"Fantástico! Parabéns a ti e a todos
que fizeram esta obra maravilhosa."

Vanda Centeio


Este SMS recebi-o mesmo, na noite de estreia da peça No Inferno (na fotografia, da autoria do Doca). Soube bem ler.




Os amantes do bom cinema são uma espécie de seita que fala uma língua estranha, feita de nomes de realizadores, dramaturgos ou mesmo directores de fotografia, vê filmes a preto e branco feitos antes mesmo de terem nascido e não se deixam seduzir pelos efeitos especiais. Em Cabo Verde, esta gente esquisita não tem cinemas, nem clubes vídeos com filmes alternativos, muito menos cine-clubes ou cinematecas onde ver ou recordar ciclos temáticos dos grandes mestres. Mas não se deixam abater. Arranjam sempre forma de ver ou rever filmes que o restante 95% da população mundial nem sonha existir. 

Esta é uma dedicatória para Mário Vaz Almeida, autor deste blogue. De um cinéfilo para outro cinéfilo, cá vai:



Na imagem, o filme "Coração Selvagem", de David Lynch. A música, também tem tudo a ver.
Alteração Radical







"Se a corrupção for de esquerda, só a direita reage. E vice-versa. Se for autárquica, só o poder central se insurge. E reciprocamente. Se for pública, só os privados protestam. E ao contrário. Se for de um partido, aos outros de contrariar. E assim por diante. Quer isto dizer que não existe qualquer espécie de tradição ou de “cultura” contra a corrupção, a promiscuidade e a “cunha”. Na verdade, os beneficiários são muitos: municípios, populações locais, associações desportivas, partidos políticos, empresários, proprietários, construtores, promotores imobiliários, funcionários públicos, políticos, banqueiros e comerciantes. Neste nosso pobre país, a corrupção é democrática. Herdámos a corrupção da ditadura, à qual acrescentámos a liberal. Recebemos a corporativa, enriquecendo-a com a socialista e a capitalista. Sem regulação à altura, o mercado gera corrupção, fraude e promiscuidade. Quando aparece o Estado, corrupção, fraude e promiscuidade são geradas. Do atraso económico e cultural, recebemos a cunha e o favoritismo; mas do crescimento fácil chegou-nos o casino. Da ditadura, tínhamos a corrupção escondida; da democracia, temos a corrupção exposta.

Que fazer? Creio que ninguém é capaz de responder. Só uma coisa se sabe: tudo começa na justiça. Mas, saber isso, com a justiça que temos, é o mesmo que nada."

António Barreto - Sociólogo


Comentário Cafeano: leiam o artigo completo aqui. Muito bem escrito e com inúmeras possibilidades de pontes para situações domésticas. Apenas coincidências? Pois. Talvez. Ou não? Ah pois é! Basta lembrarmos do que foi o último debate da Assembleia Nacional sobre "transparência na governação"...


Imagem: "Corruption" de AnkyShpanky




Acabei de descobrir algo espantoso: o Conselho das Nações Unidas para os Direitos Humanos, com sede em Genebra, na Suiça, é constituído por 47 Estados, entre os quais se encontram alguns dos maiores paladinos e defensores mundiais da causa dos direitos humanos. Entre as mais importantes causas estão, nunca é demais lembrar, a luta contra a pena de morte ou a defesa pela liberdade de expressão. Eis alguns dos países com cadeira no referido órgão da ONU: China, Cuba, Nigéria, Arábia Saudita ou Paquistão são alguns dos países que constituem o referido conselho (ver lista completa aqui). 


E depois admiram-se que ninguém os leve a sério...





Hoje o Café Margoso fechou em sinal de respeito para com um grande senhor que nos deixou ontem. Dr. Aníbal Lopes da Silva, uma figura incontornável do Mindelo e de Cabo Verde, faleceu com 93 anos de idade e vai deixar muitas saudades. Além de uma cultura geral e generosidade invulgares, era um gentleman, coisa rara nos dias que correm. Curvo-me e ergo-lhe a minha taça, como diria o poeta.

A Gerência


Notícia completa e biografia, aqui




"De mim, Arménio, digo Conde, entre os filhos que Cabo Verde teve, poeta maldito, eis o discurso: do fogo, o suposto castigo dos que sobre a Lei cuspiram veneno, de tal fogo nada me cumpre dizer; que eu só sei das sete vias por onde andei, sendo esse o número dos meus infernos, dos quais o mais cruel são estes anos todos que transporto às costas. Manda-me um dos teus cavalos, oh Morte!, e se a resposta for sim, manda-o depressa a quem se lembra apenas de ter colhido rosas, pois que de tantas pétalas só resta o desejo, se bem que dorido, de poder ainda sonhá-las. Por favor, irmãos, antes de eu morrer, ponham vinho na minha taça."

