Estamos à espera do quê?



À melhor resposta, ofereço um café




Porque alguém escreveu «À Espera de Godot» e nós, continuamos à espera. De quê?




Imagem: fotografia de Sérgio Leitão, «Samuel Beckett»




Dicionário do Diabo Margoso

Ócio
Uma quinta-modelo na qual o Diabo experimenta as sementes de novos pecados e cultiva os vícios de primeira necessidade.

Ambrose Bierce




A propósito dos Dragões na Garagem:

«Enquanto, submetidos que andamos à monstruosidade, quase não conseguimos levantar os olhos e ver à nossa volta para decidir o que havemos de fazer e como havemos de aplicar o que de melhor existe nas nossas forças e na nossa actividade, e enquanto nos fizer falta o mais elevado dos entusiasmos, que só pode existir se não for de natureza empírica, há-de continuar a haver, não digo dragões, mas pelo menos vermes miseráveis a roer o nosso quotidiano

Johann Wolfgang von Goethe, in «Máximas e Reflexões»


Imagem: fotografia de Francis Leonardo Cirino, «Medo»




Cuidado... o perigo vem de cima!
Bom fim-de-semana




No meio da selva, com um calor terrível, o único bar existente tem uma fila de quilómetros.

Um coelho passa a correr ao lado da fila mas, ao chegar ao lado do leão, leva uma patada e o leão diz-lhe:
- Vai para o fim da fila!

O coelho passa ao lado do leão e continua a correr para a frente da fila.
Passa pelo tigre e este dá-lhe outra patada e manda-o para o fim da fila.
A cena repete-se com o crocodilo, e com mais alguns animais...

O coelho, já farto de levar patadas e de ser mandado para o fim da fila, grita-lhes então:
- Se vocês continuam com estas cenas não abro a merda do bar!




Ficar a saber que o Viagra foi lançado no mercado num dia 27 de Março, dia da mulher cabo-verdiana, deve ser considerado um atentado ao bom nome dos machos crioulos ou uma homenagem à sua performance?

À melhor resposta, ofereço um café



Un tem um Instrumento Musical di meu...



Violoncelo

...kual é di bô?



Um extraordinário Tommy Lee Jones, em busca desse espelho, que encontra, onde vê o que não gosta (o que não contava ver). Um dos melhores filmes sobre o Iraque, um grande filme sobre a guerra, sobre a mentira, sobre o desespero, mas também sobre a fragilidade da natureza humana, essa condição tão próxima e tão irmã gémea dessa outra, a brutalidade.

Como se diz no filme (cito de memória): Por vezes procurar a verdade (ou encontrá-la, digo eu) não é o mais difícil. O problema está na aceitação ... ou na recusa.

Todos nós temos o nosso espelho algures à espera, ou o nosso encontro com Golias no Vale Elah.

Obrigado ZCunha




Todos os anos, por altura do Dia Mundial do Teatro, a UNESCO convida uma personalidade para escrever uma mensagem alusiva a esta manifestação artística. Este ano coube a vez ao canadiano Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo.

Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2008

«Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:

Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.

Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal. Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira.

E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.

A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?

Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.

É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar.»

Imagem: montagem a partir da peça «Sonhos», do GTCCP



Katxás

Nôs onti
Ê um oxi
Ki inda ka manxi li
Nu djunta mon pa céu
Nu papia di kumpanhero


In memoriam katcház
27/3/1987- 27/3/2007



Ilustração e poema enviado por Mito Elias




O facto de Dionísius ser, simultaneamente,
Deus do Teatro e do Vinho,
é uma coincidência ou uma ironia?



À melhor resposta, ofereço um café





É um pequeno livro, com pouco mais de cem páginas. Chamo-lhe, de forma pomposa, a minha bíblia. Leio as suas páginas, aprendendo sempre algo de novo, antes de iniciar cada montagem teatral nova. Antes de cada desafio. Se lermos o que Peter Brook nos diz na página 4 desta obra magnífica - «Para que alguma coisa relevante ocorra, é preciso criar um espaço vazio. (...) Mas nenhuma experiência nova e original é possível se não houver um espaço puro, virgem, pronto para recebê-la» - percebe-se perfeitamente porque tenho que lá ir beber. Vou lá, para me esvaziar.

