.: Muito Barulho para Nada

Muito Barulho para Nada

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Eu adoro a passagem d'ano. Os apitos dos barcos anunciando a hora - que desta vez não se fizeram ouvir, o sagrado banho na praia que só é amada pela cidade uma vez por ano, a festa, a banda municipal no day after... É, pessoalmente, a melhor festa sazonal do Mindelo. Mas a verdade é que este ano ficou-me um travo a não sei o quê, uma sensação estranha. Não estava com a mesma sensação que temos sempre, tipo hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas. Esqueci-me de comer as 12 passas, no momento da passagem. Não festejei como devia.

E eis que a Eileen Barbosa, com a sua capacidade de observação sagaz e impiedosa me ilucida dos porquês desta falta de magia sentida, apesar de tanto barulho e tanta cor. Vou plagiar portanto o blog da menina, Soncent.

Então cá vai:

«Não queria começar o primeiro post do ano a mandar bocas. Portanto, esta não é uma boca, é apenas uma reflexão: à meia noite do dia 31, na Avenida, fomos brindados por um valente fogo de artifício que durou quinze minutos. Muito bonito. Tão bonito, que por quinze minutos, a multidão esteve de cara para o céu e não se abraçou, falou, beijou, pulou. Não celebrou, não viveu o momento, presenciou-o apenas.

Passados esses quinze minutos, já a "aura" do ano novo tinha mudado. Sempre houve gente dentro d'água, mas... não foi a mesma coisa. Da próxima, eu preferia que o fogo fosse no festival, por exemplo, e que, na Avenida, só tivessemos mesmo os apitos dos barcos, e os pobres foguetes de sinalização cor de rosa. E todo o coração das pessoas, sem nenhuma distração.»

Imagem: pintura de Jackson Pollock

Sobre o Autor

Unknown

Encenador. Gestor Cultural e Fazedor de Sonhos. Vive em Mindelo, Cabo Verde.

1 comentário:

Anónimo disse...: Pois é, aquela de olhar para o céu acabou por fazer esquecer o companheiro ao lado. Mas o pior é que a barulheira infiltrou violentamente o cérébro de alguns, que cansados antes da festa tentaram dormir... só que os zulus e os mortos vivos espalhados pela cidade e principalmente no MindelHotel insistiram como marteis em lata velha. A quando um muro anti-barulho em lugares onde fazem festas públicas?; 16 janeiro, 2008

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