Quatro Cafés com Saramago

14 Comments




1. Apesar da frase bonita que aí fica, tenho uma vaga ideia desse artigo (devo tê-lo comigo 'perdido' nos milhentos recortes por aí). Recordo-me de uma breve nota publicada no JL quando da sua visita a Cabo Verde. Para mim (e pelo que a memória me consente) foi uma grande desilusão. Posso estar errado, mas Saramago escondia mal nesse escrito uma certa decepção (creio eu pelo meio intelectual de então que encontrou). Insisto que posso estar enganado, por isso vou tentar encontrá-lo para devolver verdade e factualidade a esta lembrança nublada pelo tempo.

2. Quanto ao outro Post sobre o Amor, foi evidente o renascimento de Saramago ao lado de Pilar. Encontrou ao lado dela uma nova alegria de viver. Neste particular Pilar foi O pilar que lhe faltava para fechar o arco (gigantesco) em que se tornou a sua vida. Era até comovente de ver a forma ostensiva como ele, jovem apaixonado, assumiu e exibiu orgulhosamente, e com visível felicidade, aquela relação, onde não faltaram manifestações públicas de afecto (ver fotografia publicada acima). O que todos nós também sabemos, é que quando se ama assim de forma tão intensa (e o Zé, como ele autorizava aos amigos, estava apaixonadíssimo), muito raramente o nosso parceiro consegue acompanhar-nos aos cumes estratosféricos da paixão. Quem sabe se os amores mais autênticos e felizes não são os de intensidades assimétricas, como me parecia evidente o dos dois. Mas que sei eu do amor, se apenas amo e humanamente me apaixono... perdidamente!

3. Saramgo foi um bom poeta, mas cedo percebeu, num País de grandes poetas, que por aí não tinha grande caminho. Optou, e bem, pela prosa. Tem duas obras primas. Uma da primeira fase (temas sobre Portugal), outra da segunda fase (da universalização dos temas). Gostei muito do Memorial pela figuras inesquecíveis de Baltasar e particularmente de Blimunda (apaixonante). Mas a obra prima, que para mim ainda hoje permanece como tal, é sem dúvida alguma o 'Ano da Morte de Ricardo Reis' (livro que é pensado antes do Memorial, mas cronologicamente publicado depois), essa extraordinária ficção de uma ficção, capaz de ter tornado ainda mais real do que já era, essa figura triste e apagada do retornado Reis a Lisboa. O próprio Saramago disse que ao ler pela primeira vez Ricardo Reis "…pensei que Ricardo Reis era uma pessoa real…". Conta quem sabe, que ainda hoje há quem procure na Rua do Alecrim o quarto 201 do Hotel Bragança onde se "hospedou e viveu" R. Reis. A outra obra é "Ensaio sobre a Cegueira" um discurso brutal e poderoso sobre a natureza humana e o poder. Actualíssimo.

4. Quero agora homenagear a LITERATURA, como gostaria José Saramago que se fizesse. Lembrar, a propósito dessa extraordinária figura que é Blimunda, um livro que não é de Saramago, mas que por estranhos e misteriosos caminhos da criação fez cruzar num dado passo do romance "Lillias Fraser", de Hélia Correia, duas figuras singulares da recente ficção portuguesa: Lillias Fraser e Blimunda Sete Luas. Lia entusiasmado o romance de Hélia Correia (quem gostou do Memorial vai gostar pelas muitas semelhanças - recomendo vivamente aos mais desatentos - um grande livro), quando a páginas 279 a 282, penúltimo capítulo (XVIII) acontece o mais inesperado que a literatura alguma vez me dera a ler. Lillias, de Hélia, cruza-se com Blimunda, de Saramago, já doente e envelhecida a arrastar-se pelas ruas de Lisboa depois do terramoto 1775. Recordo que Blimunda consegue ver vida no interior das pessoas, Lillias vê o oposto, a morte que trazemos dentro de nós. Esse encontro, fugaz, é dos momentos mais fascinantes e emocionantes que me foi dado ler até hoje. Felizmente o livro terminava na página seguinte. Li e reli emocionado e comovido, e chorei lágrimas autênticas de um encontro entre duas personagens e ficção que aprendi a amar, e são tão reais como Reis, como eu, ou como qualquer um de vós.