Arménio Vieira, recebida a 27 de Março de 2009

 




Fotografia de Omar Camilo








Toda a gente andou a falar mal da primeira capa da Playboy portuguesa, cujo número chegou às bancas hoje, mas devo dizer que não estou nada de acordo. A capa é bonita. Gostei da mistura do preto e branco com as letras douradas. Aliás, a primeira mulher da capa é a morenaça Mónica Sofia que por acaso tem sangue crioulo (e não apenas costelas) já que é filha de mãe cabo-verdiana e pai português. 

É importante referir que a Playboy é muito mais do que uma revista com mulheres descascadas. Tradicionalmente, é uma publicação com excelentes artigos e grandes entrevistas. Algumas das maiores figuras da história do século XX deram magníficas entrevistas à Playboy. Beleza e inteligência juntas, nunca fizeram mal a ninguém. Longa vida, pois. 





Shakesperience

Saúdo toda a gente do Teatro. Essa gente esquecida nos momentos bons e recordada nos maus. Essa mesma gente esquecida quando estão em maus momentos e solicitada quando em seus melhores momentos. Essa mesma gente de circunstâncias para a curta visão e de perseverança para os de visão profunda. Essa gente que trabalha com as dificuldades sempre a favor e que choram para fazer rir e riem para não chorarem.

Os dias de qualquer coisa devem servir para qualquer coisa. Porque nem todas as coisas têm um dia, embora hoje haja um dia para quase todas as coisas, o que quer dizer que todas as coisas são importantes. Deste modo, se o Teatro não fosse importante seria uma coisa qualquer. E se é importante, isso já é qualquer coisa, nesses tempos e nesta terra em que tudo tende a perder importância se não for político ou industrial. Que ainda haja teatro em Cabo Verde é um sinal de que são uns sãos loucos que fazem este país. Mas para que haja sempre Teatro em Cabo Verde é preciso desconfiar dos doutos de ocasião, esse que fazem teatro onde não devem. As ajudas festivalescas e as palmadas em cima do chumaço não constituem políticas nem visão estética. Nem uns devem pensar que isso é suficiente, nem outros têm com que agradecer. Deve ser um imperativo de Estado o investimento no Teatro, que deve constituir a sétima arte nacional, até que o próprio teatro, prenhe como está, gere nas suas entranhas um cinema latente. Mas tendo em conta as experiências do Mundo e os recursos de que dispomos, o cinema será sempre uma visita, e o teatro, um severo inquilino.

Saúdo novamente em nome dos ausentes a todos os presentes no teatro, dos figurinistas aos actores, dos directores aos iluminadores, dos cenógrafos aos músicos, dos dramaturgos aos contra-regras, dos anotadores às bilheteiras, do público inocente ao critico aprumado, da criançada inteligente aos mecenas reticentes.

E rogo pragas para que Março seja um mês gago, e fique truncado no dia 27 para a fortuna dos anos vindouros.

Mário Lúcio, 27 de Março de 2009






Eis uma declaração radical. Hoje, que é dia da mulher cabo-verdiana, muitas deviam arranjar forma de ver o filme do japonês Nagisa Oshima “O Império dos Sentidos”. Este filme, que marcou uma época, conta a história de Sada, uma prostituta que por causa de dificuldades financeiras divide o tempo entre os clientes e o seu novo emprego: o de empregada doméstica. Mas durante a sua nova função, ela sente-se atraída pelo seu patrão. Uma paixão arrasadora faz com que os dois se estabeleçam num lugar isolado, onde se casam e se entregam aos prazeres do sexo de uma forma obsessiva, levando-os ao limite carnal.

Até aqui nada de novo. Podia até ser o enredo de um filme hardcore de quinta categoria. Mas não. Em primeiro lugar, porque o filme é mesmo muito bom. Depois porque quando se escreve "limite carnal" é disso mesmo que se trata. Sada, a mulher, na cena mais chocante do filme, corta o dito cujo do coiso ao outro, por enquanto que o outro dorme, não sei se me faço entender. Com uma grande faca e a competência de quem trabalha no talho e está habituada a estas manobras. E corta mesmo. Assim, do tipo separar o coiso do resto do corpo...