«A Porta Aberta», de Peter Brook é o retrato revelador do genial dramaturgo inglês e apresenta aos leitores uma visão inédita desse artista enquanto trabalha: como escolhe as peças que dirige, como consegue extrair actuações extraordinárias dos seus actores e o que busca obter através daquilo que acredita ser a melhor metáfora para a vida - o teatro.

O livro divide-se em três textos, quase conferências. No primeiro, «As Artimanhas do Tédio» (um título genial), Brook diz-nos o óbvio tão dificil de materializar: que não será suficiente, para quem quiser revitalizar a cena, o retorno à utopia da origem sagrada do teatro. Cada nova criação propõe, antes de mais nada, o tríplice desafio da comunicação do artista consigo mesmo, com os seus companheiros de trabalho e com uma platéia desconhecida que só é possível auscultar permanecendo atento aos delicados sinais de atenção ou aborrecimento. O segundo, «O Peixe Dourado», reitera que a qualidade essencial do teatro é a sua vigência no instante. O terceiro texto é uma pequena delícia, intitulada, «Não há Segredos», onde de forma quase intimista, o autor nos abre as portas ao seu método de trabalho.

Absolutamente obrigatório. Além disso, lê-se num ápice, como um pequeno conto de encantar.




«O teatro é um meio privilegiado de descobrirmos quem somos, ao criarmos imagens do nosso desejo. Teatro é arte e sempre foi arma. Hoje, para nós, mais do que nunca, lutando pela nossa sobrevivência cultural, o teatro é a arte que mais nos revela a nossa identidade; é a arma que a preserva.

O teatro é uma arte marcial.»

Augusto Boal - Encenador


Imagem: fotografia de João Barbosa, «Mangatchada»




Nome: Laura Branco
Nacionalidade: Cabo Verde
(hoje, tinha ke ser!)

E Deus criou a mulher...




Hoje, dia 27 de Março, é
Dia Internacional do Teatro

Entrega do Prémio de Mérito Teatral 2008
Centro Cultural do Mindelo / 18:30 horas

Ka bô faltá!

Imagem: foto de Elenize Dezgeniski, da peça «Antígona»





Uma das imagens mais interessantes que encontrei a propósito. Aqui.




O poeta persa a quem chamamos Rumi conta, no Masnavi, a história de um homem de uma fealdade abominável que atravessa o deserto a pé.

Na areia, vê qualquer coisa que brilha. É um pedaço de espelho. O homem baixa-se, pega no espelho e olha. Nunca viu um espelho.

- Que horror! - exclama. - Não admira que tenham deitado isto fora!

Atirou o espelho para a areia e prosseguiu o seu caminho.


Jean-Claude Carrière in «Tertúlia dos Mentirosos»

Imagem: pintura de Abrãao Vicente, série «Rompendo o Silêncio»




    Morre lentamente,
    quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
    quem não encontra graça em si mesmo.

    Morre lentamente,
    quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

    Morre lentamente,
    quem se transforma em escravo do hábito,
    repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca,
    não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

    Morre lentamente,
    quem faz da televisão o seu guru.

    Morre lentamente,
    quem evita uma paixão,
    quem prefere o preto sobre o branco e
    os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
    sorrisos dos bocejos,
    corações aos tropeços e sentimentos.

    Morre lentamente,
    quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, seu amor,
    quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
    quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

    Morre lentamente,
    quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

    Morre lentamente,
    quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
    não pergunta sobre um assunto que desconhece,
    ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

    Evitemos a morte em doses suaves,
    recordando sempre que estar vivo
    exige um esforço um pouco maior que o simples facto de respirar
    .