São estes pequenos pormenores que ficam comigo, que guardo cá dentro a queimar-me como uma rosa em chamas. O eterno fogo da alegria e a extraordinária beleza do mundo.

ZCunha - poeta



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14 comentários:

Anónimo disse...

Ontem o romance preferido era o Todos os Nomes (só para contrariar?), hoje já são o Memorial do Convento e o Ensaio sobre a Cegueira. Decida-se!

Unknown disse...

Anónimo, estás pouco atento. O texto publicado não é meu, mas sim do ZCunha. Acorde!

e arranje um nome, já agora...

Anónimo disse...

Só para contrariar, não me apetece ter nome, em homenagem ao todos os nomes.

Essa personalidade ZCunha é quem? pseudónimo que não contraria?

Adriano Reis (conta.storia@gmail.com) disse...

João, a mim não interessa saber que escreveu isto, se ZCunha, Manel ou Jon, Sinto e percebe-se que foi escrito com com o coração!

Os meus parabéns pelo o artigo, sendo um ingnorante(nc li Saramago)
pelo menos sinto-me curioso e acredita que vou levar em conta estas sugestões e ler obras de Saramago, porque do autor só vi o filme "Ensaio sobre a cegueira" adaptado ao cinema.

Abraços

Anónimo disse...

Minha(meu) Cara(o) anónimo 21 Junho 2010, uma obra, seja ela qual for, tem de ser interpretada inserindo-a no seu contexto, mediado pela subjectividade do leitor: ZCUnha ou João Branco, que nunca será a mesma pessoa porque Ricardo Reis e Fernado Pessoa não o era.

Por exemplo:
Em relação a Caim (Saramago) e Caim (Bíblia) consoante quem lé seja a anónima(!?) 21 de Junho 2010, Zé Cunha, João Branco ou eu,Fernando Carlos, as leituras, guiadas pela subjectividade, divergem.
A Bíblia foi escrita pelos homens ou foi escrita pelos homens exprimindo a palavra de Deus. Na primeira hipótese está resolvida a questão, o conteúdo revela as representações sociais de uma época. Mas na segunda hipótese - crença religiosa - o conteúdo desprende-se de qualquer contexto mundano, reflecte uma verdade absoluta, tans-humana, divina, atemporal, é a Palavra, é a Verdade. A Bíblia, como qualquer texto sagrado, é a-contextual. O crente ouve, lê a Revelação. A religião Judaico-cristã, como a Islâmica, é uma religião revelada por Deus aos homens. Os ateus não acreditam, Deus não existe, não há nenhuma revelação. Contudo, para o crente, Caim matou Abel, Adão pecou, instigado por Eva, Moisés recolheu no Monte Sinai as Tábuas dos Dez Mandamentos. Saramago pergunta, como pode alguém acreditar nestas narrativas se elas revelam uma história mal contada, e mais grave, uma história de pecado, punição, castigo, crime, inveja, sofrimento, tudo "maus costumes"? Que Deus é este que, se a existir, condenou o homem para sempre a expiar o seu pecado? Repare, antes de Adão comer a maçã, e, aparentemente, era livre para a não comer, deus já sabia que Adão iria pecar (omnisciência divina). Estava condenado antes de pecar. Não lhe deu escolha, a escolha já estava feita por Deus. Ao criar o mal, a possibilidade do pecado, deus criou, inevitavelmente, o pecador, a culpa, a punição. Poder-se-ia perguntar a Deus: Adão vai pecar?
Seria absurdo dizer que Deus não sabia, contrariaria a sua natureza de ser omnisciente, não seria Deus.
Estamos num dilema, ou não. É a questão do contexto, de facto parece-me que nenhum livro é descontextualizado.... A Bíblia é uma bela narrativa que revela o poder de efabulação da mente humana.

O desacordo de opiniões é sempre positivo.

Fernado Carlos

Anónimo disse...