Ora bem, esta até pode ser uma boa solução para as mulheres crioulas que são maltratadas, violentadas, geralmente dentro da sua própria casa e pelos "ditos" companheiros. Cortem o mal pela raiz (nunca esta expressão encaixou tão bem!): façam um bom chá de camomila, ponham o dito cujo a dormir como um bébé e depois façam o serviço. E embora possa ter semelhanças não é boa ideia utilizar os resultados da vingança para temperar uma boa cachupa, porque os outros não tem culpa nenhuma do sucedido. Bem, se os outros forem, por exemplo, os simpáticos vizinhos que perante o barulho de pancadaria e os gritos de socorro, se mativeram comodamente calados e coniventes, talvez não fosse má ideia convidá-los para provar um petisco destes. Ess catchupa tem toucinho...

A verdade é que um homem, depois de ver um filme destes, das duas uma: ou nunca mais maltrata uma mulher na vida, ou nunca dorme tranquilo ao lado de uma fera (aparentemente) amansada. Pensem nisso.






Manuel Estevão
(Actor)


Foi dos poucos actores da sua geração que soube adaptar-se aos novos tempos e continuar a pisar os palcos de Cabo Verde com regularidade, espalhando talento e capacidade interpretativa. São muitos anos em acção, muitos quilómetros de palco que este homem carrega nos ombros. Amanhã, lá estará, de novo, para mais uma estreia, onde é o grande protagonista. Hoje, porque é Dia Mundial do Teatro, a homenagem é para ele. Além disso, é um grande e fiel amigo. Obrigado, Nice!




A Eurídice Monteiro vai estar aqui no Mindelo para lançar e apresentar o seu livro "Mulheres, Democracia e Desafios pós-coloniais - uma análise da participação cívica das mulheres em Cabo Verde". O tema é muito interessante, pertinente e vai proporcionar, certamente, momentos bem passados. Vamos recebê-la como ela merece e aparecer em força!


Quando: dia 28 de Março / 17 horas
Onde: Departamento de Ciências Sociais e Humanas da UniCV (ex-ISE)







Depois da Bolsa Família que apoia financeiramente 12 milhões de brasileiros que se encontravam na mais profunda miséria, o Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, anunciou que o Governo de Lula vai aplicar a 12 milhões de trabalhadores pobres um novo programa chamado Bolsa Cultura, onde cada uma destas pessoas receberá 50 reais (quase dois mil escudos) por mês para gastar exclusivamente em actos culturais, nomeadamente ir ao cinema, ao teatro ou comprar um livro.

"Existe um apartheid cultural no Brasil onde muitos poucos tem acesso à cultura", afirmou o Ministro, justificando esta proposta. A verdade é que apenas 14% dos brasileiros vão ao cinema, e 8% ao teatro, a concertos ou conseguem comprar livros." Com esta medida, o Governo está a "oferecer" também ao sistema produtivo cultural uma grande quantidade de dinheiro que irá certamente "incentivar a economia e criar novos empregos".

Leia a notícia, aqui




Recebi ontem uma mensagem de um companheiro a dizer que estava muito aborrecido pelo desaparecimento ou a menor frequência das Mulheres Cafeanas, uma secção do blogue que lhe alegrava as manhãs como um aroma fresco de um perfume de mulher (lindo, eu sei!).

Pois bem, não só lhe ofereço esta bela imagem da sensual Adriana Lima, como a faço acompanhar de uma das mais tocantes baladas jamais compostas em homenagem às mulheres. Flávio Hamilton, esta é para ti.






Há um artista plástico cabo-verdiano que é ao mesmo tempo o melhor contador de histórias que conheço. Cada tela tem uma longa e original história por trás, pela frente, pelos lados e noutras perspectivas que ninguém mais vê. Cada tela é trabalhada, pensada, experimentada, ultrajada, construída, pincel a pincel, cor a cor, como diria o poeta.




«Cmê Deus e as Mulheres» de Manuel Figueira




Uma tartaruga em cima dum poste

Enquanto suturava um ferimento na mão de um paciente idoso, o médico estabeleceu conversa com ele sobre o País - um qualquer país - e, como era inevitável, sobre o Primeiro-Ministro., também um qualquer, tanto faz para o caso. A certa altura o paciente disse:

- Bom, o senhor doutor sabe, o primeiro ministro é como uma tartaruga em cima dum poste...

Sem saber o que é que ele queria dizer, o médico perguntou o que queria dizer com isso de uma tartaruga num poste. E o paciente respondeu:

- É quando o senhor vai por uma estrada, e vê um poste com uma tartaruga tentando equilibrar-se no cimo dele. Isso é que é uma tartaruga num poste...

Perante a cara de interrogação do médico, o paciente acrescentou: Então é assim: "O senhor doutor
      - não entende como ela chegou lá;
      - não acredita que ela esteja lá;
      - sabe que ela não subiu lá sozinha;
      - sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
      - sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
      - e não entende por que a colocaram lá!