    Pablo Neruda

    Imagem: fotografia de Maria José Amorim




Qual a distância entre a
Memória e o Esquecimento?



À melhor resposta, ofereço um café





Nome: Scarlett Johansson
Nacionalidade: EUA

E Deus criou a mulher...



Recebi esta mensagem:

As sombras das nuvens sobem os montes por instantes
A luz não está
Mas torna a estar


E foi o Vasco quem ma mandou




- Há dez anos que namoro com a minha própria sombra.
- Pelo menos a sombra não te chateia nem te deixa.
- Deixa, deixa. Todas as noites, quando apago a luz, ela desaparece.


Plagiado daqui

      Dicionário do Diabo Margoso

      Calças
      Vestuário que cobre as partes inferiores do macho adulto civilizado. É uma peça tubular e desprovida de dobradiças nos pontos de flexão. Supõe-se que foi inventada por um humorista.

      Ambrose Bierce




      Uma vida à venda no Ebay



      Ian Usher, um britânico imigrante na Austrália, disse a semana passada que vai leiloar tudo que possui no e-Bay a partir do dia 22 de Junho. «No dia em que tudo estiver vendido e resolvido, tenciono sair da porta de minha casa com uma mala e o meu passaporte no bolso, e mais nada», disse Usher.

      A leilão vai a casa de três quartos na cidade de Perth e todo o seu recheio, o carro, mota, jet ski e equipamento de pára-quedismo. Usher disse que também vai vender uma apresentação aos seus amigos e uma experiência no seu emprego - um plano apoiado por amigos e pela sua patroa.

      Em entrevistas na imprensa e televisão, Usher disse que quer começar de novo depois de ter percebido que a maior parte das coisas da sua actual vida lhe lembram a relação que teve durante cinco anos com a sua mulher e de quem se separou há mais de um ano. «Tudo o que tenho - a mobília e a casa - tem recordações ligadas ao casamento», disse Usher, de 44 anos, ao canal de televisão 7. «É tempo de deitar fora o velho e começar de novo».

      Usher disse que a sua vida vais ser vendida num único lote, e que os licitadores devem preparar-se para pagar mais de 420 mil dólares australianos (250 mil euros), que foi o valor oficialmente calculado por um avaliador.

      Joy Jones, co-proprietário da loja de tapetes em Perth onde Usher trabalha como assistente comercial, disse que gostou da ideia do leilão e que o quer ajudar. Joy Jones oferece ao licitante vencedor uma experiência de duas semanas na empresa, que pode ser alargada para três meses e tornar-se permanente se funcionar. «Quando o Ian apareceu com esta ideia - e dado que o tínhamos visto abatido com a separação e a dor por que passou - pensei que era realmente excitante», disse Jones à Broadcasting Corp. «Pensamos, porque não dar uma ajuda?».

      «Os meus actuais pensamentos são ir para o aeroporto e perguntar qual é o próximo voo disponível e partir, e ver onde me leva a vida a partir daí», escreveu no seu site.

      Diário Digital / Lusa

      Imagem: desenho de Escher, «Relatividade»


      Un tem um Animal di meu...


      Gatos

      ...kual é di bô?


      «Os homens lutam pela liberdade e conquistam-na com grande dificuldade; os seus filhos, criados tranquilamente, deixam-na escapar novamente; e os netos voltam a ser escravos

      Eça de Queiroz


      Magnífica campanha publicitária. Dá que pensar, não é?









      Mais palavras para quê? É só olhar a imagem e os números, que não param, não param, não param, não param...








      Imagem: fotografia de Jean-Marc Bouju da AP, que ganhou o World Press em 2003




      O que aconteceria a Jesus Cristo
      se ele vivesse nos nossos dias e
      fosse cabo-verdiano?

      À melhor resposta, ofereço um café


      Porque alguém morreu na cruz há mais de dois mil anos




      Imagem: pintura de Salvador Dali, «Jesus Hypercube»



      Don Wright, «The Palm Beach Post»


      Un tem um verbo di meu...


