Cafeína

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«Filologicamente amador é o que ama. Na linguagem corrente também, e opõe-se a profissional. Amor e profissão, quando se juntam, dão consequentemente “profissão de amador” ou “amor de profissional”. A primeira confusão dá de comer aos críticos e às galerias de arte, quando as há: a segunda faz nascer os homens de letras, os artistas profissionais e as prostitutas. Nas confusões parece que é sempre tudo a ganhar... Mas entre as muitas coisas erradas e do meu gosto que me têm chamado, é a mais certa, e do meu gosto terem-me chamado “amador”.»

António Pedro - poeta, encenador, artista plástico



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2 comentários:

Unknown disse...

Eu, sempre me considerei um "amador profissional"...

Anónimo disse...

E porque não transformar o amador na coisa amada?

"Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma".

(Camões)

Ou, mais prosaicamente, ser apenas amador da existência?

"Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.

Quando a angústia embaciar
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.

Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional".

(António Gedeão)

a) RB