Declaração Cafeana

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Terminou esta semana mais um festival de teatro Mindelact. Claro que sou suspeito em falar, mas também tenho o direito à palavra. E aproveito este espaço para fazer o meu pequeno balanço pessoal sobre o que de mais importante se passou nestes dias mágicos de Setembro.

Em primeiro lugar, a cidade do Mindelo está de parabéns. Mais uma vez acolheu o festival internacional de teatro do mindelo de braços abertos e há muitos anos que não tinhamos tanta gente a encher todos os espaços da programação que foram colocados à disposição dos amantes das artes cénicas. Salas cheias, alguns deias a rebentar pelas costuras, vieram mais uma vez lembrar do que se poderia fazer havendo uma sala de espectáculos com mais condições e, principalmente, mais lugares disponíveis para um público crescente e apaixonado. Mais um ano em que o festival mindelact se fez obrigando muita gente a ficar de fora das salas de apresentação por falta de espaço com o cadável do cine-teatro Éden Park a assistir, impávido e sereno, do alto da principal praça da cidade, ao acontecimento e ao constrangimento. O certo é que o festival mindelact 2011 foi um grande sucesso de público. No Palco Principal, no festival off onde muitas pessoas não se importavam de esperar por altas horas para assistir a mais uma apresentação, mesmo ocorrendo estas em dias de trabalho. No espaço dedicado às crianças, com o grande sucesso do Ciclo Internacional de Contadores de Histórias que encheu, diria mesmo, abarrotou, o pátio do Centro Cultural do Mindelo, de crianças e pais, para assistir, maravilhados às fantásticas histórias oriundas de lugares tão diversos como a Colômbia, Espanha, Mali, Cabo Verde e Brasil.

Outro aspecto que merece grande destaque foi a diversidade da programação por um lado, e a qualidade da organização por outro. Comecemos pela primeira: durante nove dias passaram pela cidade do Mindelo, imaginem, cerca de 30 espectáculos de teatro, uma média superior a três apresentações por dia. 20 companhias oriundas de 12 países fizeram-se representar no evento. E todas as peças nos ensinaram alguma coisa: o teatro clássico, o teatro de actor, o teatro surrialista, o teatro-vídeo mesclado com dança, o teatro de rua, o teatro com manipulação de objectos, o teatro sem palavras mas com a magia de um grupo espanhol que apenas utilizou papel nos cenários e nos adereços, o teatro mágico, o teatro músical, o teatro pedagógico, o teatro cómico. Tudo isso tivemos nós nestes dias e a festa foi grande. Claro que só foi possível atingir tal nível com uma organização de grande nível, constituída maioritariamente por voluntários amantes e membros de grupos de teatro locais. As oficinas foram um sucesso com elevada procura e uma percentagem superior a noventa por cento de acompanhamento, o que foi um grande feito tendo em conta o que acontecia nos anos anteriores.

A cidade está, pois, de parabéns. Acredito, cada vez mais, e tenho tido várias confirmações e testemunhos de quem conhece a realidade africana, que o festival mindelact é hoje o maior evento das artes cénicas africanas e Cabo Verde pode e deve orgulhar-se do tremendo respeito e admiração que vem granjeando um pouco por todo o lado. Para o ano há mais mindelact, porque este é um festival que Cabo Verde se orgulha de ter e não dispensa de forma nenhuma. Bem haja, Dionisio, o Deus do Teatro!

Na imagem: "Futuro Obscuro", Grupo de Teatro Cem-mente, www.fluxu.cv




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2 comentários:

Lily disse...

Quase que estava no Mindelo para poder assistir a espetáculos do festival.
De qualquer modo, parabens a toda a organização, companhias e público, que tornam o festival possível.

Helder disse...

Festival de excelência.
Eu assisti a algumas peças no CCM e ainda tive o privilégio de assistir em plena Rua de Lisboa a uma performance(polícia!) do Enano!