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      ...kual é di bô?


      «Rosa do Mundo — 2001 Poemas para o Futuro» é o título daquele que será, muito possivelmente, o mais interessante projecto editorial e poético realizado até hoje em língua portuguesa. Deriva de um vasto trabalho colectivo de mais de uma centena de intervenientes que, ultrapassando um ano de trabalho, conseguiram reunir muita da mais bela poesia do mundo.

      «Rosa do Mundo — 2001 Poemas para o Futuro» mostra-nos que em todos os tempos e por toda a parte sempre palpitou a energia poderosa da mais pura emoção humana que hoje podemos experimentar nestas duas mil e uma pétalas que formam esta Rosa do Mundo.

      A edição é da sempre cuidadosa Assírio & Alvim e contou com a direcção editorial de Manuel Hermínio Monteiro, que escreve no editorial: «Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração.»


      A obra foi editada em 2001, no âmbito do Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, tem 2001 poemas e 1936 páginas da mais bela poesia. Uma biblia, portanto. Ou se quiserem, o Mundo num livro. Um livro para abrir de vez em quando e partir à descoberta das palavras dos outros. Um livro que se levaria para uma ilha. Faz sentido aqui.

      E porque hoje é dia 21 de Março, Dia Mundial da Poesia.





        A Rosa do Mundo

        Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?
        Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho,
        Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar,
        Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre,
        E morreram os filhos de Usna.

        Nós passamos e passa o trabalho do mundo:
        Entre humanas almas, que se agitam e quebram
        Como as pálidas águas em seu fluxo invernal,
        Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu,
        Vive este solitário rosto.

        Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada:
        Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração,
        Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono;
        Ele fez do mundo um caminho de erva
        Para os seus errantes pés.

        W. B. Yeats
      Porque (algumas) imagens valem por mil palavras




      Imagem: pintura de René Magritte, «Golconde»


      A morabeza crioula é hoje sobretudo
      um produto turístico ou ainda há razões
      para termos esperança?


      Pergunta Cafeana dedicada ao Olavo

      À melhor resposta, ofereço um café

      Foi publicado um texto desaforado no espaço do Olavo a propósito da actual situação nas nossas cidades. No fundo, diz-nos que vivemos uma mentira e um dia iremos acordar. Um texto corajoso que não poderia deixar de plagiar e registar aqui no Margoso.


      Então cá vai:

      «Confesso que vivo indignado e é esse sentimento que mantêm o pouco de dignidade e de cidadania que me resta. Os políticos fazem o seu jogo, elaboram seus (dis)cursos, seus trocadilhos e cumprem a sua função perante uma nação passiva, diria até anémica, que tudo aceita e se conforma e usa como espaço de manifestação os “botecos” entre uma cerveja e outra e depois votam acreditando que estão “cumprindo um dever cívico”, mal sabendo que esse gesto muitas vezes é vazio e não difere do que eu faço diariamente no baldinho de pedal cor de rosa ao lado do meu vazo sanitário.»

      «O certo é que o faz de conta e a indiferença de uns e outros não previne nem resolve os problemas e nem os discursos consoladores, com laivos de hipocrisia, irão debelar os males que vamos edificando com o tempo ou estancar o sangue e as lágrimas que inevitavelmente serão derramados.»

      (...)

      «Naturalmente que há cabo-verdianos educados, simpáticos e amigos. Também há gente boa em todos os cantos do mundo. Há nações mais afáveis e outras mais “carancudas”. Há sociedades mais evoluídas, mais “civilizadas” do que outras. Entendo que tal como os brasileiros quiseram num determinado momento usar o rabo das suas mulheres para atrair os turistas, nós também queiramos vender a nossa “morabeza”

      (...)

