Declaração Cafeana

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Segundo o blogue do Amílcar Tavares Cabo Verde está classificado no 117º lugar no ranking anual do Relatório de Competitividade Global 2010-2011 do World Economic Forum num total de 139 países estudados. Um índice baseado em 12 pilares de competitividade, formando um quadro detalhado do cenário de competitividade dos países em vários estágios de desenvolvimento.Não é famoso.

Por outro lado, soube-se que uma das mais importantes personalidades deste planeta, o Papa, desejarque Cabo Verde «continue no mesmo caminho na senda do desenvolvimento.» Ainda nesta semana, da boca do presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), ficamos a saber que Cabo Verde é o único país africano de língua portuguesa (PALOP) onde a maioria dos Objectivos do Milénio serão cumpridos, faltando nos outros um combate mais real à pobreza.

O que é que tudo isto quer dizer? Que vivemos num país de contrastes? Isso já nós sabíamos. Por isso, mais uma vez, não entendo os discursos cada vez mais pró-Paraíso da situação ou pró-Inferno da oposição, com os quais conseguem, mais do que nos convencer seja do que for, que tenhamos grandes dificuldades em olhar para a política como uma actividade nobre e altruísta, para o povo e ao serviço do povo, como tanto nos querem convencer, uns e outros.

Sem deixar de reconhecer a importância de estudos e estatísticas, estou um bocado farto de índices deste tipo, que podem ser sempre comentados e analisados de diversos pontos de vista, conforme se veja a tabela de cima para baixo ou vice-versa, que é como quem diz, conforme as conveniências demagógicas de cada um. O que eu queria era que se conseguisse medir o quanto a alma e a poesia do povo se está a perder no meio deste lamaçal competitivo, onde o que mais se sente, é a falta de seriedade e criatividade dos dois lados da barricada.

Um mestre das artes cénicas com quem tive o prazer de trabalhar disse-me uma vez: o público não é estúpido, não o tomes por parvo, porque és capaz de te surpreender. Se me permitem, actores do nosso teatro político das belas ilhas de Cabo Verde, deixem-me extrapolar este conselho para o campo da actualidade e do debate político: o povo não é estúpido. Por cada dia que continuarem a radicalizar o vosso discurso entre o oásis e o deserto, maior será a probabilidade de ninguém vos levar a sério.




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3 comentários:

Nuno Andrade Ferreira disse...

E a seguir vai aparecer alguém que te vai mandar pregar para a tua terra.

Anónimo disse...

Antes de mais, bela analise...
O povo já não acredita nos nossos politicos, mas como não têm outra alternativa.. continuam a votar neles...
Precisamos de alguém para "Governar" estes dez grãozinhos de terra...
Força aí...
TJ

Unknown disse...

É o mais provável, Nuno. :)

TJ, sangue novo, precisa-se!