Perante isto tudo o que temos que fazer é ajudá-la a descer e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima, definitivamente, não é o seu lugar!"

Recebido por mail





«Naquela época eu tinha medo do silêncio e não percebia que não havia mal nenhum em ficar em silêncio a meio de uma conversa, ou mesmo em não haver conversa entre duas pessoas que vão lado a lado. O silêncio é como o mar. Envolve-nos e pode submergir-nos, se não soubermos lidar com ele, mas pode também embalar-nos, se perdermos o medo e nos deixarmos ir. Em ambos, mar e silêncio, nada pior do que esbracejar de pânico.»

Rui Zink in "A Espera"





Depois do grogue (em Santo Antão) e da cachupa (em S. Vicente),
não seria hora do Mindelo ter a sua Confraria da Paródia?


À melhor resposta, ofereço um café




"Cabrão, monstro de merda, espero que apodreças na prisão."

(Foto: via Jumento)





O Yahoo Movies publicou recentemente uma interessante lista intitulada "100 movies to se before you die" (100 filmes para ver antes de morrer). Fui verificar, por curiosidade, quais os filmes que já vi e aqueles que me faltam. Não estou nada mal de cultura cinematográfica, já que pelo que diz a Yahoo posso ir para o outro mundo com quase tudo o que é importante em cinema guardado na memória. Dos 100 que estão nesta lista, não vi ou não me lembro de apenas 17.

Segue a lista e a cor azul marca aqueles que já vi e a vermelho os que ainda não vi (ou não me lembro). Em parêntesis, o nome do realizador e o ano de estreia. Uma longa lista que permitiu recordar muito do cinema que já vi na minha vida.

A lista:

12 Angry Men (Sidney Lumet - 1957); 2001: A Space Odyssey (Stanley Kubrick - 1968); The 400 Blows (François Truffaut - 1959); 8 ½ (Frederico Fellini - 1963); A Hard Day’s Night (Richard Lester - 1964); The African Queen (John Huston - 1952); Alien (Ridley Scott - 1979); All About Eve (Joseph Mankiewicz - 1950); Annie Hall (Woody Allen - 1977); Apocalypse Now (Francis Ford Coppola - 1979); The Battle of Algiers (Gillo Pontecorvo - 1967); The Bicycle Thief (Vittorio de Sica - 1948); Blade Runner (Ridley Scott - 1982); Blazing Saddles (Mel Brooks - 1974); Blow Up (Michelangelo Antononi - 1966); Blue Velvet (David Lynch - 1986); Bonnie and Clyde (Arthur Penn - 1967); Breathless (Jean Luc Godard - 1960); The Bridge on the River Kwai (David Lean - 1957); Bringing Up Baby (Howard Hawks - 1938); Butch Cassidy and the Sundance Kid (George Roy Hill - 1969); Casablanca (Michael Curtiz - 1942); Chinatown (Roman Polanski - 1974); Citizen Kane (Orson Welles - 1941); Crouching Tiger, Hidden Dragon (Ang Lee - 2000); Die Hard (John McTierman - 1988); Do the Right Thing (Spike Lee - 1989); Double Indemnity (Billy Wilder - 1944); Dr. Strangelove (Stanley Kubrick - 1964); Duck Soup (Leo McCarey - 1933); E.T. the Extra-Terrestrial (Steven Spielberg - 1982); Enter the Dragon (Robert Clouse - 1973); The Exorcist (William Friedkin - 1973); Fast Times At Ridgemont High (Amy Heckerling - 1982); The French Connection (William Friedkin - 1971); The Godfather (Francis Ford Coppola - 1972); The Godfather, Part II (Francis Ford Coppola - 1974); Goldfinger (Guy Hamilton - 1964); The Good, the Bad, and the Ugly (Sergio Leone - 1968); Goodfellas (Martin Scorsese - 1990); The Graduate (Mike Nichols - 1967); Grand Illusion (Jean Renoir - 1938); Groundhog Day (Harold Ramis - 1993); In the Mood For Love (Wong Kar-Wai - 2001); It Happened One Night (Frank Capra - 1934); It’s a Wonderful Life (Frank Carpa - 1946); Jaws (Steven Spielberg - 1975); King Kong (Merian C. Cooper - 1933); The Lady Eve (Preston Sturges - 1941); Lawrence of Arabia (David Lean - 1962); The Lord of the Rings (Peter Jackson - 2001,2002,2003); M (Friz Lang - 1931); M*A*S*H (Robert Altman - 1970); The Maltese Falcon (John Huston - 1941); The Matrix (Irmãos Wachowski - 1999); Modern Times (Charles Chaplin - 1936); Monty Python and the Holy Grail (Terri Gilliam - 1975); National Lampoon’s Animal House (John Landis - 1978); Network (Sidney Lumet - 1976); Nosferatu (F.W. Murnau - 1922); On the Waterfront (Elia Kazan - 1954); One Flew Over the Cuckoo’s Nest (Milos Forman - 1975); Paths of Glory (Stanley Kubrick - 1958); Princess Mononoke (Hayao Miyazaki - 1999); Psycho (Alfred Hitchcock - 1960); Pulp Fiction (Quentin Tarantino - 1994); Raging Bull (Martin Scorcese - 1980); Raiders of the Lost Ark (Steven Spielberg - 1981); Raise the Red Lantern (Zhang Yimou - 1992); Rashomon (Akira Kurosawa - 1951); Rear Window (Alfred Hitchcock - 1954); Rebel Without a Cause (Nicholas Ray - 1955); Rocky (John Avildsen - 1976); Roman Holiday (William Wyler - 1953); Saving Private Ryan (Steven Spielberg - 1998); Schindler’s List (Steven Spielberg - 1993); The Searchers (John Ford - 1956); Seven Samurai (Akira Kurosawa - 1954); The Shawshank Redemption (Frank Darabont - 1994); The Silence of the Lambs (Joathan Demme - 1991); Singin’ in the Rain (Stanley Donen - 1952); Snow White and the Seven Dwarfs (David Hand - 1937); Some Like It Hot (Billy Wilder - 1959); The Sound of Music (Robert Wise - 1965); Star Wars (George Lucas - 1977); Sunset Blvd. (Billy Wilder - 1950); Terminator 2: Judgment Day (James Cameron - 1991); The Third Man (Carol Reed - 1949); This is Spinal Tap (Rob Reiner - 1984); Titanic (James Cameron - 1997); To Kill a Mockingbird (Robert Mulligan - 1962); Toy Story (John Lasseter - 1995); The Usual Suspects (Bryan Singer - 1995); Vertigo (Alfred Hitchcock - 1958); When Harry Met Sally… (Rob Reiner - 1989); Wild Strawberries (Ingmar Bergman - 1957); Wings of Desire (Win Wenders - 1988); The Wizard of Oz (Victor Fleming - 1939); Women on the Verge of a Nervous Breakdown (Pedro Almodovar - 1988); The World of Apu (Satyajit Ray - 1959)