      «Com essa verborreia toda quero dizer simplesmente que penso que em Cabo Verde temos um elevado índice de violência, principalmente da violência mascarada, e que nos escudamos atrás de subterfúgios e mitos como a “morabeza”, o “país mais pacifico, mais evoluído, mais democrático, mais desenvolvido, mais europeu, mais tesudo” da África, enquanto vamos criando problemas sociais graves, consolidando padrões de comportamento violentos e nos adaptando a um conjunto de modos de ser e de estar intoleráveis para seres civilizados.

      A cidade da Praia particularmente é um barril de pólvora. Podem por paninhos quentes que factos são factos. Podem se escudar atrás do suposto bairrismo que não resolve. Eu não gosto de pessoas mal-educadas, estúpidas, violentas sejam elas suecas ou fulas. Me sinto violentado diariamente na minha condição de pessoa, de suposto cidadão, de utilizador da via pública, dos serviços públicos, das praias de mar, enfim, de quase tudo.

      Os padrões e modelos que oferecemos as nossas crianças e aos nossos jovens não servem, são putrefactos, não formam ninguém. As ideias de felicidade que transmitimos, baseadas no materialismo, são falaciosas.

      Sartre dizia na sua última entrevista antes da morte que a matéria-prima exclusiva da qual a pessoa se constrói como homem é a ética. Nascemos pessoas mas não nascemos Homens nem Mulheres. Nos fazemos Homens ou Mulheres a partir da ética. Aqui o que nos falta é isso: Homens e Mulheres que uma vez assim constituídos e a partir das suas actividades (Artistas, Desportistas, Escritores, Intelectuais, Pescadores, Poetas, Pedreiro, Políticos, Médicos, Economistas, Professores, etc.) sirvam de modelos de identificação para auxiliar a consolidação da personalidade dos nossos jovens. O “Homem-Público” forjado na batota do favoritismo, da trapaça, desfilando seus elefantes brancos não serve como modelo.

      (...)

      Porém, o filhodaputismo diário, inclusive praticado por pessoas que pela sua formação, status social, cargos se nutre expectativas mais optimistas me indigna profundamente e no dia que ficar indiferente estarei próximo da vegetação e será então hora de mudanças (de rua, de cidade, de país, de nacionalidade…)»

      É caso para se dizer, porra!

      Por muito tempo achei que a ausência é falta.
      E lastimava, ignorante, a falta.
      Hoje não a lastimo.
      Não há falta na ausência.

      A ausência é um estar em mim.
      E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
      que rio e danço e invento exclamações alegres,
      porque a ausência, essa ausência assimilada,
      ninguém a rouba mais de mim.

      Carlos Drummond de Andrade

      Imagem: Arco do Vasco (S. Vicente), gentilmente cedida por Victor Tavares Morais


      Obrigado equipa do Nha Terra Nha Cretcheu

      pelos 100 programas já produzidos e dedicados ao lado bom de Cabo Verde.

      Histórias, exemplos e personagens das ilhas crioulas desvendadas, durante 100 episódios, num programa que escolheu um jornalismo diferente, porque optou Cabo Verde sob um prisma positivo. No seio de um país aparentemente pobre, o “Nha Terra, nha Cretcheu” encontrou os casos de sucesso, as razões de alegria para os cabo-verdianos que estão dentro e fora deste arquipélago.

      Há cerca de dois anos, quando em Portugal se vivia um clima de crispação na comunidade cabo-verdiana, o então director da RTP África desafiou Maurício Carvalho, director da Agência Caboverdeana de Imagens (ACI), produtora do “Nha Terra, nha Cretcheu”, a fazer um programa de televisão que passasse uma imagem positiva de Cabo Verde. Que trouxesse para primeiro plano o esforço das suas gentes e aumentasse o orgulho da sua diáspora, o orgulho de ser crioulo. E o projecto surgiu, foi aprovado e pariu. O primeiro episódio do Nha Terra foi para o ar em Abril de 2006.

      Aplausos, pois! E um bem haja a toda a equipa.