Adriano Reis a escrita saramaguiana é, de facto, difícil mas não é aborrecida e as vírgulas conferem vivacidade ao discurso tornando-o mais fluente. Segundo, Saramago critica aquilo que está mal, no entanto não é uma crítica sem sentido. Limita-se, e na minha opinião muito bem e mais eficaz que ninguém, a fazer vir à superficie os males. Se virmos bem, não critica o povo trabalhador mas sim quem o explora e engana. Mostra, mais uma vez que o nosso país é pequeno em mentalidade mas que porém quer mostrar grande inovação e actos. "Memorial do Convento", é sem dúvida o melhor exemplo. Efectivamente, a religião é um tema que faz correr muita água, e o que principalmente Saramago pretende mostrar aos leitores é que em nome dela grandes males foram cometidos, fanatismos levados ao extremo. Está na natureza do ser humano interrogar-se, reflectir, pensar sobre aquilo que não há justificação, e o nosso nobel actua dessa forma. Não esta a tentar criar a sua doutrina, nem espera muito menos que cordeiros sigam o pastor. Simplesmente, tem como por objectivo que pensemos nestas questões. Num terceiro momento, a Bíblia é um livro que provoca a própria contradição dentro da Igreja Católica. Metade do que lá está escrito é fantasiado e nem a própria Igreja pratica o seu contéudo. Não foge dele mas também não o relata. E podemos também ter a certeza que a maioria da população crente nunca leu uma única página da Bíblia e só tem um possível conhecimento através de por exemplo a ida á missa. Sim, para já não falar daqueles que supostamente são crentes em Deus mas praticar os princípios defendidos e tão acreditados já é outra coisa.
Concluindo, a religião é um tema sensível que fere susceptibilidades mas que é de igual forma importante discutir.

Catarina Lima

Anónimo disse...

Comunistas!!

É que no meu CV "demasiado rudimentar" não encaixam as atrocidades dos antigos (nem dos actuais) regimes comunistas (que ele tanto defende), mas pelos vistos o grande problema (para a maioria) é a Fé (ou a falta dela) e a (in)existência de Deus!

Ao ler a última obra de Saramago, Caím, 20 ou 30 páginas foi onde a minha paciência me levou e já foi muito longe, tendo em conta que esse senhor tem o condão de reprentar muito daquilo que eu repudio.

Aree...!!!

Paula

Anónimo disse...

Não sabia que o teu blogue tinha tantos fãs amigo, mas é sempre importante ouvirmos quem nos segue e apoia (ou não).


"Mário David, deputado do Parlamento Europeu, eleito nas listas do PSD, incentivou José Saramago a abdicar da cidadania portuguesa e confessou ter «vergonha de o [José Saramago] ter como compatriota».
«José Saramago, há uns anos, fez a ameaça de renunciar à cidadania portuguesa. Na altura, pensei quão ignóbil era esta atitude. Hoje, peço-lhe que a concretize... E depressa!», escreveu Mário David, no seu site pessoal.
O apelo do eurodeputado social-democrata surge depois de declarações recentes de José Saramago, em que o Nobel português classificou a Bíblia como «um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana».
Para Mário David, «a outorga do Prémio Nobel (...) não lhe confere a autoridade para vilipendiar povos e confissões religiosas», razão por que diz ter «vergonha» de ter Saramago «como compatriota»."

Mike de Monte Sossego

Anónimo disse...

Oh sr anónimo.

Concordando, ou não, gostando-se, ou não, o senhor tem todo o direito de falar e dizer o que pensa porque vivemos num pais livre. Já não há inquisições nem pides ou milícias paicvistas. As pessoas aproveitam-se é destas coisas para fomentar polémicas e para preencher o vazio das suas vidas. Trabalhe porque o País precisa é de mais trabalho e menos conversa.

Se o outro, além de João Branco, quer ser ZéCunha, pois que seja, que tu não tens nada a ver com isso.

ANÒNIMO II

Anónimo disse...

"Quanto mais blogues há na internet, pior se escreve".

José Saramago Numa entrevista ao diário argentino El Clarin.

Unknown disse...

Anónimo II, andas a ver fantasmas. Mas tudo bem, o que é preciso é paz e amor na terra.

Anónimo disse...

Morreu um homem amargo e mau, incapaz de sorrir, que se esforçava por tornar o mundo amargo, como ele.

