Já fui a tantos festivais da Baía das Gatas que estou naquela fase irritante em que tenho saudades do que já foi. Agora nem a lua cheia nos deixam ter. Pela primeira vez em muitos anos, que eu me lembre, o maior festival de música do país não vai ter a bela lua cheia a iluminar a piscina natural que é a delícia das milhares de pessoas que se deslocam para a baía nesse fim-de-semana. De resto, poucas novidades, que é como quem diz, o mesmo de sempre. O que não tem que ser necessariamente mau.
Sim, já sabemos. O que importa é o convívio, as barracas, os pinchos, as cervejas estupidamente geladas, o balanço foi positivo, vai certamente exceder as melhores expectativas, vamos parabenizar o comportamento da população, praticamente não há acidentes a registar, o civismo impera como sempre, fora uma ou outra rixa normal dado o consumo acima da média de bebidas espirituosas de grau e qualidade variáveis, média essa já de si bem superior ao desejável, lá teremos certamente a presidente da câmara rejuvenescida a dar o seu show habitual para um povo sempre em festa. Viva a liberdade.
No entanto, aqui como quem não quer a coisa, continuo a não entender certos critérios e escolhas, mas pronto, o mal é que se espera sempre mais e há gente que só sabe criticar e deitar abaixo o que os outros, com tanta e valente generosidade, demoram a construir. Mas tenho que confessar que depois do anúncio do célebre concerto de Norah Jones na cidade da Praia, que é excelente artista mas não tanto que possa estar a actuar em dois lugares ao mesmo tempo, como se veio a comprovar, depois desse episódio, dizia, ficou--me água na boca.
Por exemplo: o facto de um dos cabeças de cartaz do festival da Baía das Gatas deste ano e representante brasileiro ser o grupo Calcinha Preta, sem desprimor para quem gosta deste género de música, não me parece ser do melhor que um país musical como aquele nos pode dar, mas pronto, o povo gosta e o povo é que sabe, não é? Eu só lamento que não se consiga trazer um de tantos e tantos nomes de músicos que este fascinante país não se cansa de brotar para o mundo de forma ininterrupta. Já imaginaram um Gilberto Gil, Djavan, Caetano, Ney Matogrosso, Beth Carvalho, Maria Bethânia, Maria Gadu, Ana Carolina, Seu Jorge ou, sonho dos sonhos, um Chico Buarque a cantar na Baía das Gatas? Eu iria lá, senhores, eu iria lá.

eu também iria...
ResponderEliminarSinceramente... com tanta coisa fantástica no mundo artistico brasileiro... sem falar do nosso mundo artistico...
Enfim...poderia dizer
"cada um tem o que merece", mas prefiro calar-me.
Meu amigo João, lembra que é o Festival da Baía das Gatas, não um festival de música. Caso o fosse, estaríamos então a falar de música, por agora apenas de barulho e parafernálias...para entreter quem lá vai. Felizmente estou longe e fico com as imagens e sons de 83... Como disseste, até tiraram a lua....
ResponderEliminarJorge Ben Jor caíria como uma luva na Baía das Gatas!!!
ResponderEliminarEle é incrivel no palco...!!!
CHOCLATE CA FUI FETE PA BOCA DE BURRE!!!!!!!!!! Alécia Karantonys
ResponderEliminarO povo gosta?... Quando o Povo é governado por politicos de merda, educado num sistema escolar paupérrimo, o Povo fica para sempre paupérrimo de corpo e alma.
A BAÍA DAS GAITAS É UMA TRETA!!
Acho melhor cada um levar a sua lua, se não pode ter uma Lua para todos (justa) que seja como o Grogue cada qual bebe o que o bolço e gosto der. Agora quanto a musica, que acho não ser o essencial da Baia, penso que já é hora de mudarmos de ritmo. Afinal estes artistas estão em todos os festivais, mini-festivais, festivalinhos, hiper-festivais, serenatas, em fim, uma rede de animação que já se faz palco em Cabo Verde durante o ano inteiro. Quanto ao balanço de segunda feira: já disseste tudo, é só meter num email e mandar ao nosso comandante da Policia.
ResponderEliminarÉ bem certo que a ditadura da vontade popular é, por vezes, inimiga da qualidade...
ResponderEliminarMas quem disse que o povo gosta? Acho (?) que faço parte do povo, mas nem por isso gosto de certas coisas.
ResponderEliminarMesmo que os outros gostem, eu também devo ter direito a alguma coisa de jeito, nem que seja, de vez em quando. Devo ter direito, sim, a música de qualidade.
Eu também vou a festivais.
E sinceramente, eu que já vivi (estudei) uns anitos no Brasil, dá uma dor no peito saber que num país chamado Brasil que está cheio de músicos de qualidade, resolvem nos trazer a parte mais brega. Parece que gostamos de coisas descartáveis.
Mas ...
O que nós os caboverdianos temos em abundância, são ideias, sugestões e inovações, sempre a querer mostrar ser melhor e mais bom. A nível internacional essas ideias também é o que não falta, por exemplo nas grandes organizações, nomeadamente: G8, G20, OMC, FMI, etc. sempre com ideias e propostas de como o mundo deve ser e qual caminho seguir.
ResponderEliminarMas na prática o que vemos, é um mundo mal dirigido e que caminha para o abismo de vento em popa, e Cabo Verde não foge a regra.
O problema de tudo isto está no "dinheiro". É certo que os festivais antigamente eram melhores porque naquele tempo o dinheiro era menos importante.
Um artista/Musíco que curiosamente vai estar no Baia 2010, em tempos já havia cantado que "o homem tornou-se escravo do dinheiro", mas as pessoas não querem saber.
Para que perder tempo com críticas e ideias, se o nosso caminho já está traçado...
De facto, por aquilo que o festival já foi, pelos grandes que por lá cantaram, ter os "Calcinha Preta" a dominar o cartaz, é demais.
ResponderEliminarSe fosse assim como tu o dizes, até eu iria lá, hehehe
ResponderEliminarrazão, João, cheio de razão!
ResponderEliminarprimeiro, isso de dar o que o povo quer é perigoso demais quanto a perpetuar a mediocridade, o gosto educa-se e só a elevação permite ampliar as escolhas e os horizontes
depois, vi há dias a Betânia em Cascais (Cool Jazz) e fui surpreendido: pensei que seria pura nostalgia de grandes espectáculos da Betânia a que tive a sorte de assistir in nillo tempore, mas a qualidade é sempre compensadora e foi, em calor (e se fazia um fresquinho causador de clareiras na plateia onde não houvesse mantinhas, que muitos iam prevenidos) e em poesia, que aliás jorrou magistralmente declamada durante o concerto
além do esplendor do luar, também a Baía das Gatas e a respectiva audiência merecem mais estrelas, sim
;_)))