Ufa...


Vejam a galeria de imagens de todos estes filmes, aqui









Se tem algo a que sempre achei uma certa piada era às "dedicatórias" na rádio. No meu tempo de professor na (então) Escola Preparatória Jorge Barbosa ainda cheguei a receber algumas de alunos ou turmas.

Inaugura-se, pois, esta nova secção do Café Margoso, para singelas dedicatórias, uma imagem e uma música e pouco mais, a amigos, clientes do Café, conhecidos ou mesmo famosos que nunca me viram nem me conhecem de lado nenhum.

Para abrir, dedico este post ao gajo que escreve neste blogue.



Assim não! Anda um gajo aqui a publicar gráficos com a descida do petróleo nos mercados internacionais, a fazer um autêntico relato de futebol do tipo "e vai, finta pela esquerda, lateraliza, mete a bola para o gasóleo, uma transição defesa-ataque de grande categoria, senhores espectadores, passa pelos 140, 120, 100 escudos o barril, sempre a descer, finta, temporiza, passa a bola para a gasolina sem chumbo, uma finta, duas, três, atenção, invade a grande área, pode ser golo, ai, ai, ai, e é mesmo! Gooooooolo!", e afinal...

Pois é, foi um daqueles momentos inesquecíveis. Depois de não sei quantos artigos e chamadas de atenção sobre o facto espantoso de os combustíveis estarem a um preço absurdo apesar do petróleo estar a ser vendido a um terço do valor de há um ano atrás, eis que finalmente se anuncia em Cabo Verde uma baixa do preço deste produto essencial. E que descida! A gasolina, por exemplo, desce 40% duma só vez. Um tombo que a faz ser vendida a menos de 100 paus o litro. Só posso aplaudir de pé, até porque não tenho carro.

E porque não tenho carro, espero que a seguir desçam também os preços da luz, da água, dos transportes terrestres, das viagens de avião, do pão e por aí fora, porque sempre que os preços dos combustíveis subiam, estes e muitos outros produtos também iam pelo mesmo caminho, porque eram produtos cujo processo produtivo "dependia dos combustíveis". Pelo menos era isso que nos diziam. Só espero que, agora que viajamos em sentido contrário, a lógica seja exactamente a mesma.





"A mulher precisa de um motivo para trair,
o homem precisa de uma mulher."