      Imagem daqui


      Morreu ontem, dia 18 de Março, Sir Arthur C. Clarke, o autor de «2001, Odisseia no Espaço» e «Rendezvous com Rama» que surgirá no cinema em 2009. É um dos grandes autores de livros de ficção cientifica do séc. XX.

      "2001: Odisseia no Espaço" foi adaptado e realizado pelo génio de Stanley Kubrick e é um daqueles filmes obrigatórios para quem gosta de cinema, ou simplesmente, de boa ficção científica. O livro de Sir Arthur Clarke, 2001, é o primeiro de uma série de quatro odisseias (2001, 2010, 2061 e 3001). 2010 também mereceu uma adaptação ao cinema por Peter Hyams, feita com alguma qualidade, mas longe do brilhantismo de 2001 do Mestre Kubrick.

      Não deixa de ser curioso fazer uma comparação entre as previsões de Clarke em 1968 e a realidade em 2001. Apesar dos voos tripulados no espaço estarem muito mais atrasados do que a ficção de Clarke, o imenso computador de bordo composto de cristais rectangulares, o HAL 9000, foi já largamente ultrapassado pela tecnologia actual. Hoje um Pentium bateria o HAL 9000 aos pontos.


      Do filme, pessoalmente, destaco a sequência com os homens pré-históricos, absolutamente antológica e que me inspirou para uma peça de teatro que encenei há quase 15 anos.

      Stanley Kubrick, esse, ficará na montra com um dos maiores génios do cinema, desde sempre.

      Certa noite uma mulher não voltou para casa.

      No dia seguinte, ela disse ao marido que tinha dormido na casa de uma amiga.
      O homem telefonou para as 10 melhores amigas da mulher.
      Nenhuma sabia de nada...

      Certa noite um homem não voltou para casa.

      No dia seguinte, ele disse à esposa que tinha dormido na casa de um amigo.
      A mulher telefonou para os 10 melhores amigos do marido.
      Oito deles confirmaram que ele tinha passado a noite na casa deles,
      e dois disseram, que ele ainda estava lá...


      Imagem: pintura «Os Amantes», René Magritte
      O compadre Kaká Barboza, no seu espaço, faz uma referência elogiosa aqui ao Margoso e deu-me a ideia e inspiração para uma pequena brincadeira, intra-blogueira mad in Cabo Verde.

      O desafio é nomear dois «Blog Dakel Bom». Os blogues referenciados deverão colocar a imagem num post apropriado, anunciar a distinção e escolher, por sua vez, mais dois «Blog Dakel Bom», mantendo assim a corrente.


      Vamos a isso?

      Os meus dois «Blog Dakel Bom» são:

      1. Ala Marginal
      2. Jornal da Hiena



      Existe uma segunda oportunidade
      para criar uma boa primeira impressão?


      À melhor resposta, ofereço um café

      Imagem: João Branco, «A Última Ceia». Fotografia de Anselmo Fortes

      Bana


      O Sr. Morna
      (e nem é preciso dizer mais nada...)

      Todos sabemos que muitas personagens históricas são enigmáticas, misteriosas, atraentes, quase mitológicas. Imaginemos, pois, que nos colocam na situação de poder ficar cinco minutos com algumas destas figuras emblemáticas da história da Humanidade. Com quem vamos querer conversar?

      Digam lá, 5 minutos com qual figura histórica?

      As opções são as seguintes (muitas outras haveria):

      1. Aristóteles (filosofia)
      2. Jesus Cristo (religião)
      3. Shakespeare (teatro)
      4. Mozart (música)
      5. Galileu (ciência)
      6. Marlyn Monroe (cinema)
      7. Picasso (pintura)
      8. Amilcar Cabral (política)
      9. Princesa Diana (monarquia)

      Vamos lá a votar! São apenas cinco minutos, com uma destas personalidades. Como a sondagem vai ficar durante duas semanas, se votarem todos os dias, podem acumular minutos e obter conversas bem interessantes!

      Urna de voto, na coluna da esquerda. Não é necessário estar-se recenseado.