José Saramago, era de facto um homem mau. Provava-o a sua cara vincada incapaz de exprimir um sorriso, prova-o a sua escrita prenhe de ódio e crítica aos valores mais normais e caros à civilização que o viu nascer, valores esses que ele, com as suas ideias, suas declarações e sua obra, renegou em Lanzarote. Será que no fundo, Saramago, para além do seu marcado azedume e soberba, tinha valores? Nunca o saberemos.

Repito, José Saramago era um homem mau. Que o digam os seus colegas, que em pleno período revolucionário foram vítimas de saneamentos selvagens. O homem, nessa época, tinha o “estribo nos dentes”, e era imparável algoz como sub-director do Diário de Notícias. Tinha por desporto arruinar a vida de quem não era comunista como ele.

Foram 87 anos de infecundidade, travestida de um aparente sucesso, revelado pelos livros que vendeu, e pela matreira estratégia de marketing que o conduziu ao Prémio Nobel, em detrimento de outros escritores Lusos, genuinamente com mais categoria e menos maldade crónica do que ele. Penso, por exemplo, no insuspeito Torga.

Tentei ler dois livros dessa personagem, para com honestidade poder dizer que, para além de não gostar dele como pessoa, o não considerava como um bom escritor, e que ofendia na sua essência a cultura Cristã da nossa Grei. Consegui apenas ler um, e o início de outro. A sua escrita, para além de ser incorrecta, era amrga como as cascas dos limões mais amargos. A sua originalidade era, afinal, o sinistro das suas ideias; o que, convenhamos, é pouco original. É mais fácil ser sinistro, provocador e mau, do que ter categoria, e valor. Saramago optou pelo mau caminho, como sempre, o mais fácil. E teve aparentemente sorte, na Terra, que a eternidade pouco lhe reservará.

Uma figura como ele, é melhor estar longe. Má hora se viu-lhe nascer. Afinal de que serve a este mundo destroçado, um comunista convicto, ainda para mais, estalinista? Teria ficado bem por essas ilhas perdidas de Espanha, não fosse uma série de lacaios da cultura dominante “chorarem” por ele, alimentando-lhe a sua profunda soberba.

Para além da sua obra escrita, de qualidade duvidosa e brilhantemente catapultada por apuradas técnicas comerciais que lhe conseguiram um Prémio Nobel da Literatura, (prémio com cada vez menos prestígio devido à carga política que contém), nada deixou em herança, para além de certamente muito dinheiro, o que é um contrasenso para um qualquer estalinista como ele. Mas a sua existência foi um perfeito logro. Foi uma existência desnecessária.

Saramago afastou-se da povo, e estou certo de que a povo, no seu todo mais puro, que não no folclore da "inteligentzia", não teve saudades dele. Foi uma bandeira da esquerda ortodoxa, e também da esquerda ambígua, essa do Primeiro-Ministro que nos desgoverna.

Um comunista estalinista. Era um relapso. Um indesejável.

A bandeira de Saramago, era a do ódio, da arrogância, e da maldade praticada.



Sarmago mergulhou pela terceira vez nas chamas. A primeira, terá sido quando nasceu, e ao longo de toda a sua vida, retrato que foi de ódio e maldade pela sua imagem espelhados e espalhados; a segunda, terá sido quando o seu corpo ficou irremediavelmente inanimado, e estou certo de que entrou no Inferno, a confraternizar com o seu amigo Satanás; a terceira, foi quando o seu corpo inerte e sem alma, foi definitivamente destruído, no Crematório do Alto de S. João.

Foi um maravilhoso e completo Auto de Fé. O Homem e a sua obra venenosa, foram queimados definitivamente nas chamas da terra, que nas da eternidade já o foram no dia em que morreu.



Oliveira Martins. Um fiel Cristão

Anónimo disse...

...

Continuação


De Saramago recordaremos um homem que não sabia rir, que gostava certamente muito de dinheiro, e que o terá ganho, que era mau e vaidoso, e que o provou ao longo da sua vida, que quis viver longe da sua Pátria, e que foi homenageado por meia dúzia de palhaços esquerdistas, “compagnons de route” coniventes com um dos últimos fósseis estalinistas, que ilustrava uma forma de estar na vida e na política sem alma, amoral, e que globalmente contribuiu para a destruição de toda uma Pátria, e suas tradições.