Arnaldo Jabor



Parece tão óbvio, que até estranho que precise de ser dito e escrito:

"Mário Cordeiro, pediatra, disse na semana passada numa conferência organizada pelo Departamento de Assuntos Sociais e Culturais da Câmara Municipal de Oeiras, que muitas birras e até problemas mais graves poderiam ser evitados se os pais conseguissem largar tudo quando chegam a casa para se dedicarem inteiramente aos seus filhos durante dez minutos.

Ao fim do dia os filhos têm tantas saudades dos pais e têm uma expectativa tão grande em relação ao momento da sua chegada a casa que bastava chegar, largar a pasta e o telemóvel e ficar exclusivamente disponível para eles, para os saciar. Passados dez minutos eles próprios deixam os pais naturalmente e voltam para as suas brincadeiras. Estes dez minutos de atenção exclusiva servem para os tranquilizar, para eles sentirem que os pais também morrem de saudades deles e que são uma prioridade absoluta na sua vida. Claro que os dez minutos podem ser estendidos ou até encurtados conforme as circunstâncias do momento ou de cada dia. A ideia é que haja um tempo suficiente e de grande qualidade para estar com os filhos e dedicar-lhes toda a atenção.

Por incrível que pareça, esta atitude de largar tudo e desligar o telemóvel tem efeitos imediatos e facilmente verificáveis no dia-a-dia. Todos os pais sabem por experiência própria que o cansaço do fim de dia, os nervos e stress acumulados e ainda a falta de atenção ou disponibilidade para estar com os filhos, dão origem a uma espiral negativa de sentimentos, impaciências e birras.

Por outras palavras, uma criança que espera pelos pais o dia inteiro e, quando os vê chegar, não os sente disponíveis para ela, acaba fatalmente por chamar a sua atenção da pior forma. Por tudo isto e pelo que fica dito no início sobre a importância fundamental que os pais-homem têm no desenvolvimento dos seus filhos, é bom não perder de vista os timings e perceber que está nas nossas mãos fazer o tempo correr a nosso favor."

Texto recebido via mail

Comentário Cafeano: coitados daqueles que precisam de se esforçar para conseguir estar dez minutos com os próprios filhos...


Imagem enviada pelo gerente do Jumento:




Ai, que rico café, não acham?




Houve uma época em que havia mais coragem. Talvez porque muitos dos acontecimentos não estavam cobertos pelo que hoje conhecemos como "democracias estáveis" ou "Estados de Direito" e então grupos de pessoas, principalmente jovens e/ou artistas, denotavam uma outra irreverência, sendo que uma das acções mais comuns, principalmente em grandes cidades europeias como Amsterdão, Paris ou Lisboa, era a ocupação de edifícios abandonados para o exercício de actividades culturais, ligadas à criação artística.

Hoje, no Mindelo, há vários espaços desses, prontos para serem ocupados, dado o seu estado de completo abandono, alguns há dezenas de anos. Ou porque são locais envolvidos em imbróglios judiciais, ou porque estão à espera de valorização do terreno, ou simplesmente porque quem é dono e responsável por eles, o Estado, tem outras prioridades.

São espaços que são ocupados, sim. Mas por mendigos e/ou toxicodependentes que por força do vício ou da necessidade, tem muito menos do que perder quando ocupam estes locais. Se tivéssemos uma classe artística organizada e com sangue na guelra, alguns destes lugares poderiam estar hoje ocupados com galerias, locais de ensaios e apresentação de espectáculos. Depois que viesse a polícia e os processos no tribunal, mas pelo menos sabíamos que não nos tínhamos limitado pela sempre cómoda espera de alguém que viesse resolver os nossos problemas. E sim, isto é uma auto-crítica.
 



E se um dia, sem aviso prévio, nos faltar a inspiração?

À melhor resposta, ofereço um café




"Uma tarde, com certeza, te encontro caminhando pela rua.
Ou meia louca, seminua, deitada sobre a minha mesa."


Edgar Borges




Novos blogues nascem todos os dias. Mas quando esses blogues são de dois grandes artistas plásticos cabo-verdianos, o aplauso deve-se fazer sentir. Aqui brindamos por uma longa vida aos espaços de:


Bento Oliveira (aqui)
&
Tchalê Figueira (aqui)





Não costumo achar grande piada a estas correntes, mas tendo em conta que foi a primeira vez que fui convidado e não quero dar uma de mal educado, cá vai.

