Ausência

2 Comments

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Imagem: Arco do Vasco (S. Vicente), gentilmente cedida por Victor Tavares Morais


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2 comentários:

Alex disse...

Este arco merece poema. Perdão, este arco é um poema.
Porta do mundo. Pouco importa por onde se entra, ou por onde se sai. Pouco importa quem entra e quem sai. Não importa, de onde se vem ou para onde se vai. Porta, em arco romano. Porta apenas. Criada à escala do homem, e aberta à multi-pluri-dimensão do mundo.
Bem, a ver .. vou, se sai poema.
Dia aziago este.
Inté!
ZC

Unknown disse...

Este Arco não é que não mereça um poema. Este Arco é um poema. Um dos maiores da ilha. De todas as ilhas.