Ocorreu , quando soube que este cavalheiro de triste figura tinha morrido, que estaria por certo no inferno, sentado com Nino Vieira, também lá entrado há pouco tempo, à espera de Pedro Pires para jogarem uma animada e bem “quente” partida de bisca quatro, com diabo a fazewr par com Saramago...

O mundo está mais limpo. Um dos maiores expoentes do ódio e da maldade, desapareceu da superfície da Terra. Espero que a Casa dos Bicos, um dia possa ter melhor função, do que albergar a memória de tão pérfida personagem. As suas letras, estou certo de que cairão no esquecimento, ao contrário das de Camões, Torga ou Pessoa, entre muitos outros.

Apesar de tudo, e porque sou Católico (e porque a raiva não é pecado), que Deus tenha compaixão de tão grande pobreza, mas que se lembre fundamentalmente de nós , íntegros que tentamos sobreviver com dificulade, neste mundo governado pelos amigalhaços do extinto, que apesar do luto em que fingem estar, mas que na verdade não sabem viver, continuam a todo o custo a viver o enorme bacanal que arruina...

No fundo, no fundo, e porque as palavras as leva o vento, que Deus tenha piedade de tão grande pobreza! Cabe-nos perdoar. Mas não temos que esquecer!

Oliveira Martins.
Um Cristão

Anónimo disse...

Saramago foi uma figura polémica e que infelizmente, misturou sempre as suas crenças políticas com o seu génio literário. Que descanse em paz, mas ao mesmo tempo, fico feliz por ter que deixar de ouvir os seus comentários sobre Políticas democráticas, contrário do que ele quis.

Depois do 25 de Abril, em Portugal, Saramago despediu todos os jornalistas que não concordavam com ele quando tomou a direcção do Diário de Noticias, num gesto nada democrático e que nem os patrões mais reaccionários conseguem fazer. Chamou muitas vezes fascistas a todos os que não "bebiam" as suas ideias.

Afirmou variadissimas vezes que Stalin (com os seus gulags) foi um dos homens que mais trabalhou para construir a sociedade perfeita. Sabem quantas pessoas foram mortas nesse processo? Sabem que Saramago adimtiu que a Grande Fome de 36/39 na Ucrânia e pela qual morreram seis milhões de pessoas foi um "mal necessário" e até "bastante frutuoso" para a construcção da URSS?

Têm a certeza que conhecem bem a figura que foi Saramago, à parte da sua faceta literária?

Para quem gosta, os seus livros até podem ser bons e a prova disso é que foi premiado, mas não podemos aceitar as posições extremas que tomou em defesa de uma utopia pela qual foram assassinadas dezenas de milhões de pessoas.

Saramago era da linha dura do PC e defendia a ditadura do proletariado, esse processo pelo qual milhões de pessoas por esse mundo fora perderam tudo, desde os seus pertences, a sua liberdade e em muitos casos, até a própria vida. Não se pode concordar com assassinos, sejam de extrema direita ou de extrema esquerda. A liberdade é um dom a que todos temos direitos e ninguém, por qualquer que seja o motivo, tem o direito de defender regimes dictatoriais.

Saramago, muito culto, muito "avançado" de ideias defendeu acérrimamente o comunismo, tentando apagar assassinios e os métodos que o comunismo utilizou para atingir uma "sociedade perfeita", que como vimos, só gerou miséria, degradação e corrupção, mantendo populações inteiras na ignorância, enquanto outros ficaram arqui-milionários.

Não é possível concordar com um homem que queria trocar Salazar por um regime pior e ainda mais tirano.

Mesmo depois do comunismo cair de podre, Saramago lamentou diversas vezes o facto de Portugal não ter seguido essa via e classificou aquele País de "fascista", facto pelo qual mudou para Lanzarote.

Que Saramago descanse em paz, mas dispensamos as suas teorias sobre a democracia (que ele chama de ditadura:imaginem) e o seu futuro. Ainda bem que vivo num País livre e que posso escrever a minha opinião, porque se fosse Saramago a decidir não o poderia fazer, como acontece na Correia do Norte.

Pensem nisso...

José bouquinhas