O desafio surgiu-me através do Nuno Costa do blogue O Melhor e o Pior. O que se pede são 6 frases sobre o autor do blogue, neste caso, eu. Não é muito complicado:

1. O teatro ocupa parte importante da minha vida.
2. Sou um leviano social assumido.
3. As minhas duas filhas são o meu maior tesouro.
4. Sou pacifista, a todos os níveis. Ao contrário de 99,9% da população, não corro na direcção de uma guerra quando ela acontece, só para "espiá kze t'kontsê".
5. Sou portista e tenho muito orgulho nisso.
6. Considero a Internet a mais importante invenção do último século.

Frases escritas, agora tenho que:

(1) publicar o link de quem me desafiou (já está);
(2) publicar as regras (em curso);
(3) indicar mais seis vítimas e publicitar os respectivos endereços (já a seguir);
(4) avisá-los do que lhes acaba de suceder (já a seguir);
(5) não os apressar a responder (quando quiserem).

Ficam então convidados os excelentes blogs: Bianda, Soncent, Passageiro em Trânsito, Teatrakacia, Papel com Tinta e Boca de Tubarão.


Falta uma semana...





A angústia da criação. Não há maior angústia, assim como não há dor como aquela que resulta do nascimento de um novo ser humano, e sobre isso são as mulheres as melhores testemunhas. Não há parto sem dor. E com a angústia e a dor chegam os fantasmas, as vozes, as imagens e sobretudo, o peso do passado, as referências de tudo aquilo que já vimos e lemos, a memória como inimigo do novo, a balança empanturrada com todas as criações anteriores da Humanidade. Que posso eu escrever, pintar, encenar, compor, fotografar, esculpir se (quase) tudo já foi experimentado? Como posso eu preencher a folha em branco, a tela vazia ou o palco despojado de objectos, de movimentos, de vida? Sem procurar respostas, esta peça vive do que se ouve e vê – como qualquer peça de teatro, em suma. Mas quase tudo o que se ouve e muito do que se vê, tem uma forte carga simbólica, no cenário, no registo interpretativo dos actores, na música e, claro, no texto. As asas, os cacifos, o leito, as sombras, os ossos, os livros gigantes que imanam luz, as diferentes formas que assumem os fantasmas que povoam o dia-a-dia do poeta, são tudo símbolos de um estado de espírito impossível de descrever de forma racional e objectiva, porque neste Inferno da criação, o caos é um ponto de partida e será, provavelmente, o ponto de chegada. Somos todos joguetes do destino. Não há como arrumar o caos, ordená-lo sem acabar com a sua própria natureza. Então o melhor é, como diz o poeta no final, “a gente retirar-se para um lugar onde haja flores – sobretudo rosas – beber vinho e morrer.”

Texto do programa

Estreia dia 28 de Março, na cidade do Mindelo




Hoje, dia 21 de Março, é
Dia Mundial da Poesia


Primo Afago

Do tempo que me deu o Tempo e que ora contemplo,
diria até que já se conheciam de outras vidas,
folha e pena amam-se pela primeira vez
e se entregam como Toth e Dione ...

A alma descendente de Pergaminho
deixa-se seduzir e perde-se de amores
pelo decoroso Toth, Mister Pena
que a fecunda ao primeiro ensaio...

Essa pena enfeitiçada desencanta
a recatada e ora inebriante poesia
solvendo-lhe a castidade e, suave

É o romper do hímen e um transbordar
de êxtase e o sémen são versos
que se vão soltando nas entranhas desta folha...


Índia Libriana

(grande amiga, crioula, daquelas que merece ser feliz!)

Queria tanto pode estar lá!




Que todos os Deuses estejam convosco, António Tavares & Vasco Martins, porque merecem tudo de bom. Recebam esta energia positiva da terra que vos viu nascer e que a apresentação desta obra histórica seja um grande sucesso para todos vós (e nós).


A reacção de um artista cabo-verdiano ao comentário de um outro artista cabo-verdiano que cometeu o supremo atrevimento de dar a sua opinião sobre o trabalho do primeiro, acabou por fazer estalar o fino verniz da capacidade de aceitar críticas e opiniões alheias, que toda a gente sabe ser de péssima qualidade, mas que todos assobiam para o lado, até ao dia em que alguém tem o supremo atrevimento de nos criticar a nós, e então nos lembramos como esse supremo atrevido é medíocre, retardado, convencido entre outros mimos que vamos acumulando na nossa enciclopédia pessoal da má língua.

Não está aqui em questão a arte de um ou de outro. Tenho, como é evidente, a minha opinião sobre isso, mas pela amostra, vou mesmo guardá-la para mim. O que está em questão é o terrível sintoma que tudo isto representa. Um sintoma de uma sociedade doente, intolerante e, pecado dos pecados (sim, vou dizer!), provinciana.

