultura da Política, dos Blogues ao Jornalismo, do Teatro à Literatura, etc, etc. . Muitas vezes as coisas até acontecem, mas ficas sem saber o que lá se passou, e o que por lá se disse. Tens de esperar anos para que as actas sejam publicadas, quando são. E lá se foi o interesse e a actualidade. Muitos desses participantes têm Blogues, ou escrevem para os Jornais, ou têm hipótese de publicar as suas ideias e as suas intervenções electronicamente, mas NADA (nem sequer se dão ao trabalho de publicar um resumo da coisa). NADA! Como é que pode haver debate assim? E muitos desses eventos são oficiais. E a exigência de serviço público onde é que entra? Penso que falamos e criticamos demais, e que pequenas coisas que podiam ser feitas simplesmente não são. Costumo dizer lá na empresa onde trabalho, “Pequenos gestos, grandes efeitos”. Podia dar-te 50 exemplos práticos do que se poderia fazer sem custos, ou com custos mínimos. Podia dizer-te o que penso sobre o desperdício demagógico que é realizado sistematicamente pelos nossos municípios em nome da uma cultura pseudo-urbana, pseudo-moderna, e que não são mais do que puro desperdício de meios e de recursos. A ideia básica, e imbecilizante, é: "Se o people gosta...", então é dar. E assim, supostamente, em nome do povo, para o povo, e com o povo, é o gosto mais medíocre (ou a ausência dele) que se canoniza, SEM ALTERNATIVAS. E assim transformam-nos em ruminantes, nos bois da paciência de que falava o ARRosa, ou o domínio do Reino da Estupidez institucionalizada (que falta nos faz um Sena).
Bem, a conversa já vai longa, provavelmente o que melhor é mesmo voltar para o meu casulo, e ver passar a caravana. De quando em vez aparecer, deixar umas graçolas e uns recados inanes em casa de alguns amigos do peito (e cá vai remoque, mesmo que muitos deles, muitas vezes, nem agradeçam a visita). Ou simplesmente, não voltar mais. Hoje acordei azedo. Será? Deve ser ainda efeitos do concerto ontem no CCB, “Paixão Segundo S. João” do divino Bach (nem por isso tão divino nesta peça). Se me apetecer depois dou nota da coisa.
A todos, um abraço sincero e apaixonado. Para conversas em circuito fechado podem usar e abusar em puxim@hotmail.com.
ZCunha

Olha, se calhar, o melhor mesmo é não publicares esta merda, não vá alimentar por aí mal entendidos, para os quais não estou nem com paciência nem com estômago.

Unknown disse...

ZCunha, não tenho muitas respostas para te dar. Estou (sempre) a aprender. Agora, apenas de digo que não te casules, porque a tua voz é ouvida, sentida e apreciada por aqui. E nao sou só eu que o digo. Abr.

Sanpadjud disse...

Concordo em absoluto com o Alex (Zé Cunha). Ia escrever um comentário longo mas fico-me por um extracto dum post no "Sanpadjud" (http://scente.blogspot.com/2007/12/fala-se-de-segurana.html) depois da tal manif:
"A segurança ou a falta dela é o tema na Praia. Muito fládu flá sobre a violência e o crime. ...E, não são poucos os relatos de vítimas que dão conta de espectadores impávidos e serenos, se calhar felizes por não serem eles a vítimas – o que me lembra sempre Brecht: primeiro levaram o vizinho e eu não liguei porque não era comigo, hoje levam-me a mim."
a sociedade em que vivemos recusa a responsabilidade... e mais acredita que o civismo apenas possa ter lugar se devidamente fiscalizado.
A coisa não vai com manifs, nem com posts. Vai com atitudes no dia a dia que deixem claro que há comportamentos que não são admissíveis... não pela fiscalização, mas porque somos humanos e vivemos em sociedade. Isso significa intervir sempre que alguém está a ser assaltado, protestar sempre que o outro não cumpra e fazer como o Olavo cumprir as regras de civismo e boa-educação porque somos gente.

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Querido Olavo, o seu texto vem muito a propósito e é hora de que vistamos as calças para colocar um ponto final nessa "semvergonhice" que pulula na nossa terra. Você tocou num ponto essencial: o ser. A grande desilusão é que esse ser está em todo o lado e, por mais afável ou carrancuda que seja a urbe, lá ele se encontra. O que você escreveu sobre a nossa capital é, também e por exemplo, o que encontro no dia a dia da moderníssima, famosa e bela Miami. E por sinal, não é habitada maioritariamente por gringos. É o ser meu chapa. Boa Páscoa e que o espírito do amor possa renascer ou morar nos nossos corações e atitudes.

Abraço,

Alvaro L. Andrade

www.blogdoala.blogspot.com

Unknown disse...

Alvaro e Sampadjudo, bons comentários, que contribuem, sem dúvida, para uma discussão interessnte, elevada e despreconceituosa. Isso é que é preciso. Abraço e boa páscoa!