Claro que podemos dizer: há formas e formas de criticar. Mas convenhamos que não li nada de tão ofensivo que justificasse uma reacção quase tsunâmica do visado, que num curto artigo publicado no jornal, dispara uma rajada de expressões que não tem nem o peso nem a medida da opinião original que o provocou. 

Cá por mim, tranquilo: quem tiver algo para dizer, que o diga. O tempo e o curso da história são testemunhos fieis e (quase) nunca se enganam. E dos fracos não reza essa mesma história, costuma-se dizer. Quem anda por aqui e quer desenvolver o seu espírito criativo - seja em que expressão artística for - já devia saber que tem que ter arcaboiço para aguentar a crítica do seu público. Mesmo que o seu público seja um outro artista da mesma área. 

Esta é, aliás, uma história muito parecida com uma outra que aconteceu comigo, mas essa foi há 15 anos atrás. É triste verificar que durante todo este tempo, em que o mundo mudou, a Internet revolucionou as nossas vidas, os canais de televisão multiplicaram-se às dezenas, as novas gerações falam uma outra linguagem, o nosso espírito crítico - de dar e receber - continua estagnado nas águas turvas da sempre maltratada humildade artística. É pena.





Perdoai-lhes, Senhor, eles não sabem o que dizem!







"Anda gente demais a chafurdar na lama dos terrenos. Até quando?"



Aqui está outra ferramenta que pode ser quase tão viciante como o Twitter. É o Blip e permite saber o que o mundo anda a ouvir. Funciona exactamente da mesma forma que o Twitter, mas em vez de pequenas mensagens, as pessoas colocam as músicas que andam a ouvir. Ou seja, substitui o “what are you doing?” pelo “what are you listening to?” Há de tudo entre milhões de músicas para partilhar. Haja gigas que aguentem, que daqui a nada tenho é que ir para a Praça Nova, que lá é de borla!


Vejam, o que se anda a ouvir no Café Margoso (ainda muito embrionário): aqui


Via: aqui



Un tem um Banda di meu...



U2

...kual é di bô?







São perdidas 43 milhões de malas por ano em viagens aéreas

Fonte: aqui





Vi no noticiário da tarde da Televisão de Cabo Verde - excelente poder ver notícias di terra na hora do almoço - a inauguração de um conjunto de painéis solares a partir dos quais uma bomba de água é posta a funcionar e assim se fornece água de boa qualidade a toda uma comunidade rural, não só para consumo doméstico, mas também para o regadio e para o gado. Um projecto que foi financiado em parte pela Cooperação Francesa, mas cuja fatia maior foi suportada pelo Governo de Cabo Verde. Boa iniciativa e deve ser saudada que este café não serve só para mandar bocas. Além disso, graças a esta inauguração vi pela primeira vez o Ministro do Ambiente em acção. Agora já sei quem é, mas continuo com saudades de Madalena Neves. 




Fonte: aqui


Poeta

(Pega num livro e lê) Smerdiakov enforcou-se. E daí? (Atirando o livro para longe, furioso) Smerdiakov era um corpo sem alma, uma garganta sem voz, um poço sem água, uma besta, um vegetal, um mineral; ao passo que eu... bem... eu... sou capaz, tenho ideias, sentimentos, imaginação. Ele era um zero à esquerda, enquanto que eu... bem... tenho uma cabeça, um coração, uma garganta. Que desejos, que pensamento, que sonhos tinha Smerdiakov? Nenhuns! Amava alguém? Não. Ao passo que eu... interrogo, ouço música, busco... o quê? Putas, conhaque... Ah o gozo, a alegria! E a seguir? Ah meu Deus! O asilo dos velhos, o hospício dos loucos! 

Ah Demónio, venha a corda! O quê? Espera um pouco, ainda respiro, há perguntas a responder, galáxias a explorar, há que explicar o universo! E a seguir? Apodreço. Acabo. Traz a corda, depressa! E a seguir, a cova, a podridão. Estou exausto, venha a corda! Estás a ouvir, Demónio, traz a corda!

Arménio Vieira in No Inferno





Nome: Monica Bellucci
Nacionalidade: Itália


E Deus criou a mulher...



A propósito do debate sobre a oficialização do crioulo, cito:

"E por tolerância, não entendemos aqui a piedosa inclinação para suportar o outro, sob genéricas alegações de humanidade ou de virtude, mas a capacidade para compreender para além das aparências imediatas, para compreender as motivações reais do comportamento alheio, e sobretudo, do nosso próprio comportamento. Por tolerância, não queremos significar a largueza de coração, mas acima de tudo, a largueza - possível - da compreensão."

João de Sousa Monteiro in "Tire a mãe da boca" (fonte: aqui)